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“Continuemos a rezar para que o mundo aprenda a construir a paz”
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O Papa Francisco foi ao Cazaquistão e pediu que ninguém se resigne à “inevitabilidade” da guerra. Na semana em que se encontrou com um representante do Patriarcado de Moscovo, o Papa escreveu aos jovens, lembrou a freira italiana assassinada em Moçambique e anunciou que vai enviar, pela quarta vez, um cardeal à Ucrânia.

 

1. O Papa Francisco celebrou Missa na praça Expo de Nursultan, no Cazaquistão, onde lembrou que a paz é um caminho em construção e nunca pode ser dada por garantida. “Penso em tantos lugares martirizados pela guerra, sobretudo na querida Ucrânia. Não nos habituemos à guerra, não nos resignemos à sua inevitabilidade”, exortou o Papa, esta quarta-feira, 14 de setembro. No final da Missa, Francisco renovou o apelo à paz, que só o diálogo pode garantir. “Que terá ainda de acontecer? Quantos mortos teremos ainda de contar?”, perguntou o Papa, sublinhando que “a única saída é a paz, e a única estrada para se chegar lá é o diálogo”. “Continuemos a rezar para que o mundo aprenda a construir a paz, inclusive limitando a corrida aos armamentos e convertendo os enormes gastos de guerra em apoio concreto às populações”, pediu.

Na homilia da celebração, no dia em que a Igreja assinala a Festa da Exaltação da Santa Cruz, o Papa lembrou o passado de sofrimento do povo do Cazaquistão, para sublinhar que a paz nunca pode ser dada por garantida. “Faz-nos bem guardar a recordação daquilo que sofremos: é preciso não cancelar da memória certas obscuridades, caso contrário pode-se pensar que sejam águas passadas e que o caminho do bem esteja delineado para sempre. E não! A paz nunca é conquistada de uma vez por todas; há de ser conquistada cada dia, como também a convivência entre etnias e tradições religiosas diversas, o desenvolvimento integral, a justiça social”, afirmou.

Antes, durante a manhã, na abertura do 7.º Congresso de Líderes Religiosos Mundiais e Tradicionais, no Palácio da Independência, em Nursultan, o Papa Francisco pediu que não se deixem instrumentalizar por quem faz a guerra, e defendeu que a religião e a fé são importantes para “responder à sede de paz que há no mundo”, mas sem fundamentalismos e em liberdade. Francisco apelou, ainda, ao empenho de todos na resposta aos desafios pós-pandemia, que passam pelo combate à pobreza e às alterações climáticas.

Este congresso, que se realiza a cada três anos, foi inspirado na visita de João Paulo II ao Cazaquistão, em setembro de 2001, poucos dias depois do ataque às torres gémeas de Nova Iorque.

 

2. O Papa Francisco encontrou-se, no Cazaquistão, com o metropolita Anton de Volokolamsk, presidente do Departamento para as Relações Eclesiásticas Externas do Patriarcado de Moscovo. A conversa, na quarta-feira, 14 de setembro, durou 15 minutos, tendo sido abordada a questão do anunciado e depois cancelado encontro entre o Papa e o Patriarca Kirill. No final, o metropolita Anton de Volokolamsk disse esperar que o encontro possa vir a concretizar-se, embora admita que as recentes declarações de Francisco não ajudaram. “Teremos de ver quando, onde e, sobretudo, ter uma declaração, um apelo bem preparado para o fim do encontro, tal como aconteceu em Havana, no primeiro encontro que tiveram”, observou, acrescentando que “o segundo encontro estava a ser preparado para Jerusalém, depois foi adiado”. “Esperamos que um dia haja a possibilidade de vir a ser realizado”, diz.

 

3. O Papa Francisco convocou os jovens de todo o mundo para a próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que se realiza em Lisboa, no próximo ano. “Sonho, queridos jovens, que na JMJ possais experimentar novamente a alegria do encontro com Deus e com os irmãos e as irmãs. Depois dum prolongado período de distanciamento e separação, em Lisboa – com a ajuda de Deus – reencontraremos juntos a alegria do abraço fraterno entre os povos e entre as gerações, o abraço da reconciliação e da paz, o abraço duma nova fraternidade missionária!”, escreveu o Papa, na mensagem para a XXXVII Jornada Mundial da Juventude, que será celebrada na Solenidade de Cristo Rei, no dia 20 de novembro próximo, nas Igrejas particulares espalhadas pelo mundo, com o tema ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’, e que foi divulgada no passado dia 12 de setembro.

Na mensagem, Francisco recordou o tema da JMJ do Panamá ‘Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra’, realçando que “depois daquele evento, retomamos o caminho para uma nova meta – Lisboa 2023 –, deixando ecoar em nossos corações o premente convite de Deus a levantar-nos”.

 

4. O Papa recordou a freira italiana Maria De Coppi, de 83 anos, assassinada a 6 de setembro, num ataque sofrido pela missão onde vivia na localidade de Nacala, província de Nampula, em Moçambique. No final da oração do Angelus, na Praça de São Pedro, Francisco elogiou a missionária comboniana, que serviu em Moçambique “por amor, durante quase 60 anos” e rezou para que “o seu testemunho dê força e coragem aos cristãos e a todo o povo moçambicano”. Duas outras religiosas, uma italiana e uma espanhola, conseguiram escapar com vida ao atentado.

 

5. O Papa Francisco vai enviar, uma vez mais, à Ucrânia o cardeal Konrad Krajewski, esmoler da Santa Sé e prefeito do novo Dicastério para o Serviço da Caridade. Um comunicado divulgado, a 9 de setembro, pelo Vaticano, refere que o cardeal “viajará pela quarta vez à Ucrânia em nome do Santo Padre”, com destino às áreas de Odessa, Zytomyr, Kharkiv e outros lugares no leste da Ucrânia. O objetivo desta visita é “apoiar várias comunidades de fiéis, sacerdotes e religiosos e seus bispos, que há mais de 200 dias continuam a permanecer nos locais do seu ministério apesar dos perigos da guerra”.

A nota da Santa Sé acrescenta ainda que se trata de “uma viagem silenciosa e evangélica para estar com as pessoas que sofrem, rezar e confortar cada uma delas, mostrando com a sua presença que não estão sozinhas nesta situação que só traz destruição e morte”. O cardeal Krajewski leva também na sua bagagem um conjunto de ajudas concretas em ligação com as Cáritas de várias dioceses.

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