Missão |
Bento XVI conclui II Sínodo africano
Apelo à Justiça, Paz e Reconciliação em África
<<
1/
>>
Imagem

A Igreja em África já teve direito a dois Sínodos. O primeiro com João Paulo II e o segundo com Bento XVI.

Um Sínodo é uma proposta de caminho. Com muita força e algumas debilidades, o continente africano abre portas a um tempo marcado pela esperança. A Exortação Apóstólica pós-Sinodal, de Bento XVI, mostra as forças a cultivar na Igreja em África e as fragilidades a combater. Tentarei fazer uma ‘Visita Guiada’ a ‘O Compromisso de África’, um documento único que vai marcar a Igreja nos próximos tempos.

 

Opção pelos mais pobres

A Missão específica da Igreja é produzir frutos de amor: a reconciliação, a paz e a justiça (nº3).

O povo de África é religioso: ‘privar de Deus o continente africano significaria fazê-lo morrer pouco a pouco, tirando-lhe a sua alma’ (nº7). Bento XVI vê em África um ‘imenso pulmão espiritual para uma humanidade que se apresenta em crise de Fé e de esperança’ (nº13).

Cristo propôs a ‘revolução do amor’ (nº26), assente na lógica das bem-aventuranças: ‘deve ser dada uma atenção preferencial ao pobre, ao faminto, ao doente, ao estrangeiro, ao oprimido, ao prisioneiro, ao emigrante desprezado, ao refugiado ou ao deslocado’ (nº26).

A Igreja em África está presente onde há sofrimento, onde é preciso fazer eco do ‘grito silencioso dos inocentes perseguidos ou dos povos cujos governantes, em nome de interesses pessoais, hipotecam o presente e o futuro’ (nº30).

 

Família, mulheres e crianças

Quando falha a família, ‘a sociedade no seu conjunto sofre violência e torna-se, por sua vez, geradora de múltiplas violências’. Ela é ‘o lugar propício para a aprendizagem e a prática da cultura do perdão, da paz e da reconciliação’ (nº43). Os idosos devem ser respeitados, ‘porque o tempo vivido ensinou a grandeza e a precariedade da vida’ (nº47).

As mulheres desempenham um papel de grande relevo em África. Bento XVI incentiva-as: ‘sois para as Igrejas locais como que a ‘espinha dorsal’, porque o vosso elevado número, a vossa presença activa e as vossas organizações são de grande apoio para o apostolado da Igreja’ (nº58). O Papa também refere os jovens: ‘é preciso amar esta juventude, estimá-la e respeitá-la’ (nº60) e desafia-os: ‘cultivai em vós a aspiração pela fraternidade, a justiça e a paz’(nº63) Não tenhais medo de Cristo! Ele não tira nada, Ele dá tudo! Quem se entrega a Ele, recebe o cêntuplo!’ (nº64). A infância também é referida: ‘como não deplorar e denunciar vigorosamente os intoleráveis maus tratos infligidos a tantas crianças em África?’ (nº67).

 

Economia solidária

O Papa convida a Igreja a apoiar uma ‘economia atenta aos pobres e decididamente contrária a uma ordem injusta que, a pretexto de reduzir a pobreza, frequentemente contribui para a agravar’. A consciência humana ‘sente-se chocada com a opulência de alguns grupos’. A Igreja, ‘deve denunciar a ordem injusta que impede os povos africanos de consolidarem a sua própria economia’ (nº79).

Bento XVI defende que haja uma globalização da solidariedade que já se manifesta nas ajudas internacionais e pede especial atenção para com as pessoas mais frágeis e mais pobres das comunidades (nº116).

 

O impacto dos media

O mundo da informação e da comunicação também é espaço de missão: ‘as novas tecnologias da informação podem tornar-se instrumentos poderosos de coesão e paz, ou, pelo contrário, promotores eficazes de destruição e divisão’ (nº143). Utilizar bem os media é ajudar a ‘promover os valores defendidos pelo Sínodo: a justiça, a paz e a reconciliação na África e permitirá a este continente participar no desenvolvimento actual do mundo’ (nº146).

 

Apelo à Esperança

Depois de falar da importância da Palavra de Deus e dos sacramentos na vida dos cristãos africanos, Bento XVI sugeriu que, para encorajar a reconciliação, ‘se celebre todos os anos, em cada país africano, um dia ou uma semana de reconciliação, particularmente durante o Advento ou a Quaresma’ (nº157).

Na conclusão, Bento XVI diz que este II Sínodo foi um apelo à esperança lançado a África. Recorda que ‘o rosto que assume hoje a evangelização é o da reconciliação, condição indispensável para instaurar na África relações de justiça entre os homens e para construir uma paz equitativa e duradoura no respeito de cada indivíduo e de todos os povos’ (nº174). Todos os cristãos devem ‘colaborar com a graça do Espírito Santo para que continue o milagre do Pentecostes no continente africano, e cada um se torne sempre mais apóstolo da reconciliação, da justiça e da paz’ (nº177).

Tony Neves
A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES