Lisboa |
Paróquia de Tires celebra 25 anos
Uma paróquia ao ritmo da missão
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É uma paróquia que combina o ritmo citadino com o espírito rural. Confiada desde a sua fundação aos padres Espiritanos, a paróquia de Tires, em Cascais, assinala por estes dias os 25 anos e faz da missão o seu principal objectivo.

 

Ao falar-se da paróquia de Tires, um nome é incontornável: padre Agostinho Pereira da Silva. Foi este sacerdote Espiritano que, nos primeiros anos da década de oitenta do século passado, tudo fez pela criação da paróquia de Tires. “O padre Agostinho Silva foi o grande dinamizador e o grande ‘arquitecto’ desta paróquia de Tires. É um sacerdote que nós, ainda hoje, sempre lembramos! Foi um homem que deixou um testemunho muito grande!”, salienta ao Jornal VOZ DA VERDADE o actual pároco, padre Manuel Magalhães, que está presente em Tires há sete anos.

Criada pelo Patriarca de Lisboa a 8 de Dezembro de 1986, a paróquia de Nossa Senhora da Graça, em Tires, foi desagregada da paróquia de São Domingos de Rana, que ao tempo estava também confiada aos padres Espiritanos. “Nós estávamos em São Domingos de Rana desde os anos 40, 50. Certamente pelo crescimento que foi acontecendo em Tires, o Cardeal D. António Ribeiro entendeu ser necessário instituir esta nova paróquia”.

Ao longo destes 25 anos, a paróquia de Tires esteve sempre entregue aos padres Espiritanos. O primeiro pároco foi o padre Agostinho Silva, que esteve à frente dos destinos da paróquia até à data do seu falecimento, a 8 de Março de 1997. Seguiram-se os padres Manuel Martins, José Cunha e Domingos da Rocha Ferreira, que se encontra agora na Amazónia. Actualmente, além do pároco, padre Manuel Magalhães, a paróquia conta com a colaboração do padre Simon, um sacerdote nigeriano, também Espiritano, que foi ordenado no passado mês de Julho.

 

Cidade ou campo?

Foi há sete anos que o padre Manuel Magalhães – que é natural da freguesia de Tresminas, em Vila Pouca de Aguiar, Trás-os-Montes – chegou a Tires. Foi nesta paróquia da Vigararia de Cascais que este sacerdote Espiritano teve a sua primeira experiência como pároco em Portugal. “Passei por muitas paróquias, mas sempre em trabalho missionário. Fui pároco noutros países, mas nunca aqui em Portugal”, partilha.

Tires é uma povoação da freguesia de São Domingos de Rana, no concelho de Cascais, que tem um ritmo de cidade, mas que conserva o espírito do campo. “Tires, ainda hoje, conserva o espírito rural! Há vários sinais disso mesmo. Esta paróquia está situada numa parte do concelho que é caracterizada por isso: ou seja, é composta por pessoas que vieram para aqui provenientes de muitos pontos do país, particularmente do Alentejo. Foi crescendo à volta de várias realidades, entre elas a prisão – que trouxe muita gente, sobretudo aquando da sua construção – e o aeródromo”, destaca o padre Magalhães, sublinhando que a componente citadina e rural “se manifesta em toda a realidade da paróquia”. A comunidade estrangeira, segundo conta, é quase toda ela composta por africanos, particularmente de Cabo Verde, mas também de Angola e Guiné.

 

Atender às carências

No retrato feito pelo pároco de Tires, as carências da população são muitas. E a paróquia procura estar atenta a todos os sinais de necessidade. “As carências são bastantes. Esta zona do concelho de Cascais é diferente de outras à beira-mar”, salienta, apontando as respostas que a Igreja procura dar: “Temos um centro comunitário que assiste, entre aqueles que vêm ao centro e os que são assistidos em casa, mais de 150 pessoas! Há também o grupo ‘Justiça e Paz’, que é uma espécie de Conferências de São Vicente de Paulo e que faz a distribuição de alimentos a um número de pessoas que não pára de aumentar”.

O Centro Comunitário de Tires tem um centro de dia que acolhe diariamente cerca de 80 idosos. Esta valência conta ainda com uma viatura para ir ao encontro dos utentes. Por outro lado, presta também assistência às famílias – com distribuição de 50 a 60 refeições por dia – e a pessoas dependentes.

Por estes dias, a paróquia de Tires inaugura uma nova creche, situada num outro pólo da paróquia, em Caparide. (ver caixa)

 

Em movimento

O primeiro pároco de Tires, padre Agostinho Pereira da Silva, deu uma importância muito particular ao papel dos leigos. Para o padre Magalhães, “o padre Agostinho estruturou a paróquia de Tires com bases muito importantes”.

A formação litúrgica e bíblica sempre foi uma das apostas desta paróquia da Vigararia de Cascais. “Durante muitos anos, sempre tivemos imensos leigos a participar nos Encontros de Liturgia, em Fátima. Agora são menos, mas é ainda um grupo assinalável, que é uma espécie de coluna vertebral da paróquia”. No domínio da liturgia – dos leitores, dos cantores, dos ministros da comunhão, entre outros – o padre Magalhães quer dar especial impulso aos acólitos. “Neste momento, é um grupo que está a precisar de um ‘empurrão’… seja com acólitos crianças, mas também adolescentes ou mesmo mais velhos”.

A paróquia de Tires conta ainda com a presença de outros movimentos da Igreja, como o grupo Renascer, a Legião de Maria, o Shalom, um pequeno grupo de oração do Renovamento Carismático, um outro de acção missionária e as Equipas de Casais de Nossa Senhora.

 

A preocupação pelos mais novos

A catequese é outra das apostas desta Igreja local em Tires. Os cerca de trinta catequistas da paróquia dão catequese a mais de 220 crianças e adolescentes. O desafio actual passa também pela catequese de adultos, segundo refere o pároco. “Estamos a tentar dar um desenvolvimento maior à catequese dos pais. Antes de mais, procuramos motivar os pais que têm os filhos na catequese, mas o objectivo é ir sempre ao encontro dos cristãos para eles aprofundarem a sua fé”.

O agrupamento de escuteiros tem também um papel fundamental na vida da paróquia de Tires. “É um bom grupo, bem dirigido, que está empenhado na paróquia. Entre as quatro secções – lobitos, exploradores, pioneiros e caminheiros – temos à volta de 150 escuteiros!”, frisa o padre Magalhães, apontando que os escuteiros animam mensalmente a Eucaristia, no segundo Domingo de cada mês, às 11h30.

Ordenado há 48 anos, o padre Manuel Magalhães dedicou grande parte da sua vida a África. “Passei por muitos lugares, mas aqueles que mais recordo são Angola e Guiné-Bissau. Estive nestes países mais de dez anos”. Neste sentido, é com satisfação que o pároco de Tires vê diversos jovens da sua paróquia empenhados em fazer missão nestes países. Através do movimento missionário dos Espiritanos, Jovens Sem Fronteiras, são vários os jovens que participam em actividades missionárias. “Temos tido jovens da nossa paróquia que vão fazer com os Jovens Sem Fronteiras uma semana de missão para países longínquos, na chamada ‘Ponte’. Este ano foram dois jovens para Angola! Ao longo do ano, os jovens empenham-se em actividades paroquiais”, destaca o padre Manuel Magalhães.

 

Paróquia apadrinha crianças bolivianas

A paróquia de Tires apadrinha, desde há três anos, onze crianças bolivianas da paróquia de Santa Cruz de la Sierra, que é a segunda maior cidade da Bolívia. O projecto nasceu através de um jovem cabo-verdiano que esteve na paróquia como seminarista e que agora é sacerdote, o padre Flávio. “Ele foi para a Bolívia, já como padre, e houve a ideia de estabelecermos uma espécie de parceria, tendo como objectivo ajudar as crianças de lá”. Estas crianças são ajudadas não só pela paróquia como pelos próprios leigos da comunidade cristã de Tires. Como forma de homenagear estas crianças e o projecto, a paróquia organizou um placard de fotografias, que está situado junto à entrada da igreja paroquial.

 

Uma paróquia viva

Presente há sete anos em Tires, o padre Magalhães diz que a sua preocupação nestes anos foi sobretudo “dar continuidade” ao trabalho do padre Agostinho Pereira da Silva, o primeiro pároco. “Acredito que a paróquia tem uma certa vida, muito para além dos seus limites! De facto, irradia uma acção que atinge muitas pessoas, algumas das quais não estão ligadas pela fé, mas que, na verdade, são servidas pelo trabalho da comunidade cristã”.

 

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Aniversário em dia da Solenidade da Imaculada

A paróquia de Nossa Senhora da Graça, em Tires, assinala os 25 anos no próximo dia 8 de Dezembro. Na igreja paroquial, às 11h, o cónego Francisco Tito, Vigário-Geral do Patriarcado de Lisboa, em representação do Cardeal-Patriarca, D. José Policarpo, preside à Eucaristia. Os festejos prosseguem depois no salão da paróquia em Caparide, com um almoço convívio. O lema escolhido para celebrar estes 25 anos vem do tempo do padre Agostinho Pereira da Silva, o primeiro pároco: ‘Uma paróquia ao ritmo da missão’.

Como preparação desse dia 8 de Dezembro, vão estar na paróquia de Tires, entre os dias 3 e 8 deste mês, os padres Miguel Ribeiro e Hugo Ventura, que é natural da paróquia. “Estes dois sacerdotes irão estar com as pessoas e muito particularmente com os jovens e as crianças da catequese. Possivelmente, irão ainda a algumas escolas”, revela o padre Magalhães.

A celebração do encerramento dos 25 anos será no 2º Domingo da Páscoa, no dia 15 de Abril de 2012.

 

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Nova creche acolhe 80 crianças

Foi durante esta semana que a nova creche do Centro Comunitário de Tires abriu portas para acolher 80 crianças dos três meses aos três anos. Situado em Caparide, que fica a cerca de dois quilómetros de Tires, o novo equipamento nasceu das necessidades da população local. “Caparide é uma zona da paróquia constituída por casais mais novos. Por outro lado, é também uma zona pobre e isso vê-se no contributo que os pais vão prestar à creche”, salienta o pároco de Tires.

Apesar de ter aberto portas esta semana, a inauguração oficial decorre apenas a 12 de Janeiro de 2012, numa cerimónia que será presidida pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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