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P. Manuel Barbosa, scj
Viver na bênção de Deus
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Hoje é Natal, dia de sublime apelo a acolher o Verbo de Deus. Todos os anos celebramos este mistério com renovada alegria e fecunda esperança. O nascimento de Jesus é permanente, até dizemos que Natal é todos os dias. Somos assim chamados a assumir uma vida cristã de modo intenso todos os dias, e não por episódios desfasados ou preceituais repetições.

Na Solenidade do Natal encontramo-nos com Deus que vem ao nosso coração, disponíveis para acolher o seu abraço de amor. Mas muitas vezes corremos o risco de contribuir para o natal pagão do consumismo e do desperdício, das prendas obrigatórias e nem sempre sentidas, de tantos ritos e simbólicas que nos afastam do essencial.

O essencial é Deus connosco. As figuras de Maria e de José estão no presépio da vida, convidando-nos a ter o olhar centrado em Jesus, na essência das coisas que contam. Se assim for, não há estorvos que possam arredar-nos do caminho autêntico que nos leva a andar com o Emanuel, o Deus connosco.

Sintonizemos com a liturgia natalícia do Natal, que nos convida a contemplar o amor de Deus manifestado na encarnação de Jesus, o Verbo, a Palavra que vem habitar no meio de nós e nos oferece vida em plenitude, elevando-nos à dignidade de filhos e filhas de Deus.

Acolhamos a Palavra que é o próprio Jesus, como luz que nos ilumina e transforma, eliminando tantas trevas que ofuscam a luz verdadeira: mentiras e oportunismos, guerras e violências, exploração dos pobres e misérias, limitações e atentados à dignidade da pessoa.

Admiremos Jesus, o menino do presépio que é para nós a Palavra suprema que dá sentido à nossa vida, deixando de lado outras palavras que nos condicionam e nos induzem a procurar a felicidade em caminhos de egoísmo, de alienação, de comodismo, de pecado.

Meditemos algumas palavras de São Leão Magno na Liturgia das Horas deste dia: «Hoje nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida, uma vida que destrói o temor da morte e nos infunde a alegria da eternidade prometida. Ninguém é excluído desta felicidade, porque é comum a todos os homens a causa desta alegria: Nosso Senhor, vencedor do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio para nos libertar a todos. Alegre-se o santo, porque se aproxima a vitória; alegre-se o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; anime-se o gentio, porque é chamado para a vida».

Daqui a dias iniciamos 2023 com diversas evocações: a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, em que somos convidados a contemplar a figura de Maria, que com o seu sim ao projeto de Deus nos ofereceu Jesus; o Dia Mundial da Paz, celebrado desde 1968 sob proposta de São Paulo VI, para que no primeiro dia de janeiro se reze pela paz no mundo; o primeiro dia do ano civil, início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com Deus que nos ama, que em cada dia nos cumula com a sua bênção, que nos oferece a vida em plenitude. Um ano em que celebraremos em Portugal a Jornada Mundial da Juventude, com a marca da evangelização e sob a intercessão de Maria.

Vivamos o novo ano na bênção de Deus, iluminados pelas belíssimas palavras do Livro dos Números: «O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz». Uma bênção que lembra aos israelitas de então, e a cada um de nós hoje, que tudo é dom da aliança de amor de Deus que connosco caminha em cada dia do ano, oferecendo-nos vida plena e felicidade em abundância.

É preciso que o nosso coração diga sim a Deus, para que a sua bênção nos ilumine e nos fecunde. Que assim seja neste Natal e em cada dia de 2023, nas nossas vidas, famílias e comunidades!

 

P. Manuel Barbosa, scj