Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
Quando o sapateiro
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“É bom que o sapateiro não suba acima do sapato” – diz a sabedoria popular, não por qualquer desrespeito para com os sapateiros, mas acautelando-se sobre aqueles que, não o sendo, não hesitam também em dar a sua opinião sobre tudo e nada, como se fossem os mais sábios cientistas ao cimo da terra. Trata-se, afinal, de parecer um grande sábio, mesmo que tudo se resuma a uma mera opinião ignorante.

É por isso que um professor de jornalismo não hesita em criticar alguém que, não tendo qualquer formação na área, procura dar lições sobre o modo como se redige uma notícia ou se apresenta um telejornal. Do mesmo modo, alguém que, apesar de não ser médico se atreva a passar uma receita, arrisca-se a ser denunciado e a terminar os seus dias na cadeia.

É certo que a fé, particularmente o cristianismo, nos convida sempre a pensar sobre ela, a procurar as suas razões e a saber expressá-las – quase podíamos dizer que, tal como acontece na poesia, de teólogo todos os crentes têm um pouco.

Mas isso é bem diferente de se dedicar de um modo sistemático (e mesmo universitário) ao estudo da Sagrada Escritura, da revelação e da doutrina da Igreja que delas decorre, procurando que a razão entenda o mais possível, seja capaz de explicar e de abrir ao homem contemporâneo novas janelas pelas quais se possa aproximar de Deus. Esta é, certamente, uma função eclesial (porque foi na Igreja que as Escrituras e a doutrina encontraram o seu lugar de nascimento), mas nem por isso deixa a razão de procurar os porquês até às últimas consequências – não simplesmente por curiosidade humana mas porque a maravilha que é o facto de Deus se ter feito um de nós nos leva, tal como Moisés diante da sarça ardente, a aproximarmo-nos o mais possível da compreensão do mistério divino. Esses são os teólogos e os exegetas. Existem praticamente desde o início do cristianismo, fazendo com que a pessoa de Jesus e a doutrina cristã sejam das realidades mais escrutinadas e estudadas, com tal rigor que esse estudo se encontra na origem dos chamados Estudos Superiores e da Universidade.

Quando os jornalistas escrevem sobre a fé ou a religião em geral, fazem-no, habitualmente, de modo deficiente. Não apenas porque a grande maioria não tem fé – e, portanto, fala daquilo que não vive – mas também porque a fé é olhada de acordo com outros critérios que não aqueles que lhe são próprios: importa ser sensacionalista, atrair a atenção, fazer com que o produto atraia os leitores – ou, como se diz na gíria, “venda”.

Mas quando os jornalistas escrevem livros que são pretensamente de teologia, nesse caso, o sapateiro está, claramente, a subir acima do sapato!

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