O Papa Francisco está “muito triste” com a aprovação da eutanásia em Portugal. Na semana em se encontrou, no Vaticano, com o presidente ucraniano Zelensky, o Papa pediu orações pela “atormentada Ucrânia”, implorou para as armas se calarem na Terra Santa e encorajou os italianos a terem mais filhos.
1. O Papa criticou, a 13 de maio, no Vaticano, a aprovação da lei da eutanásia na Assembleia da República Portuguesa, numa intervenção em que evocava as aparições de Fátima. “Estou muito triste, porque no país onde apareceu Nossa Senhora foi aprovada uma lei para matar. Hoje, dia em que se celebram as Aparições da Virgem Mãe aos Pastorinhos de Fátima... Mais um passo na grande lista dos países que aprovaram a eutanásia”, lamentou, num encontro com centenas de representantes da União Mundial das Organizações Femininas Católicas (WUCWO), no Auditório Paulo VI. Para Francisco, a mensagem de Maria “ensina-nos a gerar vida e a protegê-la sempre, relacionando-nos com os outros a partir da ternura e da compaixão”.
Recorde-se que os deputados da Assembleia da República tinham aprovado, na véspera, o Decreto n.º 43/XV, sobre a morte medicamente assistida, depois de, em abril, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o ter devolvido ao Parlamento.
2. O presidente da Ucrânia chegou ao Vaticano pouco depois das três da tarde (hora de Lisboa), do dia 13 de maio, para uma reunião com o Papa Francisco, que decorreu numa sala adjacente à Sala Paulo VI. Esta foi a primeira vez que Volodymyr Zelensky e o Papa se encontram pessoalmente desde o início da guerra, apesar de já terem conversado várias vezes por telefone. No encontro, que durou cerca de 40 minutos, Francisco agradeceu a visita e Zelensky, com a mão no peito, disse que era uma honra. Em comunicado, a Santa Sé informa que, durante o encontro, falaram sobre situação humanitária e política na Ucrânia causadas pela guerra em curso e que “o Papa assegurou a sua oração constante, testemunhada pelos seus numerosos apelos públicos e a invocação contínua ao Senhor pela paz, desde fevereiro do ano passado”. A nota informa ainda que “ambos concordaram com a necessidade de continuar os esforços humanitários para apoiar a população. O Papa destacou, em particular, a necessidade urgente de ‘gestos de humanidade’ para com as pessoas mais frágeis, vítimas inocentes do conflito”.
Numa publicação no Twitter, Zelensky afirmou estar grato pela “atenção pessoal” de Francisco “à tragédia de milhões de ucranianos”. “Falei sobre as dezenas de milhares de crianças deportadas. Temos de fazer todos os esforços para as devolver a casa. Além disso, pedi-lhe que condenasse os crimes na Ucrânia. Porque não pode haver igualdade entre a vítima e o agressor”, afirmou, acrescentando também que se falou da “Fórmula de Paz como o único algoritmo eficaz para alcançar uma paz justa”.
3. No final da audiência-geral de quarta-feira, o Papa pediu orações pela “atormentada Ucrânia”. “Pedimos ao Senhor pela atormentada Ucrânia, sofre-se lá muito. Rezemos pelos feridos, pelas crianças, pelos que morreram, rezemos para que volte a paz”, pediu Francisco, na Praça de São Pedro, no dia 17 de maio.
Aos fiéis de língua árabe, o Santo Padre sublinhou o valor da oração, em particular o pedido de intercessão à Virgem Maria, recordando que no mês de maio, dedicado a Nossa Senhora, se reza o terço, “um compêndio de toda a história da nossa salvação”. E, ainda a propósito da paz, acrescentou: “O Santo Rosário é uma arma poderosa contra o mal e um meio eficaz para obter a verdadeira paz nos nossos corações”.
Desta vez, a catequese foi totalmente dedicada a São Francisco Xavier. O Papa elogiou o zelo apostólico do santo espanhol, considerado o maior missionário dos tempos modernos, e recordou as etapas percorridas pelo padroeiro das missões. “Em Goa, na Índia, capital do Oriente português, Francisco Xavier estabelece aí a sua base, mas não permanece ali. Vai evangelizar os pescadores pobres da costa meridional da Índia, ensinando o catecismo e orações às crianças, batizando e curando os enfermos”, lembrou. Em jeito de conclusão, Francisco incentivou os jovens a seguir os passos de Xavier: “Há tantos jovens que têm hoje uma certa inquietação e não sabem o que fazer com essa inquietação, olhem para Francesco Xavier, olhem para o horizonte do mundo, olhem para os povos tão necessitados, para tantas pessoas que sofrem, que precisam de conhecer Jesus. E partam, tenham a coragem de partir”.
4. O Papa pediu paz para a Terra Santa, depois da tentativa de cessar-fogo entre Israel e a Palestina. “Nestes dias assistimos de novo a confrontos armados entre israelitas e palestinianos, nos quais perderam a vida pessoas inocentes, incluindo mulheres e crianças. Espero que a trégua recentemente alcançada se torne estável e que as armas se calem. Porque com as armas nunca se obterá a segurança nem a estabilidade; pelo contrário, continuar-se-á a destruir toda a esperança de paz”, afirmou o Santo Padre depois de rezar o Regina Coeli, no passado Domingo, 14 de maio.
Perante vários grupos e peregrinos de diversos países, Francisco pediu também a Maria, mãe de Deus, “para aliviar o sofrimento da martirizada Ucrânia e de todas as nações feridas por guerras e violências”.
5. O Papa encorajou os italianos a terem mais filhos e pediu ações políticas concretas para inverter o “inverno demográfico”. Num encontro promovido pelo Governo italiano sobre a natalidade, a 12 de maio, Francisco recordou que, em termos populacionais, verificou-se em Itália o desaparecimento comparável a uma cidade do tamanho de Bari. O Santo Padre denunciou a precariedade financeira que os jovens casais enfrentam e lamentou as escolhas “egoístas” que têm levado a uma baixa taxa de natalidade recorde, que ameaça o futuro económico do país.
Francisco criticou ainda os casais que preferem “animais de estimação em vez de filhos” e pediu mais recursos para ajudar os casais a aumentar o agregado familiar. “É preciso plantar o futuro com esperança”, afirmou.
Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Há anos, Umberto Eco perguntava: o que faria Tomás de Aquino se vivesse nos dias de hoje? Aperceber-se-ia...
ver [+]
|
Pedro Vaz Patto
Já lá vai o tempo em que por muitos cantos das nossas cidades e vilas se viam bandeiras azuis e amarelas...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Vivemos um tempo de grande angústia e incerteza. As guerras multiplicam-se e os sinais de intolerância são cada vez mais evidentes.
ver [+]
|