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Egipto: Cairo volta a ser palco de violentos confrontos
O medo está de volta
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Depois dos graves incidentes em Outubro, que provocaram a morte a mais de duas dezenas de cristãos coptas, a praça Tahrir voltou a ficar manchada de sangue. Os cristãos estão outra vez cheios de medo. Haverá eleições, amanhã, dia 28? 

 

Os graves incidentes que ocorreram em Outubro, no Cairo, e que causaram a morte a pelo menos duas dezenas de cristãos coptas, foram como que um mau presságio do que se tem estado a viver no Egipto desde o fim-de-semana passado. Em Outubro, o mundo viu, incrédulo, tanques do exército a esmagarem impunemente manifestantes revoltados com a destruição de mais uma igreja no país. Milhares de cristãos saíram então às ruas, num protesto invulgar, pela sua dimensão, contra a opressão a que estão sujeitos neste país de maioria muçulmana.

 

Mais conflitos

Agora, precisamente durante a semana que antecede a realização das primeiras eleições livres no país após a queda de Mubarak, as ruas voltaram a ser palco de sangrentos confrontos entre manifestantes, o exército e as forças da ordem, com dezenas de mortos e centenas de feridos. O mundo questiona-se sobre o que está a acontecer. Basicamente, há um braço de ferro sobre quem vai liderar a nova constituição do país, a carta magna que vai ditar as regras do funcionamento político do Egipto a partir de agora.

 

Militares contestados

Os manifestantes insurgem-se contra a possibilidade de os militares se manterem no poder mesmo após o acto eleitoral, exigindo, por isso, que o líder do Governo militar do Egipto seja substituído por um conselho civil. Observadores internacionais afirmam, no entanto, que estas manifestações no Egipto são uma prova de força inequívoca dos grupos islâmicos, especialmente da Irmandade Muçulmana, que pretendem assim condicionar o acto eleitoral.

 

Primavera árabe

Os graves incidentes de Outubro e estes agora, mais recentes, precisam de ser vistos em conjunto para serem compreendidos. “A primavera no mundo árabe, como estas revoltas ficaram conhecidas, parece que acordou muita gente, inclusive os coptas”, diz o sacerdote católico Celso Pedro da Silva, professor emérito da Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, de São Paulo, e profundo conhecedor da realidade egípcia.

 

Coptas discriminados

Os cristãos são profundamente discriminados. No Egipto, onde representam apenas 10 % da população, a filiação religiosa tem de constar dos documentos de identificação dos cidadãos. E ser-se cristão neste país predominantemente islâmico significa ficar sem acesso, tantas vezes, ao mercado de trabalho, à educação e à segurança.

 

Entre a Irmandade e o exército

Sem ninguém que os defenda, os cristãos estão assim como que encurralados entre dois focos poderosos: por um lado, a Irmandade Muçulmana, uma organização islâmica fundamentalista que pretende “retomar” os ensinamentos do Corão, rejeitando qualquer tipo de influência ocidental, e, por outro, o exército que não teve pudor em mandar avançar os seus tanques contra os coptas quando estes pediam precisamente segurança e que respeitassem as suas igrejas.

 

O apoio da Fundação AIS

A Fundação AIS tem vindo a alertar os portugueses para a grave situação em que se encontram os cristãos coptas no Egipto. Neste momento, estão a ser apoiados vários projectos em Alexandria, Guiseh e Ain Shams. Mas tão importante quanto estes projectos, é a necessidade de se estabelecerem laços de solidariedade activa para com estes irmãos perseguidos por causa da sua fé. Rezar por eles e denunciar esta situação ao mundo é já um princípio de esperança.

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