O Papa Francisco apontou ao diálogo entre religiões como condição para a paz. Na semana em que lançou um novo apelo para o fim da guerra, o Papa diz estar à espera do “momento certo” para visitar Kiev, deixou votos de prosperidade à Rainha Isabel II e propõe rezar pela família.
1. O Papa Francisco apontou ao diálogo entre religiões como condição para a paz, durante um encontro que decorreu no Vaticano. “Esta é a vossa missão: promover com outros fiéis, de maneira fraterna e convivial, o caminho da busca de Deus, considerando as pessoas de outras religiões não de forma abstrata, mas concreta, com uma história, desejos, feridas e sonhos. Só assim poderemos construir juntos um mundo habitável para todos, em paz”, referiu o Papa, no dia 6 de junho, falando aos participantes na sessão plenária do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, evocando a “sucessão de crises e conflitos” e a “violência destrutiva” na sociedade contemporânea, e citando a sua encíclica ‘Fratelli tutti’ (2020): “Entre indiferença egoísta e protesto violento há uma opção que é sempre possível, o diálogo”.
Francisco convidou a considerar as “histórias, desejos, feridas e sonhos” de cada crente, observando que “a globalização e a aceleração das comunicações internacionais tornam o diálogo em geral, e o diálogo inter-religioso em particular, uma questão crucial”. Na sua intervenção, o Papa realçou ainda que Jesus Cristo “fraternizou com todos, conviveu com pessoas consideradas pecadoras e impuras, partilhou sem preconceitos a mesa dos publicanos”.
2. O Papa Francisco lançou um novo apelo aos responsáveis das nações para terminar com o pesadelo da guerra. “A cem dias da invasão armada da Ucrânia, caiu novamente sobre a humanidade o pesadelo da guerra, que é a negação do sonho de Deus”, afirmou Francisco, no final da oração do Regina Coeli, no passado Domingo, 5 de junho. Preocupado com a fúria destruição da morte que “enfurece ainda mais” e com “as contraposições se inflamam e alimentam uma escalada sempre mais perigosa para todos”, o Papa deixou um forte apelo aos líderes das nações: “Não levem a humanidade à ruína, por favor. Escutem o grito desesperado da gente que sofre. Parem com a macabra destruição de cidades e aldeias em todo o lado”. A solução proposta pelo Papa Francisco passa por “negociações verdadeiras e encontros concretos para um cessar fogo e uma solução sustentável” e a todos pede: “Continuemos, por favor, a rezar e a empenharmo-nos sem descanso pela paz”.
Antes desta intervenção, Francisco refletiu, na homilia da Missa de Pentecostes, sobre o rejuvenescimento da Igreja e contra as pressões do mundo que a reduzem aos seus problemas com o risco de a estagnar. O Papa apelou à “necessidade vital e fisiológica” de a Igreja sair, de anunciar, de não ficar fechada em si mesma, e recordou que a Igreja não deve ser “um rebanho que reforça o recinto, mas uma pastagem aberta, para que todos possam alimentar-se da beleza de Deus; sem paredes divisórias”. “O espírito mundano faz pressão para que nos concentremos apenas sobre os nossos problemas e interesses, na necessidade de aparecermos relevantes, na defesa a todo o custo das nossas pertenças nacionais e de grupo”, mas o Espírito Santo diz o oposto: “Convida a esquecer-se de si mesmo e abrir-se a todos. E assim rejuvenesce a Igreja”.
Ainda neste dia, o Vaticano revelou que o Papa “reza pelas vítimas” do ataque a uma igreja na Nigéria, que provocou dezenas de mortos, muitos dos quais crianças, durante a celebração do Pentecostes. “Enquanto são esperados detalhes do incidente, o Papa Francisco reza pelas vítimas e pelo país, dolorosamente afetado num momento de celebração, e confia ambos ao Senhor, para que envie o seu Espírito para consolá-los”, refere um comunicado.
3. O Papa Francisco reiterou a sua disposição de visitar a Ucrânia, mas, questionado por um menino ucraniano durante um encontro com crianças no Vaticano, disse que está à espera do “momento certo”. “Gostava de ir à Ucrânia, mas tenho de esperar pelo momento certo”, respondeu Francisco, durante o ‘Pátio das crianças’, uma iniciativa em que o Papa se encontra com menores que vivem em condições vulneráveis e fragilidade social, que não se realizava há dois anos, devido à pandemia, e que reuniu, a 4 de junho, 160 crianças, muitas delas com deficiência física, visual e cognitiva.
Entretanto, o Vaticano emitiu uma moeda de prata dedicada à Ucrânia. O anúncio foi feito pelo embaixador ucraniano junto da Santa Sé, Andriy Yurash. “Este não é apenas um símbolo, é um verdadeiro gesto de apoio à Ucrânia: no 100.º dia da invasão russa da Ucrânia, o Departamento de Filatelia e Numismática do Vaticano emitiu uma moeda especial de prata (23 gramas) dedicada à Ucrânia”, disse o diplomata. O lucro da venda de moedas – no valor unitário de 50 euros – servirá para ajudar a Ucrânia.
4. O Papa escreveu à Rainha Isabel II de Inglaterra, no dia das celebrações públicas do Jubileu de Platina, pelos 70 anos de reinado e o seu 96.º aniversário natalício, enviando “saudações cordiais e bons votos”. Francisco diz rezar para que Deus Todo-Poderoso conceda à rainha, aos membros da família real e a todo o povo da nação “bênçãos de unidade, prosperidade e de paz”.
Recorde-se que o Papa Francisco recebeu Isabel II em 2014. Antes, a Rainha de Inglaterra encontrou-se, em Roma, com João Paulo II (2000) e João XXIII (1961), tendo recebido Bento XVI no Reino Unido, em setembro de 2010. Ainda como princesa, encontrou-se com o Papa Pio XII, em 1951.
5. “A família é o lugar onde aprendemos a viver juntos, a conviver com os mais novos e os mais velhos. E ao estarmos unidos, jovens, idosos, adultos, crianças, ao estarmos unidos nas diferenças, evangelizamos com o nosso exemplo de vida”, afirma o Papa Francisco, na mensagem-vídeo para o mês de junho, divulgada pelo Vaticano. “É claro que não existe a família perfeita. Há sempre um ‘mas’. Mas, tudo bem. Não devemos ter medo dos erros; devemos aprender com eles para podermos avançar”, diz Francisco.
A mensagem recorda que “o amor na família é um caminho pessoal de santidade para cada um de nós”. “Foi por isso que o escolhi como tema para o Encontro Mundial das Famílias deste mês”, acrescenta o Papa neste vídeo.
Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Há anos, Umberto Eco perguntava: o que faria Tomás de Aquino se vivesse nos dias de hoje? Aperceber-se-ia...
ver [+]
|
Pedro Vaz Patto
Já lá vai o tempo em que por muitos cantos das nossas cidades e vilas se viam bandeiras azuis e amarelas...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Vivemos um tempo de grande angústia e incerteza. As guerras multiplicam-se e os sinais de intolerância são cada vez mais evidentes.
ver [+]
|