Lisboa |
Solenidade de São Vicente, padroeiro principal do Patriarcado de Lisboa
“Celebrar São Vicente como nosso padroeiro é um apelo forte e decisivo à conversão”
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O Cardeal-Patriarca de Lisboa considera que celebrar São Vicente “neste tempo” significa “muito mais do que uma efeméride litúrgica”. “Significa revermo-nos nele e assim nos reencontrarmos com o Evangelho a que aderiu”, apontou D. Manuel Clemente, na Missa na solenidade de São Vicente, na Sé Patriarcal.

 

No ano em que ocorre o 850.º aniversário da chegada das relíquias de São Vicente à Sé de Lisboa, o Patriarcado celebrou, na tarde de dia 22 de janeiro, Domingo, o seu padroeiro principal: São Vicente, diácono e mártir. “São Vicente está há muito ligado à nossa diocese, na devoção e no padroado. Depois de Lisboa ser portuguesa e muito antes, com os cristãos moçárabes que aqui viviam – ou sobreviviam. Terá sido mesmo este facto a motivar D. Afonso Henriques a trazer-lhe as relíquias do cabo algarvio onde se guardavam e veneravam, ainda sob domínio árabe. Guardaram-se depois nesta Sé, onde hoje estão, no pouco que delas resta, suficiente para lhe lembrar a memória. Melhor dizendo, o que elas significam e reclamam da nossa parte, para sermos verdadeiras testemunhas de Cristo, como ele o foi em Valência, na última grande perseguição romana”, destacou, no início da sua homilia, o Cardeal-Patriarca.

D. Manuel Clemente presidiu à celebração na Sé Patriarcal, na presença do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e de outros membros da autarquia, lembrando que o martírio de São Vicente “foi sobremaneira violento”. “Se o fizessem renegar a Cristo seria uma grande vitória para os pagãos. Venceu-os ele – como o seu nome já prometia – e o cristianismo que encarnava triunfou assim e perpetuou-lhe a memória”, frisou.

Lembrando palavras “do próprio Jesus: «Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto»”, o Cardeal-Patriarca considerou que “os verdadeiros mártires cristãos – como hoje continuam a ser tantos, por esse mundo além – vencem a dor pelo amor e assim mesmo alcançam a vida, para si e para os outros”. “Tudo isto significa, para quem venera São Vicente e o tem como padroeiro, um apelo forte à fidelidade evangélica, testemunhada na vida, traga esta o que trouxer, de modo ou cruento ou incruento”, assinalou.

 

“Autênticos e claros”

A Missa de São Vicente foi concelebrada por D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, por D. António Montes Moreira, Bispo emérito de Bragança-Miranda, por membros do Cabido e diversos sacerdotes, com D. Manuel Clemente a deixar um convite à autenticidade. “Não se trata de sermos muitos ou poucos, mais ou menos do que em outras épocas supostamente seríamos. (…) Trata-se de sermos autênticos e claros, hoje como ontem, como foi Vicente, mártir e diácono, ou seja, testemunhas de Cristo e servidores de todos, com especial atenção aos mais pobres, de todas as pobrezas que sejam”, desejou. “Precisamente assim, venha o que vier e custe o que custar. Os relatos do martírio de São Vicente, os sermões que cedo lhe dedicaram, acentuam que era o próprio Cristo que nele prolongava a sua cruz e assim mesmo lhe assegurava a vitória”, acrescentou.

Para o Cardeal-Patriarca, “celebrar São Vicente neste tempo que é o nosso, significa muito mais do que uma efeméride litúrgica”. “Significa revermo-nos nele e assim nos reencontrarmos com o Evangelho a que aderiu. Os ritos e as cores que aqui trazemos traduzem isso mesmo – ou não seriam quase nada”, explicou. Neste sentido, o “serviço mais urgente” que a Igreja tem de “prestar” é “o de comprovarmos, por palavras e por obras, que tudo quanto Cristo trouxe ao mundo continua bem vivo na vida dos cristãos, herdeiros do seu Espírito”. “Há muito Evangelho a pôr no mundo, como também há muito mundo a resistir-lhe, sem precisarmos de sair de nós mesmos e do que nos falta converter a sério, em pensamentos e palavras atos e omissões. Falta sempre muito, falta sempre mais. Celebrar São Vicente como nosso padroeiro é um apelo forte e decisivo à conversão, pois ou se vive o Evangelho como ele o viveu ou não corresponderemos ao padroado que nos presta”, garantiu.

 

Testemunhos sérios

D. Manuel Clemente deu ainda “graças a Deus”, por não faltarem “na diocese atitudes e expressões em que São Vicente decerto se revê”. “Não faltam testemunhos sérios de Evangelho vivo em exemplos sacerdotais, diaconais, consagrados e laicais, que irradiam a luz de Cristo. Graças a Deus e certamente com a intercessão de Vicente. Mas reconheçamos que há muito a fazer, para que o Evangelho que ele testemunhou e serviu chegue a muita gente no nosso espaço, seja a antigos residentes, por vezes já esquecidos da fé dos seus antepassados, seja aos que chegam agora e não conhecem a Cristo nem o que Ele trouxe ao mundo. Sim, reconheçamos o que Cristo trouxe ao mundo, em termos de realização humana e de horizonte divino tão inteiramente ligados”, exortou.

O desafio, “agora”, é continuar a missão do padroeiro do Patriarcado e da cidade de Lisboa. “Poucas ‘relíquias’ nos restam do que Vicente foi neste mundo. Muitas mais seremos nós próprios, se o continuarmos agora, como ele continuou a Cristo. Somos hoje muitos mais do que eram naquela altura. Não sejamos menos, no testemunho que dermos!”, convidou o Cardeal-Patriarca, na Missa na solenidade de São Vicente.

 

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850 anos

Neste ano de 2023, ocorre o 850.º aniversário da chegada das relíquias de São Vicente à Sé de Lisboa. Chegaram no dia 15 de setembro de 1173 e ficaram depositadas na igreja de Santa Justa. No dia seguinte, foram transladadas para a Capela-Mor da Sé.

 

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“Não esqueçamos ser ele [São Vicente] um dos padroeiros da próxima Jornada Mundial da Juventude, tão especialmente nossa, no acolhimento e no serviço que prestarmos à multidão juvenil que aí virá. Outro modo de o lembrar como mártir e diácono que foi, ou seja, como testemunhas de Cristo e servidores solícitos. – Só assim retribuiremos o padroado que nos dá!”

D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa, na homilia da Missa na solenidade de São Vicente 2023

 

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São Vicente, patrono da JMJ Lisboa 2023

São Vicente nasceu em Huesca, capital da província de Aragão, numa família cristã e relevante do Império Romano. Sob orientação de Valério, bispo da cidade de Saragoça, foi admitido como diácono para o serviço da sua diocese. No início do século IV, por volta do ano 303, no contexto de uma nova perseguição aos cristãos, Vicente foi preso. Após tortura, acabou por morrer na prisão.

São Vicente é o padroeiro da cidade de Lisboa e a sua festa litúrgica celebra-se a 22 de janeiro.

 

Oração

Deus eterno e omnipotente, infundi em nós o vosso Espírito, para que os nossos corações sejam fortalecidos por aquele amor que ajudou São Vicente a suportar o martírio. Por Cristo, nosso Senhor. Ámen.

 

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“São Vicente é um exemplo a imitar”

O presidente da comissão coordenadora e delegado dos diáconos permanentes do Patriarcado de Lisboa considera que o mártir São Vicente é “um exemplo a imitar” por todos os diáconos da diocese. “Como São Vicente foi diácono, o seu dia litúrgico – 22 de janeiro – é vivido e sentido de uma forma muito especial por todos os diáconos permanentes de Lisboa, que veem em São Vicente não somente um protetor – que é o que a palavra padroeiro significa –, mas também um exemplo a imitar”, salienta o diácono Duarte João, ao Jornal VOZ DA VERDADE.

Desde há oito anos que, no Patriarcado de Lisboa, durante a Missa na solenidade de São Vicente, tem lugar o rito de renovação das promessas diaconais. “Foi o diácono Armando Dilão, anterior delegado e coordenador dos diáconos permanentes do Patriarcado, quem propôs ao senhor Patriarca a realização anual do rito de renovação das promessas diaconais. O senhor D. Manuel Clemente anuiu de bom grado e o rito realiza-se, desde 2015, no dia da solenidade de São Vicente, padroeiro principal da nossa diocese”, explica este responsável. “De algum modo, podemos dizer que este rito, feito no dia de São Vicente, está para os diáconos permanentes tal como está para os presbíteros o rito da renovação das promessas sacerdotais que se realiza em cada Quinta-feira Santa”, acrescenta.

Para o diácono Duarte João, este momento “reaviva” os “compromissos” assumidos aquando da ordenação. “Renovar anualmente as promessas que cada um de nós, diáconos, fez no dia da sua ordenação, e fazê-lo perante o Bispo diocesano e a comunidade reunida na Sé Patriarcal, reaviva em nós os compromissos então assumidos, reforça a nossa comunhão filial para com o nosso Bispo e faz-nos sentir ainda mais empenhados no serviço aos irmãos, à maneira de Cristo que veio para servir e não para ser servido”, testemunha.

Esta celebração é ainda “uma oportunidade” para, “diante das relíquias do mártir e diácono São Vicente”, os diáconos sentirem-se “estimulados pelo seu testemunho de serviço até ao fim, de fidelidade corajosa e de caridade perseverante”, lembra. “Finalmente, é também ocasião para invocarmos a intercessão de São Vicente, pedindo-lhe por todos os nossos irmãos diáconos e para que nos fortaleça no exercício do ministério”, termina o presidente da comissão coordenadora e delegado dos diáconos permanentes do Patriarcado de Lisboa.

 

Solenidade de São Vicente 2023

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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