DOMINGO XXX COMUM Ano C
“Batia no peito e dizia:
‘Meu Deus, tende compaixão de mim,
que sou pecador’.”
Lc 18, 13
Rezar e amar vivem da mesma condição de fragilidade que nos faz precisar do outro e oferecer-nos na máxima transparência. Quem se julga superior ou perfeito não precisa de ninguém, e o outro é sempre alguém de quem se distancia, com quem não se mistura. Fomos ensinados a ser fortes, a não mostrar as nossas debilidades, a vencer na vida nem que fosse pondo máscaras ou instalando alarmes que nos alertassem para o perigo de invasão do nosso condomínio privado da alma. Acumulámos méritos para apresentar no tribunal final. Precisámos dos outros só para benefício próprio. Valemos muito, mas ficámos sós com a nossa perfeição!
Nesta história do fariseu e do publicano, Jesus dá uma “machadada” na ideia da religião dos méritos. Só a não-lógica do amor salva, só a verdade e a humildade justificam. E não se ama sem expor as próprias fragilidades, sem encontrar encanto no outro, sem gostar dele e aprender a partilhar o que se é. O fariseu só vê as suas qualidades e utiliza-as como medalhas na “farda” de bom cumpridor, incapaz de gratidão e reconhecimento, antes mostrando a Deus que está muito acima dos outros homens. O publicano reconhece as limitações, expõe as fragilidades de uma vida que pouco tem de perfeita, abre o coração aceitando o julgamento de Deus. Um não precisa de Deus nem de ninguém, o outro dispõe-se à sua graça. Somos capazes de reconhecer que o bem que há em nós é para agradecer a tantos que nos têm ajudado a ser melhores?
Jorge Palma fala da fragilidade numa das suas belas canções: “Frágil, esta noite estou tão / Frágil, frágil / Já nem consigo ser ágil”. E essa dimensão humana não exclui toda a fortaleza que também vamos descobrindo e desenvolvendo. É a fragilidade que rima com autenticidade, que não constrói imagens ilusórias e exteriores, mas oferece a beleza autêntica do interior. Ao falarmos hoje da missão de anunciar a Boa Nova de Cristo recordamos como Jesus se fez homem na fragilidade de uma criança e experimentou a dor da paixão e da morte. Veio ao encontro dos frágeis na doença, no pecado, na tristeza e no desespero e reergueu-nos com todo o amor. Não se anuncia o Evangelho sem assumirmos a verdade das nossas fragilidades e quanto precisamos de Deus e dos outros. Nos santos padroeiros das Missões Santa Teresa do Menino Jesus e São Francisco Xavier inspiramo-nos para esta comunhão do interior (oração ardente) e do exterior (acção luminosa). Em ambos a profunda experiência da fragilidade que, colocada nas mãos de Deus, se torna força transformadora de amor!
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