Domingo |
À Procura da Palavra
Ver para amar

CRISTO REI

Quando é que te vimos...?.”

Mt 25, 37


Entre todas as procuras humanas creio que o desejo de “ver Deus” é das maiores. Ver se existe ou não, como é, e caso acreditemos que é Ele mesmo, então fazer-lhe o rol de perguntas que nos acompanham há séculos. É claro que, teologicamente, ver Deus “com estes olhos que a terra há-de comer” não se dá muito bem com a fé, que é acreditar sem ver, mas digam lá que não gostavam de vê-l’O, nem que fosse só um bocadinho? Ver onde O tornamos presente é concretizar essa procura e aí estão as grandiosas obras religiosas, os magníficos templos e as liturgias solenes, os belíssimos textos religiosos e as vidas consagradas ao louvor e ao serviço de Deus e das pessoas.

Ao contar a parábola do juízo final, Jesus interpela-nos radicalmente: Ele está sempre presente nos pequeninos e necessitados. Adianta pouco dizer que O procurámos em muitos lugares e que visitámos numerosos santuários. No exame final da vida (e em cada exame trememos sempre um bocadinho por dentro!) Jesus surpreende com os critérios de avaliação: o amor salva e a indiferença mata! Desvalorizam-se as listas de méritos, caiem as hierarquias, torna-se insignificante a religião que não conduziu ao cuidado de quem sofre. Lembro-me de São João da Cruz: “No entardecer da vida seremos julgados pelo amor.” Pelo amor que Deus é (e essa é a esperança que nos habita) e pelo amor que aprendemos a viver (e essa é a oportunidade quotidiana). É então que percebemos como o Evangelho se torna corpo na vida de quem o põe em prática. E como o reino de Deus se concretiza em gestos humanos de serviço, carinho e cuidado a quem necessita.

Mas a maior surpresa foi a dos que perguntam: “quando é que Te vimos?” Não foi por motivos religiosos, para cumprir mandamentos, ou por pensarem muito em Jesus Cristo que se aproximaram de quem sofria. Simplesmente fizeram o que estava o seu alcance: aliviar um pouco a miséria e o abandono do outro. Fizeram-no gratuitamente, sem pensar em recompensas (ah, se todo o amor que dizemos ter a Deus fosse também assim..!). Por momentos ou durante toda a vida receberam os outros no centro da sua existência. Chamámos a estes gestos “obras de misericórdia” e descobrimos que há muitos mais. Revelam-nos como podemos ver Deus quando olhamos o rosto de quem sofre. Que tem sempre um nome, uma história, uma grandeza divina.

Longe dos olhos, longe do coração” diz a sabedoria popular. Amar o visível é o maior caminho que Jesus nos propõe. Para não nos perdermos em espiritualismos nem em discursos vazios. Pois antes de ver Deus, Ele vê-me a mim. E faz-me ver o que me rodeia. O que posso mudar sozinho e o que só mudo com a ajuda de outros. Para que nada fique longe do seu coração!

P. Vítor Gonçalves
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