Missão |
D. Luis Maria Onraita, Arcebispo de Malanje
Missão do País Basco ao Planalto de Angola
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Basco de nascença, angolana de Missão, D. Luis Maria chegou a Malanje há 52 anos. Foi missionário ali e em Luanda. É Bispo há 15 anos e acaba de ser nomeado Arcebispo de Malanje. Ajudou os jovens a preparar a independência e aposta agora na Família, na Reconciliação das pessoas e na reconstrução das estruturas que a guerra arrasou.

 

De Espanha a Angola

Nasceu no país basco e, quando foi ordenado padre, partiu para Angola. Explica porquê: “As três Dioceses Bascas tinham um compromisso missionário no Equador. Em 1959 decidiram iniciar uma presença missionária em Angola. E, Deus lá sabe porquê, escolhi Angola”.

E assim chegaria a Malanje, em pleno tempo colonial, sem conhecer nada nem ninguém, mas com uma grande vontade de viver com o Povo e anunciar-lhe Jesus Cristo. Até hoje: “A minha vida sacerdotal é toda angolana”.

 

Do Cuale a Maxinde

O primeiro impacto da chegada a Angola foi a festa do acolhimento e a maravilha da novidade: “Desde o primeiro momento, senti-me em casa, mesmo que tenha parado numa Missão a 185 kms de Malanje, o Cuale”.

Dois anos mais tarde, o Bispo chamou-o à cidade para lançar as bases de uma Paróquia-Missão na periferia. Assim nasceria Maxinde que se tornou uma referência de pastoral e social. Sendo estrangeiros, os Padres Bascos eram olhados com suspeita pelas autoridades, uma vez que a grande aposta foi a da formação dos jovens, abrindo-lhes novos horizontes que os preparariam para a independência. Em 1972, foi enviado a Roma para estudos em Ciências Sociais e Filosofia. Lá viveria, ao longe, os tempos da independência, sempre com grande vontade de regressar. Lá teria conhecimento do início da guerra civil e dos momentos trágicos que matariam muitos dos jovens formados em Maxinde, naquele ainda tão mal explicado ‘Maio de 1977’. Confessa D. Luis Maria: “Ainda não entendo o que se passou. Muitas das melhores ‘cabeças’ foram mortas”.

 

De Luanda a Bispo de Malanje

O P. Luis Maria pôde, finalmente, regressar a Angola em 1978, sendo enviado a Luanda para lançar as bases de uma nova Paróquia na periferia da capital: Bairro Precol. Era musseque, com todos os problemas destes espaços pobres. Era urgente construir comunidade, unir as pessoas, ajuda-las. Lá esteve 18 anos e foi pela qualidade do trabalho pastoral conseguido que seria convidado para Bispo de Malanje.

Foi um regresso, em 1996, agora como Pastor. Sentiu-se bem acolhido, como se de lá nunca tivesse saído. ‘Reconstrução’ dos corações, das missões, das escolas, das igrejas… tem sido essa a sua missão episcopal. Salienta a reorganização das comunidades do interior, que passaram dezenas de anos sem a presença dos missionários. Os catequistas e outros líderes foram os heróis desta época, muitos morreram ou foram perseguidos. Agora, com novas estradas e pontes, tem sido possível visitar as comunidades que ficam muito felizes com a presença do Bispo e dos Missionários.

 

Educação e Voluntariado Jovem

Uma grande aposta de D. Luis Maria foi a da Educação. Liderou um processo de negociação com o Governo que ficou gravado em Protocolo: a Igreja garante a propriedade e direcção das Escolas e o Governo assegura os salários dos professores. Assim, em Malanje, há hoje 32350 alunos nas Escolas da Diocese, com 1100 professores.

Em Agosto, um grupo de Jovens Sem Fronteiras fez uma Missão em Kalandula, no interior da Diocese. O Bispo, que apoiou e acompanhou o projecto, tece-lhe muitos elogios: “Foi muito bom. Os jovens trabalharam bem, fizeram um esforço de partilhar a vida com o povo, visitaram as comunidades pobres da interior. Senti que as pessoas gostaram muito deles e percebi que eles saíram daqui mais ricos e reforçados na sua vocação de jovens cristãos. Foi óptimo”.

 

Arcebispo… com recados do Papa

D. Luis Maria celebrou com muita festa os 50 anos de Padre em 2007. A 12 de Abril de 2011, o Vaticano decidiu fazer de Malanje uma Arquidiocese, nomeando-o Arcebispo. Continua, sereno e comprometido, o processo de reconciliação em que a Igreja está envolvida e aposta na pastoral da família que a guerra e as ideologias foram destruindo a partir dos alicerces.

Os Bispos de Angola acabam de visitar Bento XVI de quem receberam algumas orientações pastorais. Assim, Angola tem de investir mais na família e na luta contra a feitiçaria e o tribalismo. D. Luis Maria concorda que os efeitos da guerra ainda se sentem e se, até 2002, se dizia “é preciso acabar com a guerra”, agora há que mudar o discurso e dizer: “É preciso manter a paz nos corações”.

 

 

PERFIL

1933 – Nascimento em Alava – País Basco, Espanha

1957 – Ordenação Presbiteral em Vitória, Espanha

1959 – Missão em Malanje

1972-78 – Ciências Sociais e Filosofia, em Roma

1978 – Missão em Luanda

1996 – Bispo de Malanje

2011 – Arcebispo de Malanje

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