Lisboa |
Grupo de jovens ‘Sempre Mais Alto’, da paróquia de Algueirão-Mem Martins-Mercês, festeja 50 anos
Santidade “é hoje, onde estivermos”
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Na Missa que assinalou os 50 anos do grupo de jovens ‘Sempre Mais Alto’, da comunidade de Algueirão, na Vigararia de Sintra, o Cardeal-Patriarca desafiou a não tardar na adesão à santidade. Em declarações ao Jornal VOZ DA VERDADE, três gerações partilham o “segredo” da longevidade deste grupo, por onde já passaram cerca de 3500 jovens.

 

O Cardeal-Patriarca de Lisboa associou-se às comemorações do 50.º aniversário do grupo de jovens ‘Sempre Mais Alto’, da paróquia de Algueirão-Mem Martins-Mercês e desafiou os jovens, e todos aqueles que são “jovens há mais tempo”, à santidade. “Tenho a certeza que se ouvíssemos todos aqueles que passaram pelo grupo, contariam histórias sobre como a pertença ao grupo lhes alargou os horizontes e agora estão na vida, quer ainda sejam novos ou novos há mais tempo, com este horizonte alargado e com este brilho nos olhos que é a santidade de Deus. É para isso que a Igreja serve!”, garantiu D. Manuel Clemente, na Igreja de São José, em Algueirão.

A 1 de novembro, no dia em que a Igreja celebra a Solenidade de Todos os Santos e que é também a data de fundação (1971) deste grupo de jovens, o Cardeal-Patriarca afirmou que a santidade não pode demorar. “Porque havemos de demorar se a santidade pode ser hoje e se há tanta gente à nossa espera?”, questionou. “Há muita santidade que não acontece neste mundo porque nós demoramos. É hoje, onde estivermos, seja onde for. Do lado de Deus, ao serviço de todos, do lado de Cristo, para o bem de cada um: é esse o nosso lugar!”, garantiu D. Manuel Clemente, indicando depois como se efetiva esse desafio: “Cristo já o disse nas Bem Aventuranças: comecemos por ter um espírito de pobre diante de Deus, não como quem quer possuir as coisas ou possuir a sua própria vida, mas como se despossui de si para que Deus seja tudo em todos e a sua vida seja um dom para cada um. E sejamos humildes diante de tudo, capazes de aprender”.

Neste sentido, “celebrar a Solenidade de Todos os Santos, nesta paróquia, comemorando o bem que aconteceu com este grupo de jovens, desde há 50 anos... e saber isto, só pode ser um enorme compromisso”. “Deus não desiste, nós também não”, garantiu.

 

 

Jovens protagonistas

Ao longo de 50 anos, foram cerca de 3500 os jovens, entre os 13 e os 23 anos, que passaram pelo ‘Sempre Mais Alto’. A explicação para a longevidade desta proposta pastoral é concordante na opinião das várias gerações: o protagonismo dos jovens no serviço à paróquia. Segundo Rui Moniz, hoje com 35 anos, e na organização destas iniciativas que assinalaram este aniversário, o “sonho” do então pároco padre Suzano era o de criar nos jovens “lideranças servidoras, ao jeito de Jesus”. “Era um homem à frente do seu tempo que conseguiu ver mais à frente e pensar nisso”, considera, ao Jornal VOZ DA VERDADE. Passado este tempo, este trabalho continua a dar frutos e são prova disso as “vocações sacerdotais” e também os “casais que nasceram quando se conheceram no grupo de jovens”, aponta Rui Moniz que, juntamente com outros elementos, começou a preparar, há dois anos, as iniciativas para assinalar a efeméride do grupo ao qual pertenceu e que “foi determinante” para a sua vida pessoal e profissional. “Sempre tive a ideia de poder ser professor de Educação Moral e Religiosa Católica, embora houvesse uma fase em que fui enfermeiro. Acabei por voltar àquele que tinha sido o desafio inicial e que nasceu na minha caminhada em grupo de jovens”, afirma. Para Rui Moniz, o grupo também o ajudou a ultrapassar, na adolescência e juventude, alguns dos obstáculos causados pela “timidez”. “A passagem pelo grupo obrigou-me a ultrapassar essas barreiras, sendo responsável do grupo, orientando pessoas, organizando coisas e tenho a completa certeza de que se não fosse o grupo de jovens seria uma pessoa diferente. Foi também aqui que aprendi a ver Deus como Alguém que me ama, que se preocupa comigo”, aponta.

 

Segredo da longevidade

O programa que assinalou os 50 anos do ‘Sempre Mais Alto’, e que decorreu entre 30 de outubro e 1 de novembro, contou com uma exposição que apresentou as diferentes atividades realizadas pelo grupo ao longo das diferentes décadas, com uma gala e um almoço, seguido de reunião de grupo, que juntou membros atuais e antigos. “Alguns, até vieram dos Açores e de outros pontos do mundo”, conta Rui Moniz. As memórias são, por isso, muitas e fazem parte de uma proposta que começa por desafiar os jovens que estão no 6.º ano de catequese a integrarem também este grupo de jovens. “A intenção do padre Suzano, bem como dos párocos que o sucederam, foi a de confiar nos jovens, envolvendo-os e explicando-lhes que são fundamentais na paróquia e que a paróquia precisa deles. Este é o segredo para esta longevidade”, considera Rui Moniz. “Os jovens tinham uma série de tarefas na Eucaristia da comunidade e esse era o foco principal da atividade do grupo: servir a Deus, servindo a comunidade. Esse envolvimento, chamando os jovens para a Igreja e dando-lhes tarefas concretas, foi fundamental”, reforça, salientando que, nas reuniões de grupo, os temas propostos correspondiam às preocupações dos jovens. Este responsável revela ainda que serão publicados, em livro, alguns testemunhos de antigos membros do grupo.

 

Uma família

Ao longo de cinco décadas, os contextos culturais, sociais, políticos e até religiosos foram mudando e, com as alterações, o grupo foi-se adaptando nos temas abordados, mas guardando sempre como prática a “formação” e o “serviço”. Em 1972, um ano após a fundação do grupo, Tuxa – como é conhecida –, atualmente com 62 anos, entrou para o grupo de jovens. Tinha então cerca de 13 anos. Desse tempo, destaca a dinâmica formativa implementada pelo padre Suzano. Era “uma formação pouco tradicional, não no conteúdo, mas na forma”. “Era um rasgo para a altura”, classifica, ao Jornal VOZ DA VERDADE. Para esta leiga, que, desde os 17 anos, pertence ao grupo coral da paróquia, o ambiente familiar e de cuidado de uns pelos outros fê-la viver aquela experiência como se de uma família se tratasse. “Todos os elementos viviam como uma pequena família dentro do grande grupo. Isso fazia com que, se algum dos membros andasse mais distraído ou perturbado, os outros pudessem também ajudá-lo”, lembra.

Outro dos aspetos realçados por Tuxa é a dimensão do serviço de que o grupo foi protagonista na comunidade paroquial de Algueirão. “Nós fazíamos o peditório, mas também a limpeza e outras coisas... e isso unia-nos. E era importante que o trabalho aparecesse feito e bem feito. O padre Suzano era um homem de grande exigência. Punha metas e nós tínhamos gosto em cumpri-las. O nosso lema era ‘sempre mais alto’, sempre mais alto para Deus, mas também sempre mais alto para uma cultura de exigência própria”, explica Tuxa, que chegou à paróquia com 5 anos e que, mais tarde, depois de se formar como professora, viria também a ser responsável do grupo de jovens ‘Sempre Mais Alto’.

Para o futuro, fica o desejo de que o grupo possa incorporar as dinâmicas próprias de cada tempo e que “continue a formar muitos jovens para serem exemplo no mundo”.

 

“Dinâmica diferente”

Mara tem 17 anos e faz parte deste grupo de jovens, que atualmente é composto por 60 elementos. Aos 15 anos, vinda de outra paróquia, entrou para o grupo e, aí, continuou o percurso de catequese. “No início, não estava motivada porque não conhecia ninguém, mas, rapidamente, os animadores davam-nos coisas para fazer e isso ia-nos cativando. Por isso, gostei e fiquei”, partilha, ao Jornal VOZ DA VERDADE, esta jovem, realçando a “convivência” entre todos como um dos fatores que mais a motivam no grupo. Outra das razões que a levou a optar por pertencer ao grupo foi a “dinâmica totalmente diferente” daquela a que estava habituada. “Os nossos responsáveis estão todos entre os 24, 25, 26 anos… Isso ajuda-nos, estão mais próximos de nós, compreendem-nos melhor e têm a mesma energia que nós”, assume.

Mara está a concluir o ensino secundário e prevê ainda alguns anos de caminhada no ‘Sempre Mais Alto’. Em tom convicto, partilha o desejo de estar nas comemorações dos 100 anos do grupo, em 2071. “Espero estar lá!”, deseja. “Temos força de querer continuar, e isso é o mais importante. E temos várias pessoas que nos ajudam a ter essa força. Se quisermos, é ‘Sempre Mais Alto’”, refere.

 

‘Sempre Mais Alto’

Facebook: sma.algueirao

Instagram: @sempre.mais.alto

 

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“Este grupo é um símbolo” para a paróquia e para a sociedade

O atual pároco de Algueirão-Mem Martins-Mercês, padre Manuel Oliveira, destaca a importância do grupo de jovens ‘Sempre Mais Alto’ para a paróquia, mas também para toda a sociedade, onde os membros que por lá passaram estão presentes. “Os jovens que fazem esta experiência ficam marcados e continuam, depois, a aplicar o compromisso cristão também na sociedade. Temos pessoas muito envolvidas na sociedade e que vivem muito a partir do que receberam neste grupo de jovens”, sublinha, ao Jornal VOZ DA VERDADE.

Para este sacerdote da Congregação dos Pobres Servos da Divina Providência, a comemoração dos 50 anos do grupo de jovens é o “reavivar do espírito inicial” para que o grupo foi criado. O padre Manuel Oliveira destaca ainda a adesão dos antigos membros, que partilharam os seus testemunhos. “A paróquia tinha sido criada há cerca de 10, 11 anos e este grupo deu um impulso muito grande à vida pastoral. Hoje, ainda estamos a colher esses frutos, porque muitas pessoas que estão ativas na paróquia participaram neste grupo e muitos dos jovens atuais são filhos de antigos membros”, observa.

 

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Jovens “muito envolvidos” na preparação da JMJ Lisboa 2023

Os jovens do grupo ‘Sempre Mais Alto’ asseguram que estão “muito envolvidos” na mobilização da paróquia para a preparação da JMJ Lisboa 2023. Ao Jornal VOZ DA VERDADE, Rui Moniz recorda a importância da participação do grupo noutras JMJ’s, que começou em 1997, na Jornada de Paris. “Em Roma, no ano 2000, participaram mais de 100 jovens da paróquia! O grupo sempre se envolveu muito e, nos anos que antecedem, a Jornada é sempre um elemento mobilizador da atividade do grupo. Apesar de, atualmente, não estar no grupo, sei que eles estão muito envolvidos para a JMJ Lisboa 2023”, afiança.

Por sua vez, a jovem Mara lembra a alegria que sentiu quando foi anunciado Lisboa como a cidade que iria receber a próxima edição internacional da Jornada Mundial da Juventude. “Ficámos todos muito contentes, muito entusiasmados, tanto que, apesar de ser só em 2023, já no ano passado fizemos algumas iniciativas e, até, mais recentemente, um peddy paper”, referiu.

texto e fotos por Filipe Teixeira
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