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25 de Dezembro
A data do nascimento de Jesus
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Porque celebramos o Natal a 25 de Dezembro? Durante anos, a data esteve ligada ao solstício, mas estudos recentes apontam a celebração do Natal do Senhor como a memória de uma data histórica, festejada pelos primeiros cristãos desde os primórdios do cristianismo.

 

Entre os teólogos, biblistas e liturgistas é assumido como dado quase adquirido que a data exacta do nascimento de Jesus é desconhecida, e que o dia 25 de Dezembro, longe de assinalar a data histórica do nascimento do Salvador é, essencialmente, uma “data litúrgica”, quer dizer, a cristianização das festas pagãs do Natale Solis invicti, que celebravam o solstício de inverno, depois dos meses em que as noites eram maiores que os dias. Os cristãos teriam aproveitado estas festividades dando-lhe um cunho cristão, ao celebrarem o mistério da manifestação em nossa carne mortal d’Aquele que ilumina o mundo inteiro, que “nos visita como Sol nascente, para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte” (Lc 1,78-79).

Por referência à festa do Natal, teriam depois surgido outras datas litúrgicas: a Anunciação (25 de Março, ou seja, 9 meses antes do nascimento de Jesus) e, nas liturgias orientais, a 23 de Setembro (seis meses antes), o anúncio do anjo a Zacarias e, 9 meses depois desta, o nascimento de S. João Baptista (24 de Junho).

Contudo, há anos atrás, um investigador, biblista e teólogo italiano, Tommaso Federici, propôs uma outra leitura destas datas, cujo início da celebração remonta aos tempos primeiros do cristianismo, pelo menos ao século II. De acordo com Federici, a justificação tradicional que resumimos acima, não passa de uma hipótese, justificada apenas pelo facto de ainda não se ter encontrado qualquer referência exacta, a partir da qual fosse possível uma datação mais certa daqueles acontecimentos da história da salvação.

A partir dos estudos que o especialista Shemarjahu Talmon, da Universidade Hebraica de Jerusalém, realizou sobre os célebres “Escritos dos Mar Morto” ou de Qumran, publicados já em 1958, um outro estudioso, Antonio Ammassari, conseguiu determinar, em 1992, quais fossem as datas do célebre “turno de Abias”, de que Zacarias, pai de João Baptista, fazia parte (Lc 1,5): os sacerdotes deste grupo encontravam-se ao serviço do Templo de Jerusalém de 8 a 14 do terceiro mês do calendário, e de 24 a 30 do oitavo mês. Ora, de acordo com o calendário solar (usado no tempo de Jesus pelos essénios de Qumran), este segundo tempo de serviço sacerdotal correspondia aos últimos dez dias do nosso mês de Setembro. Assim, é perfeitamente possível que a festa oriental do anúncio a Zacarias (23 de Setembro) não seja uma mera celebração “litúrgica” ou “teológica”, mas o fruto de uma memória que as primeiras comunidades cristãs tinham ciosamente guardado, e depois festejaram liturgicamente. Assim sendo, o Anúncio feito à Virgem Maria, que S. Lucas coloca no 6º mês posterior à conceção do Baptista (Lc 1,26) teria efectivamente ocorrido a 25 de Março; o nascimento de S. João ter-se-ia dado muito plausivelmente a 24 de Junho, e o de Jesus, a 25 de Dezembro. Deste modo, ao contrário do que se pensa, a celebração do Natal do Senhor é a memória de uma data histórica, festejada pelos primeiros cristãos desde os primórdios do cristianismo.

Com efeito, de acordo com Federici, “devemos tomar a sério, ao contrário do que habitualmente se faz, a incrível memória das comunidades cristãs no que toca aos acontecimentos evangélicos e aos lugares onde os mesmos tiveram lugar”. Desta forma, os achados arqueológicos em Nazaré e em Belém conduzem à confirmação dos dados evangélicos e à certeza da localização dos acontecimentos.

O mesmo devemos, portanto, afirmar dos dados cronológicos: “as Igrejas – afirma aquele estudioso – conservaram ininterruptamente a memória dos acontecimentos, e quando os celebraram liturgicamente não fizeram mais que sancionar um uso imemorial da devoção popular”. Por isso mesmo, as grandes festas do Senhor e da Virgem Maria são praticamente todas provenientes da Palestina, tendo depois sido aceites nas comunidades espalhadas um pouco por todo o Império Romano, não sem que antes se fizessem prévias verificações sobre a sua verdade. Devemos, aliás, reconhecer, afirma Tommaso Federici, que “os nossos antepassados na fé não acreditavam logo em tudo os que se lhes dizia, mas eram, pelo contrário, justamente desconfiados, recusando várias vezes qualquer tentativa ilícita e ilegítima de culto não provado”.

 

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Simbologia no Natal

 

O presépio

A palavra “presépio” tem a sua origem no latim praesepire e significa um lugar cercado para dar comida e descanso aos animais, hoje conhecido por estábulo ou curral. Esse foi o lugar onde Jesus nasceu: um lugar destinado aos animais.

No contexto natalício, o presépio é a cena que representa o nascimento do Menino Jesus que começou a ser celebrado desde o século III, data das primeiras peregrinações a Belém, para se visitar o local onde Jesus nasceu.

Desde o século IV, começaram a surgir representações do nascimento de Jesus em pinturas, relevos ou frescos.

O primeiro presépio ao vivo surge em 1223 representado por S. Francisco de Assis. Nesse ano, em vez de festejar a noite de Natal na Igreja, como era seu hábito, o Santo fê-lo numa gruta da floresta de Greccio, para onde mandou transportar uma manjedoura, um boi e um burro. Para além disso, colocou, também, na gruta as imagens do Menino Jesus, da Virgem Maria e de S. José. Desta forma procurou explicar melhor o Natal às pessoas comuns, camponeses que não conseguiam entender a história do nascimento de Jesus.

 

Reis Magos

Terá sido o historiador inglês São Bedas (673-735) o primeiro a citar os nomes e a descrever os três Reis Magos. Cada um deles representa uma raça.

O africano Baltazar, com cerca de 30 anos, o asiático Gaspar, com 15 anos, e o europeu Melchior (ou Belchior), com aproximadamente 40 anos. Os Reis Magos foram os primeiros a visitar o Menino Jesus, e ofereceram-lhe presentes: Mirra (resina extraída da árvore do mesmo nome), em sinal da sua humanidade. Incenso, para representar a divindade do Menino Jesus. E ouro, em homenagem à sua realeza.

 

As quatro missas natalícias

Actualmente, existem quatro missas de celebração do Natal. A Missa da Vigília do Natal que se pode celebrar no dia 24, antes ou depois da oração de final de tarde, chamada Vésperas. No dia de Natal celebra-se a Missa da Meia-Noite, normalmente conhecida por Missa do Galo, a Missa da Aurora, pela manhã, e a Missa do Dia. Na história destas celebrações existia, na Igreja Romana, uma única celebração Eucarística na Basílica de São Pedro, pela manhã. Por isso a chamada Missa do Dia é a mais antiga. Seguiu-se a Missa da Meia-Noite que se começou a celebrar no século V na Basílica de Santa Maria Maior, a exemplo do que já se fazia na gruta de Belém. E finalmente no século VI começou a celebrar-se, também, a chamada Missa da Aurora que é praticamente um desdobramento da Missa da Meia-Noite quanto à temática da luz. É também por esta altura que se começa a celebrar a Missa da Vigília.

Tradicionalmente, a Missa celebrada à Meia-Noite é denominada Missa do Galo. Desde o século IV, um hino latino cantado na celebração do Natal aponta o nascimento de Jesus Cristo no meio da noite. Daí o costume de assumir a meia-noite como hora do nascimento de Jesus.

O nome "Missa do Galo" teve origem no facto de Jesus ser considerado o Sol nascente que nos veio visitar. Recorde-se que só a Missa do Galo e a Missa de Páscoa são celebradas à meia-noite, pois nelas se encontra o sentido de procurar a luz no meio da noite.

No antigo Império Romano o galo era considerado uma ave sagrada tendo passado a simbolizar vigilância, fidelidade e testemunho cristão. Segundo a tradição o galo foi o primeiro a presenciar o nascimento de Jesus, ficando encarregado de anunciá-lo ao mundo. O galo é a primeira ave a ver os raios de sol e, portanto, ao reverenciar o sol nascente, estaria a louvar, em primeiro lugar, Jesus Cristo.

 

Árvore de Natal

Representa a vida renovada, o nascimento de Jesus. O pinheiro foi escolhido pelas suas folhas sempre verdes, cheias de vida. Esta é uma tradição que terá surgido na Alemanha, no século XVI.

 

Os presentes

Simbolizam as ofertas dos três Reis Magos. Era um hábito anterior ao nascimento de Cristo. Os romanos celebravam a Saturnália a 17 de Dezembro com a troca de presentes. No Ano Novo romano fazia-se a distribuição de ‘mimos’ para as crianças pobres.

 

Os Sinos

Os sinos, que muitas vezes vemos como representação, também, do Natal, encontram o seu significado no seu toque. O toque do sino no Natal simboliza a alegria e o júbilo pelo nascimento de Jesus Cristo. As badaladas dos sinos de Natal representam a mensagem "Nasceu Jesus!".

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