Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
“O nosso carisma é o martírio”
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A vida dos cristãos que habitam em territórios sob o domínio muçulmano é para nós, habitualmente, desconhecida.

Sabemos que os países africanos que se encontram abaixo do deserto do Sara ainda constituem – hoje talvez mais do que nunca – terra de missão. Com efeito, são muitas ainda, apesar de todo o esforço eclesial, as comunidades que não têm o seu sacerdote, que necessitam dos missionários vindos de terras estrangeiras e que as visitam apenas de tempos a tempos; que sofrem o pesadelo da guerra; que vivem em condições de vida pouco humanas; ou que, à falta de quem lhes anuncie o Evangelho, se vêem abandonadas às seitas mais estranhas que possamos imaginar.

No entanto, a Igreja continua aí a crescer, hoje também mais do que nunca. Crescem as vocações, crescem os números dos baptizados, crescem as dioceses. É, podemos também dizê-lo, uma Igreja florescente e cheia de esperança.

Mas se, graças a Deus, destas comunidades africanas nos vão chegando notícias, seja pelas revistas missionárias, seja pelas geminações de paróquias ou até pelo conhecimento directo, das Igrejas que se encontram sob um regime onde expressamente vigora a lei muçulmana, na África ou na Ásia, pouco, ou quase nada sabemos. Sabemos que existem; sabemos que são toleradas, mas sabemos igualmente que são Igrejas perseguidas. Apesar de muitas remontarem aos inícios do cristianismo, a sua existência, o modo como vivem e o ambiente cultural onde vivem é-nos particularmente desconhecido.

“O nosso carisma é o martírio” – era assim que D. Louis Sako, arcebispo de Kirkuk, no Iraque, resumia há dias a vida da Igreja no seu país, onde, se é certo que a Lei islâmica não vigora oficialmente, não deixa de ser verdade que é muitas vezes aplicada.

Combatidas pelos fundamentalistas islâmicos, ignoradas (senão igualmente perseguidas) pelos invasores, ou pelo novo poder político nos países onde se deu aquilo a que muitos chamaram de “Primavera” islâmica, as comunidades cristãs sentem-se abandonadas, vítimas das bombas, dos ataques individuais ou colectivos, e mesmo da indiferença, de tal modo que são já várias as centenas de crentes que, nestes últimos tempos, morreram por causa da fé.

É o testemunho silencioso daqueles que recusaram abandonar o país onde nasceram e, ao mesmo tempo, perseveram em manter viva a fé que receberam de há muito, apesar de todas as perseguições.

É certo que, como afirmou Tertuliano, “o sangue dos mártires é semente de cristãos”. Mas isso não nos pode fazer esquecer aqueles que são nossos irmãos, cristãos como nós, e que, precisamente por causa disso, vivem a dureza de quem ousa ter fé em Jesus Cristo. Pelo menos não nos pode fazer esquecer que eles, como todos os cristãos perseguidos, devem ter um lugar muito especial na nossa oração e no nosso coração.

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