Na Solenidade da Dedicação da Sé e abertura da fase diocesana do Sínodo dos Bispos, o Cardeal-Patriarca considerou que o caminho sinodal “é muito mais do que mera reforma de estruturas”. Na Sé, novamente repleta de fiéis, D. Manuel Clemente garantiu a “plena adesão” da diocese ao caminho proposto pelo Papa Francisco.
“Com que alegria espiritual, sincera, grande, profunda, eu vejo esta Sé com tantos sacerdotes e diáconos, com tantas irmãs e irmãos leigos e consagrados, depois de termos passado tanto tempo confinados, depois de celebrarmos duas Semanas Santas com pouca gente”, referiu o Cardeal-Patriarca de Lisboa, na celebração que assinalou a abertura da fase diocesana do Sínodo dos Bispos e que coincidiu com a Solenidade da Dedicação da Sé de Lisboa, no dia 25 de outubro. Este é também “um bom augúrio” para o percurso sinodal que Lisboa inaugurou, considerou ainda.
Na homilia da Missa, D. Manuel Clemente assegurou que o caminho percorrido pela diocese a partir do Sínodo Diocesano, convocado em 2014, até ao Sínodo dos Bispos, previsto para 2023, “é muito mais do que mera reforma de estruturas, em que aliás continuaremos a insistir, para todos sermos mais corresponsáveis em ministérios e serviços”. “Define-se e concretiza-se como caminho com Cristo, necessariamente comunitário e teologicamente orientado”, especificou.
O Cardeal-Patriarca apresentou a realidade social “ao pé da porta”, composta por “imigrantes e residentes de mais de uma centena de povos e variadas religiões e culturas”, como “uma missão de torna-viagem, que nem nos dispensa de olhar para mais longe nem nos exime de trabalhar bem perto”. “Somos Igreja sinodal, porque assim nos redescobrimos e com maior urgência, em comunhão e missão. E aqui mesmo, na cidade e seus arredores, onde se concentra tanta variedade de povos e culturas. Temos de colaborar com a sociedade em geral, tecendo uma interculturalidade que nos aproxime, com mútuo respeito e partilha, e não ficando por uma mera pluriculturalidade que nos tornasse indiferentes ao melhor do que cada um transporta e criasse guetos impermeáveis e desconfiados entre si”, pediu o Cardeal-Patriarca.
Segundo D. Manuel Clemente, estes são motivos para “redescobrirmos o essencial do que o Evangelho nos oferece”. “Já temos na Igreja de Lisboa várias comunidades católicas nacionais, que se encontram e celebram nas suas próprias línguas, além da nossa que já sabem ou vão aprendendo e enriquecendo. Contamos com elas para serem parte muito especial e integrante do nosso caminho sinodal e missionário”, reforçou.
“Lembrança de Deus”
No dia de aniversário da Dedicação da Sé, o Cardeal-Patriarca apelou à “criatividade e empenho” para que os templos “ofereçam à cidade espaços de celebração comunitária e também de silêncio meditativo e orante”. “Dignos espaços, onde a lembrança de Deus proporcione a cada um a lembrança de si mesmo, no que tem de mais profundo e tantas vezes escondido aos próprios olhos, pela vida que muito corre e dispersa”, especificou. A Sé, ‘Igreja-Mãe’ da diocese, “é muito mais do que um monumento entre outros da cidade”. “É, pela sua própria arquitetura, pelas palavras e os ritos litúrgicos, pelo espaço que entra no íntimo de quem realmente a compreende, como que um sacramental de Cristo, que em si nos incorpora, como templo vivo, comunitário e expansivo”, salientou. “Não é por acaso que a fase diocesana do Sínodo dos Bispos se inicia aqui: A primeira igreja da diocese é sinal da ampla casa de nós todos”, observou.
No final da celebração, doze pessoas – representando todos os envolvidos neste processo sinodal – receberam, simbolicamente, o Documento de Trabalho das mãos do Cardeal-Patriarca de Lisboa.
“Em grande sintonia”
Na abertura da fase diocesana do Sínodo dos Bispos 2023, que decorreu antes da Missa, o Cardeal-Patriarca começou por exprimir a “plena adesão” de toda a diocese à caminhada sinodal proposta pelo Papa Francisco e que foi inaugurada, em Roma, no dia 9 de outubro. O Papa quis assim “dinamizar toda a Igreja no aprofundamento doutrinal e prático da sinodalidade, como nota essencial do nosso ser e missão”, considerou D. Manuel Clemente, numa intervenção em que recordou os contributos que nasceram do Sínodo Diocesano de Lisboa 2016 e que colocam a diocese “em grande sintonia com o caminho da Igreja em geral”.
Sínodo e JMJ
A par da caminhada sinodal, proposta pelo Papa Francisco e cuja fase diocesana se prolonga até março de 2022, o Cardeal-Patriarca lembrou o caminho de preparação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023. “O que faremos agora e acompanharemos depois, nas fases seguintes do Sínodo dos Bispos, decorrerá a par com a preparação e efetivação da Jornada Mundial da Juventude, que o Papa Francisco marcou para Lisboa em agosto de 2023. Para isso trabalhamos já, com particular empenho dos mais diretamente envolvidos, no Patriarcado e nas outras dioceses portuguesas, bem como além-fronteiras e em ligação ao dicastério romano”, garantiu. A JMJ “é algo que ultrapassa em grande escala tudo o que alguma vez realizámos em Portugal, mas estamos crentes de que constitui uma magnífica oportunidade de rejuvenescimento anímico para os que estão e os que vierem de todo o mundo”, observou D. Manuel Clemente, considerando a realização desta iniciativa como importante para o “bem da sociedade em geral, que bem precisa de realento depois da grande depressão pandémica”.
Escutar todos
Com a nave central da Sé de Lisboa cheia de fiéis, o Cardeal-Patriarca afirmou também a disponibilidade para ouvir o contributo de todos, independentemente das suas crenças. “Escutaremos todos os que se queiram associar ao nosso caminho sinodal, sem esquecer o âmbito ecuménico e inter-religioso”, assegurou.
O Cardeal-Patriarca apelou ainda à “valorização efetiva” das “instâncias de sinodalidade” existentes, tais como “os conselhos pastorais e económicos em cada paróquia, encontros e iniciativas vicariais, conselhos e instâncias de corresponsabilidade diocesana e colaboração de institutos e movimentos”. “Na fé de Deus unitrino nada se faz sem comunhão e o Evangelho de Cristo é introdução na vida divina, comunhão perfeita”, lembrou.
Criar um “dinamismo de escuta”
Após a intervenção do Cardeal-Patriarca de Lisboa, o coordenador diocesano do Sínodo dos Bispos, cónego Rui Pedro Carvalho, apresentou as diferentes etapas da fase diocesana [ver rodapé] que vai decorrer até março de 2022 e apelou a “um dinamismo de escuta”. “Deve-se criar sempre espaço para a escuta das periferias – pede-nos o Papa –, dos mais afastados ou daqueles cuja voz poucas vezes ou raramente é escutada no interior da Igreja. Esta fase diocesana é uma oportunidade para as paróquias e dioceses se encontrarem, experimentarem e viverem juntos o caminho sinodal, descobrindo ou desenvolvendo instrumentos e caminhos sinodais mais adequados ao seu contexto local, que acabarão por se tornar o novo estilo das Igrejas locais no caminho da sinodalidade”, frisou.
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Fase diocesana do Sínodo dos Bispos
Esta fase é marcada principalmente pelo dinamismo de escuta. Grande parte da riqueza desta fase de escuta virá de discussões entre paróquias, movimentos laicais, escolas e universidades, congregações religiosas, comunidades cristãs de bairro, ação social, movimentos ecuménicos e inter-religiosos e de outros grupos. No entanto, deve-se criar sempre espaço para a escuta das periferias, dos mais afastados ou daqueles cuja voz poucas vezes ou raramente é escutada no interior da Igreja.
Como resultado desta fase, não se espera apenas respostas que possam ajudar a Assembleia do Sínodo dos Bispos, que terá lugar em Roma, em outubro de 2023, mas deseja-se também promover e desenvolver a prática e a experiência de ser sinodal durante o processo e depois dele, progredindo.
in folheto de apresentação
8 Etapas
1 – ELEIÇÃO DOS COORDENADORES LOCAIS
até 25 de outubro de 2021
Em cada paróquia ou realidade eclesial, foi nomeada uma pessoa responsável por dinamizar as várias fases do Sínodo.
2 – FORMAÇÃO
até 12 de novembro de 2021
O encontro de formação para os coordenadores locais é preparado pelo secretariado diocesano e vai decorrer em formato presencial e online, nos dias 4, 5, 10, 11 e 12 de novembro. (ver pág.10)
3 – ENCONTROS LOCAIS
de novembro de 2021 a janeiro de 2022
Os coordenadores locais vão dinamizar os encontros, seguindo as propostas do Documento de Trabalho e do ‘Vademecum’. Em cada encontro será elaborada uma síntese que será enviada para o secretariado diocesano.
4 – RECOLHA DAS RESPOSTAS
durante o mês de janeiro de 2022
As sínteses ou as respostas individuais vão ser recolhidas em http://sinodo.patriarcado-lisboa.pt ou pelo email sinodo@patriarcado-lisboa.pt.
5 – REDAÇÃO DA PRIMEIRA SÍNTESE
até 1 de março de 2022
Grupo de redatores fará síntese das respostas recebidas.
6 – ASSEMBLEIA OU CELEBRAÇÃO PRÉ-SINODAL
12 de março de 2022
Neste momento, os representantes das diferentes realidades diocesanas são convidados a “rezar, ouvir, refletir e discernir em conjunto” o caminho sinodal percorrido e acrescentar os resultados à síntese.
7 – SÍNTESE DIOCESANA
até 31 de março de 2022
Depois de concluída a síntese diocesana, o documento será enviado à Conferência Episcopal Portuguesa para acrescentar aos contributos das outras dioceses.
8 – FASE CONTINENTAL E UNIVERSAL
abril de 2022 e outubro de 2023
Durante a realização das fases ‘continental’ e ‘universal’ do Sínodo, o secretariado diocesano irá procurar acompanhar os coordenadores locais, de forma a contribuírem para a dinamização do Sínodo dos Bispos nas suas comunidades.
Mais informações:
http://sinodo.patriarcado-lisboa.pt
sinodo@patriarcado-lisboa.pt
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Sínodo dos Bispos 2021-2023
Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão
O que é um Sínodo?
A palavra tem origem no grego “synodos” e significa: caminho feito em conjunto. Foi traduzida para o latim como “concilium”, que quer dizer: assembleia.
O Sínodo dos Bispos é uma instituição permanente, instituída pelo Papa Paulo VI em 1965. O Papa instituiu este organismo em consequência da doutrina do II Concílio do Vaticano a respeito da colegialidade episcopal, dando uma mais ampla e efetiva participação do episcopado no governo e condução da Igreja universal.
Em 2018 o Papa Francisco renovou profundamente o Sínodo dos Bispos, incluindo a sinodalidade como dimensão constitutiva da Igreja. A realização do Sínodo acontece em três fases: a fase preparatória, em que se consulta a Igreja no seu todo a respeito de um determinado tema proposto pelo Papa. A fase celebrativa em que Bispos se reúnem em Assembleia em Roma com o Papa. A fase de atuação em que as indicações saídas da Assembleia dos Bispos e confirmadas pelo Papa são recebidas e efetivadas na vida da Igreja.
O porquê de uma Assembleia Sinodal sobre a sinodalidade?
Com esta convocação, o Papa Francisco convida a Igreja inteira a interrogar-se sobre um tema decisivo para a sua vida e a sua missão: «O caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milénio» (Papa Francisco, Discurso, 17/10/2015). Este itinerário, que se insere no sulco da “atualização” da Igreja, proposta pelo II Concílio do Vaticano, constitui um dom e uma tarefa: caminhando lado a lado e refletindo em conjunto sobre o caminho percorrido, com o que for experimentando, a Igreja poderá aprender quais são os processos que a podem ajudar a viver a comunhão, a realizar a participação e a abrir-se à missão. Com efeito, o nosso “caminhar juntos” é o que mais implementa e manifesta a natureza da Igreja como Povo de Deus peregrino e missionário.
(Documento preparatório, n.º 1)
As fases da caminhada sinodal
Em vista da realização da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, somos convidados a um itinerário que começa na fase diocesana, passa por um momento nacional (Conferências Episcopais) e continental, até chegar à celebração da Assembleia sinodal em Roma em 2023 e desembocar na fase de implementação e receção das indicações.
Oração pelo Sínodo
Adsumus Sancte Spiritus
Eis-nos aqui, diante de Vós, Espírito Santo!
Eis-nos aqui, reunidos em vosso nome!
Só a Vós temos por Guia:
vinde a nós, ficai connosco,
e dignai-vos habitar em nossos corações.
Ensinai-nos o rumo a seguir
e como caminhar juntos até à meta.
Nós somos débeis e pecadores:
não permitais que sejamos causadores da desordem;
que a ignorância não nos desvie do caminho,
nem as simpatias humanas ou o preconceito nos tornem parciais.
Que sejamos um em Vós,
caminhando juntos para a vida eterna,
sem jamais nos afastarmos da verdade e da justiça.
Nós vo-lo pedimos
a Vós, que agis sempre em toda a parte,
em comunhão com o Pai e o Filho,
pelos séculos dos séculos.
Amen.
Ações de formação entre 4 e 12 de novembro
Após a celebração de abertura da fase diocesana do Sínodo dos Bispos 2023, que decorreu no passado dia 25 de outubro, a segunda etapa é dedicada à formação, estando já agendados vários encontros que vão decorrer em formato presencial e online, entre as 21h15 e as 22h30, e que se destinam aos coordenadores locais e a todos os interessados.
Encontros de formação
4 de novembro – Paróquia do Estoril (Igreja de Santo António) – Termo Ocidental
5 de novembro – Paróquia do Forte da Casa (igreja paroquial) – Termo Oriental
10 de novembro – Paróquia de São João de Deus (igreja paroquial) – Lisboa
11 de novembro – Paróquia de Óbidos (igreja paroquial) – Oeste Norte
12 de novembro – Paróquia de Torres Vedras (Centro Pastoral) – Oeste Sul
As inscrições podem ser feitas através do link: https://bit.ly/SinodoEncontros
Pode obter mais informações sobre a fase diocesana do Sínodo dos Bispos em http://sinodo.patriarcado-lisboa.pt ou para o email sinodo@patriarcado-lisboa.pt
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