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XIII Fórum Ecuménico Jovem, em Lisboa
A alegria do dar e receber
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‘Recebeste de graça, dá de graça’ foi o lema do XIII Fórum Ecuménico Jovem (FEJ), realizado a 5 de Novembro, no Colégio São João de Brito, em Lisboa. A organização foi da responsabilidade dos Departamentos de Pastoral Juvenil das Igrejas Católica, Lusitana, Metodista e Presbiteriana.


Como pano de fundo esteve a celebração do Ano Europeu do Voluntariado, evento que motivou a escolha do lema e dos temas dos workshops.

Tudo começou com um jogo de pistas para proporcionar um melhor conhecimento dos outros jovens e reflectir sobre o mundo de hoje e os desafios que são lançados às novas gerações. No fim do caminho, os cerca de 220 jovens presentes no FEJ pararam na ‘Tenda do Encontro’, um espaço de oração ao jeito de Taizé que esteve aberto durante todo o dia. Ali puderam escrever um compromisso que levaram para a Celebração.

A grande Celebração Ecuménica fez concluir a manhã com ‘chave de ouro’. O canto, a Palavra de Deus e o testemunho passaram pelo grande auditório. Após um longo momento de intercessão, esta Oração terminou com a fixação, numa longa faixa de papel de cenário, dos compromissos que os jovens escreveram na Tenda do Encontro.

O almoço foi partilhado e abriu um grande espaço de confraternização. Os workshops permitiram aos jovens encontrar testemunhos de voluntariado em instituições e grupos que apoiam pessoas excluídas ou fazem missão: Leigos para o Desenvolvimento, Pastoral Prisional, Irmãzinhas dos Pobres (Idosos), Jovens Sem Fronteiras, Juventude Hospitaleira, Comunidade de Sant’Egídio [ver caixa], Banco Alimentar contra a Fome, Loja Social, e XPTO – Voluntariado Escolar.

O momento final foi de festa, com o Concerto-Espectáculo, dirigido por Carlos Pedro Alves e Carlos Garcia – responsáveis pela edição do II CD Ecuménico Jovem –, e onde se misturaram precisamente as 18 músicas deste segundo trabalho discográfico, com apresentações criativas e testemunhos de jovens das Igrejas organizadoras.

Durante este momento de festa, o director do Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa, padre Carlos Gonçalves, destacava a importância do Fórum Ecuménico Jovem. “Estamos contentes por celebrar aquilo que há em comum entre nós – e há tanto em comum entre nós! – que é a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, como cristãos que somos!”. Na qualidade de anfitrião do encontro, o padre Carlos sublinhou a oportunidades destes encontros, mas convidou ao aprofundamento do diálogo entre estas quatro Igrejas Cristãs: Católica, Lusitana, Metodista e Presbiteriana. “Cantando, vamos fazendo aquilo que é essencial ao cristão: louvar o Senhor! Fazemos já várias coisas em comum – ainda não tantas assim –, mas este dia também provou que fazemos caminho. Cantamos a esperança. Gritamos ao mundo, bem alto, que estamos alegres na esperança! O mundo, como está hoje em dia, precisa destes sinais. Precisa que jovens cristãos sejam esperança! A esperança é algo que o mundo não pode fabricar; só pode vir de Deus. Deus não desiste do mundo. Deus não desiste de cada ser humano”.

O Marcador de Livros, entregue no fim do XIII FEJ, obrigou os jovens a levar para casa a mensagem bíblica das Obras de Misericórdia: ‘Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes’.

 

Apostar no diálogo entre cristãos de tradições diferentes

O Fórum Ecuménico Jovem é uma iniciativa de âmbito nacional que nasceu em 1999 e surge como “um encontro simultaneamente festivo e formativo no campo do ecumenismo com os jovens”, disse ao Jornal VOZ DA VERDADE João Luís Fontes. Representante dos jovens da Igreja Católica neste diálogo ecuménico, João Luís, que há muito se tem manifestado um apaixonado por estas questões, nomeadamente no contacto com a comunidade ecuménica de Taizé, explica que o objectivo deste fórum é “proporcionar um espaço de encontro para os jovens das várias igrejas cristãs que estão envolvidas neste diálogo a nível nacional”.

Desde há treze anos, o Fórum Ecuménico jovem já percorreu “quase todas as dioceses a norte do Tejo e a Diocese de Setúbal” e, segundo este representante da Igreja Católica, os encontros são também “uma oportunidade para que as pessoas se conheçam e se apercebam daquilo que já é possível fazer em conjunto”. Ao mesmo tempo salienta que, recorrendo a temáticas específicas, se pode “aprofundar caminhos possíveis para este trabalho ecuménico”.

Todos os anos milhares de jovens portugueses deslocam-se até à comunidade religiosa ecuménica de Taizé, em França, e esse contacto terá feito, segundo João Luís Fontes, com que a questão do ecumenismo “tivesse entrado no dia-a-dia do cristão”, gerando maior sensibilidade.

“A urgência da reconciliação” é também, para este responsável, uma dimensão a ter em conta, o que passa por “uma atitude de vida em relação aos outros”. “Quer àqueles que acreditam como eu, quer os que acreditam em Jesus mas em tradições diferentes, quer os que não acreditam em termos de perspectivas diferentes, mas com os quais sou chamado a caminhar em conjunto”.

Segundo João Luís Fontes, o tema ligado ao voluntariado – ‘De graça recebeste, dá de graça’ – escolhido para abordar neste 13º fórum, está inserido numa temática mais vasta que tem a ver com a luta pelos direitos humanos, pela justiça e pela paz, “aspectos fundamentais para o trabalho ecuménico, apontados pela própria Carta Ecuménica como caminho possível para os cristãos”.


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Sinal de esperança

O Fórum Ecuménico Jovem realizou-se, desta vez, na Diocese de Lisboa e, para o responsável do Serviço Diocesano da Juventude, padre Carlos Gonçalves, este é “um sinal de esperança dos cristãos e dos jovens cristãos, não só católicos”. Nesse sentido, manifesta ao Jornal VOZ DA VERDADE o seu contentamento pela realização do FEJ em Lisboa e afirma esperar que “desta forma se possa dar ao mundo esta palavra e sinal de esperança”.

 

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Unir pela música

‘Alegres na esperança’ é o nome do novo CD publicado pelos jovens cristãos fruto do diálogo ecuménico. Publicado em 2010, este segundo CD foi apresentado aos mais de 200 jovens que participaram na 13º edição do FEJ, no passado dia 5 de Novembro, no Colégio São João de Brito, em Lisboa.

Segundo o Bispo Sifredo Teixeira, da Igreja Evangélica Metodista de Portugal, este projecto musical “inclui uma diversidade que está presente nas várias Igrejas mas que ao mesmo tempo enriquece a experiência” que se tem feito no percurso ecuménico.  Para este representante da Igreja Metodista e presidente do Conselho Português de Igrejas Cristãs (COPIC), através da música é possível “partilhar com tranquilidade” o que se sente e acredita, sublinhando que neste CD se partilha “a esperança e a confiança no Cristo que nos motiva e nos inspira”.

Neste CD composto por 18 faixas, são partilhados temas que são normalmente cantados pelos jovens das quatros Igrejas cristãs envolvidas no diálogo ecuménico: Igreja Católica Romana, Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica, Igreja Evangélica Metodista de Portugal e Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal.

O CD ‘Alegres na esperança’, gravado nos estúdios da Rádio Renascença, é o segundo a ser gravado por estes jovens cristãos e é, segundo o Bispo Metodista Sifredo Teixeira, a prova de que “a música tem o dom de conseguir unir, animar e até ultrapassar algumas diferenças e dificuldades que por vezes surgem no caminho”.

Quanto ao nome escolhido para este trabalho musical, é justificado por este responsável religioso: “‘Alegres na esperança’ afirma o que nós sentimos e experimentamos na nossa caminhada: a alegria de estarmos uns com os outros e a nossa esperança”.


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Comunidade de Sant’Egídio: Rezar e pôr-se a caminho

Isabel Bento pertence à Comunidade de Sant’Egídio (www.santegidio.org) e deu o seu testemunho de voluntária num workshop do Fórum Ecuménico Jovem. “Estar junto do outro é a essência da Comunidade de Sant’Egídio”, começa por salientar.

A Comunidade de Sant’Egídio foi fundada em Itália, nos anos 60, por Andrea Riccardi, então com 17 anos, que se sentiu interpelado sobre o que podia fazer para ajudar o outro. Riccardi começa a ler a Bíblia, segundo conta Isabel Bento, e depara-se com a resposta às suas inquietações. “Aquele jovem é interpelado por um Evangelho em concreto, um Evangelho que se torna muito presente para a comunidade e que é tão contemporâneo agora como era na altura e continuou a ser ao longo dos tempos, porque tem a semente do que é ser Igreja. Mateus 25: ‘Tive fome, deste-me de comer; tive sede, deste-me de beber; estive na prisão e foste-me visitar’”. Ao ler este Evangelho, nasceu a pergunta em Andrea Riccardi: “‘É assim tão simples?’ Quem são estes pobres? O que podemos fazer por eles?’ Com muita simplicidade, começa a fazer o que tinha lido no Evangelho. No final das aulas, com alguns amigos, reuniam-se, rezavam e depois iam ao encontro das pessoas nos bairros de lata!”.

Foi precisamente esta simplicidade que marcou Isabel Bento. “Rezar e pôr-se a caminho. Era tão simples, como dizia no Evangelho. E para mim, quando conheci a Comunidade de Sant’Egídio, foi o que me tocou mais! Era o juntar aquilo que era o Evangelho na minha vida cristã e juntar o serviço, o estar ao serviço!”. Para Isabel, “não existe Comunidade de Sant’Egídio se não houver a oração e o serviço”.

Em Lisboa, a Comunidade de Sant’Egídio está presente há mais de vinte anos, tendo realizado missão, durante muitos anos, na Azinhaga dos Besouros, na Amadora. Actualmente, a presença faz-se sentir na zona das Olaias e Chelas, mas também no contacto com os sem-abrigo, em especial na Baixa lisboeta. Anualmente, organiza a sopa dos pobres, durante a época de Natal.

texto por Tony Neves, Nuno Rosário Fernandes e Diogo Paiva Brandão
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