Lisboa |
Testemunhos SODay (Seminário Open Day), no ‘Dia Aberto’ do Seminário dos Olivais
Missões de serviço e discernimento
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Dois padres, dois seminaristas, um casal, uma leiga, uma religiosa e uma jovem deram testemunho, de sete minutos, sobre a ligação ao Seminário dos Olivais e o seu caminho de fé. O Jornal VOZ DA VERDADE foi ouvi-los, durante o ‘Dia Aberto’, no início da Semana de Oração pelos Seminários (30 de outubro a 6 de novembro).

 

‘E depois do seminário’

Padre António Ribeiro de Matos

Ordenado em 2021, o padre António Ribeiro de Matos destacou quatro palavras. A primeira, “o entusiasmo”. “Saímos do seminário cheios de entusiasmo para servir a Igreja, Deus e o povo de Deus, e abraçar esta missão que a Igreja nos confia”, sublinhou, referindo que a segunda palavra é “o confronto com a realidade”. “Afinal, não somos nós que salvamos isto, não somos a salvação do mundo. Achávamos que íamos conseguir transformar tantas realidades e muitas vezes não conseguimos. O nosso idealismo confronta-se com a realidade. Nesses momentos, é preciso a terceira palavra: memória. Fazer memória daquilo que fomos aprendendo aqui, no seminário, do que fomos recebendo nesta casa”, partilhou o sacerdote, que evidenciou a “alegria” como quarta palavra: “Sou um padre muito alegre e muito feliz por ser padre. Não porque sou um padre perfeito, mas porque – como diz que o nosso reitor – é neste ministério que eu me realizo e correspondo ao sonho de Deus”.

 

‘Deus anda a chamar por aqui’

Padre Bernardo Trocado

Prefeito do Seminário dos Olivais desde 2017, o padre Bernardo Trocado considera que olhar para “todos os seminaristas” é constatar “um milagre”. “Sempre que olho, na liturgia, para os seminaristas, esta pergunta do livro do Apocalipse vem ao meu coração: ‘Estes quem são e de onde vieram?’. Esta pergunta puxa-me para dentro de um mistério”, partilhou o sacerdote, de 33 anos, referindo que, “além das respostas superficiais, imediatas e fáceis”, para si, “só há uma única verdadeira resposta”: “O Senhor foi buscá-los”. Algo que também aconteceu consigo, quando tinha 20 anos e estava a estudar Economia: “O Senhor é que nos vem buscar! Quando olho para os seminaristas, também estou a olhar para mim. Comigo, tenho a certeza de que foi o Senhor que me veio buscar. O Senhor visitou-me. Olhamos para estes seminaristas, para estas 59 vidas que aqui estão, e este milagre só se explica porque o Senhor cruzou a história deles e foi buscá-los”.

 

‘Descobertas dos inícios’

João Rendeiro

Com 19 anos, o seminarista João Rendeiro, da Diocese de Aveiro, quis falar “das misericórdias do Senhor” na sua vida. “Na paróquia, eu só recebia: recebia a catequese, os sacramentos, recebia a fé da família e amigos. Recebia a graça do Senhor e dava pouco”, contou. Até que Cristo o chamou “cada vez mais” a “dar” o seu “tempo”. “Foi uma grande alegria e uma grande consolação não ter medo de dar tempo”, reconhece João, que estava então “no 10.º ou 11.º ano” e que “desde os cinco anos queria ser juiz”, para “ser o mais importante”. “O Senhor, por meio de tanta gente que fui cruzando, os pobres, os esquecidos, colocou a minha vida em cheque. E, assim, chamou-me ao seminário”, partilhou este jovem, sublinhando como Deus foi chamando “nas pequenas coisas”. “Como chamou tanta gente e continua a chamar”, frisou. “O nosso início é Nosso Senhor. Foi uma graça muito grande reconhecer como o Senhor é fiel e não se esquece de mim”, terminou.

 

‘Isto está a ganhar forma’

Diogo Sousa

“A minha vocação começou aos 15 anos, no encontro com um padre, numa aula, onde explicou como chegou à felicidade. Eu quis a felicidade”. Foi desta forma que o ‘estrangeiro’ Diogo Sousa, como se apelidou este jovem de 27 anos da Diocese do Funchal, iniciou o seu testemunho. Após essa aula, foi a um encontro, “sem saber o que ia sentindo e o que era a vida cristã”, onde descobriu “Cristo”, que chamava “a uma vocação”. “Uma vocação de felicidade, de encontro com Jesus”, diz. Após cinco anos de seminário, “e já em Lisboa”, quis “acabar com este caminho”. “O que Cristo queria para a minha vida era uma coisa tão grande…”, justifica. Saiu do seminário, perdeu “muita coisa, como o ritmo da oração”, mas devido a um padre em particular continuou “na paróquia”. “Fui para Inglaterra para fugir desse ambiente que me puxava para o seminário, mas continuei a ver sinais vocacionais. Desisti de construir barreiras e aceitei totalmente aquilo que Cristo quer para a minha vida”, garantiu.

 

‘Ele foi e nós também’

Maria do Carmo e Luís Virtuoso

Pais de Tomás Virtuoso, seminarista do 2.º ano, Maria do Carmo e Luís Virtuoso destacaram que a vocação do filho foi “tardia”. “Aos 27 anos, após uma licenciatura e um mestrado em Economia, de uma atividade profissional já iniciada na área da consultoria estratégica, depois de ter vivido algumas relações afetivas, uma vida muito ativa e agitada, uma vida social muito intensa, com muitos amigos e muitos afazeres, chegou a notícia. Confesso-vos que foi uma enorme surpresa”, contou a mãe. “Aceitámos, e aceitámos bem, como não poderia deixar de ser numa família católica, praticante, com uma vida em Igreja muito em família”, acrescentou.

O pai, Luís Virtuoso, destacou “a experiência muito positiva no Seminário de Caparide”, que “foi fundamental para o caminho de discernimento do Tomás”, bem como “a importância da equipa formadora” e a “confiança mútua” com estes sacerdotes. “Como pais, rezamos muito para que o sacerdócio seja a meta para o Tomás se for esse o desejo do Senhor”, concluíram.

 

‘Dar e receber’

Isabel Marcos

Isabel Marcos começou a colaborar no Seminário dos Olivais em 2017. “O reitor pediu-me uma coisa impossível: que eu viesse arrumar três áreas enormíssimas, com mais de 40 mil livros encaixotados, cheios de humidade, estragados, repetidos”, contou. Quando olhou para a missão, pediu ajuda “a Jesus”. “Tinha um sentimento de muita gratidão ao Senhor e aos padres que nos ajudavam e disse ‘sim’”, salientou. Havia “caixotes por todo lado” e apenas “quatro meses” até à chegada dos seminaristas do 1.º e do 2.º ano de Caparide para os Olivais. “Chamei os jovens da minha paróquia, Brandoa, e trabalhámos imenso durante três, quatro meses. Foi um tempo de muita felicidade, de enorme gratidão”, reconhece esta leiga, que pertence ao Caminho Neocatecumenal. Mais tarde, o reitor pede para “catalogar” todos os livros: “Impressiona-me o poder do ‘sim’. Quando respondemos ao Senhor ‘sim’, os milagres acontecem. Sou testemunha disso e vivo isso com gratidão”.

 

‘Quando trabalhar é amar’

Irmã Margarita Cervantes, ASM

Religiosa da congregação da Aliança de Santa Maria, a irmã Margarita Cervantes colabora há sete anos no Seminário dos Olivais, na secretaria e economato. Como “primeiro ponto”, referiu a necessidade de “trabalhar a vontade de Deus”. “Quanto mais entregarmos a nossa vida aos outros, tanto mais a graça de Deus, que é fonte de amor, cresce em nós”, assegurou a religiosa do México. Como “segundo ponto”, apontou como procura “amar entre as contas”. “O que eu amo entre papéis, faturas, números, gestão económica e Excel são as pessoas que vão passando pelo meu gabinete e aquelas com quem contacto no dia-a-dia e que me vou apercebendo das suas preocupações, dificuldades e lutas. Com tudo isto, pego nessas ‘contas’ e levo para as contas do Rosário”, explicou. Como “terceiro ponto”, recordou que “a amendoeira é uma árvore que é um sinal de esperança”. “Eu vejo muitos ramos de amendoeira aqui, todos os dias, a florir, quando olho para vocês, seminaristas”, terminou a irmã Margarita.

 

‘Betânia nos Olivais’

Teresa Fonseca

Teresa Fonseca, de 21 anos, está no último ano de Direito e já realizou por quatro vezes a Missão Betânia. Uma iniciativa que “começou há cinco anos” quando os gémeos Afonso e Pedro Sousa, então seminaristas e agora padres, “viram que era preciso fazer coisas no seminário”. O nome da atividade foi sugerido pelo reitor. “Em Betânia havia a casa de Marta, Maria e Lázaro, que ficaram como nossos padroeiros: Maria, para rezar a oração; Marta, no serviço; e Lázaro, para a amizade, o convívio e a partilha”, explicou. Na Missão Betânia, “há muitos momentos de oração”, para “estar muito com Jesus”, assegurou Teresa que, sobre o serviço, assumiu ser a “mais desastrada da família” em termos culinários. “Na semana de missão, fiquei na cozinha! A Missão Betânia dá oportunidades para nós nos santificarmos”, apontou. Finalmente, o convívio: “Estar numa missão em que todos têm o objetivo de servir para ser santos é muito fácil. Levamos da Missão Betânia coisas para o resto da vida”.

 

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“Este é o início de uma semana de oração pelos seminários. Aquilo que aqui vivemos seja continuado durante a semana, na comunhão que vamos tendo e na oração que vamos fazendo.”

Cónego José Miguel Pereira, reitor do Seminário dos Olivais

 

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Além dos testemunhos SODay, o ‘Dia Aberto’ do Seminário dos Olivais, a 30 de outubro, teve ainda workshops, Missa, almoço partilhado e visita guiada.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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