Lisboa |
Mensagem para a Quaresma do Cardeal-Patriarca de Lisboa
Esperança ajuda a não desesperar
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O Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, convida os cristãos da diocese a viver o tempo de Quaresma fundados na fé, na esperança e na caridade, sublinhando que a virtude da esperança teologal “ajuda a não ‘desesperar’ quando o sofrimento bate à porta”.


O convite é deixado na Mensagem para a Quaresma deste ano 2012, salientando que “num momento particularmente difícil que estamos a viver, são muitas as vozes que tentam suscitar a esperança”. Por esse motivo, D. José Policarpo faz questão de distinguir que a esperança que os cristãos querem viver é “a teologal, isto é, aquela que só é possível com a força do Espírito, que nos faz desejar a plenitude da vida em Cristo. Esta esperança teologal engloba todas a realidades da nossa vida presente, que ganham em Cristo um sentido novo”, refere.

 

Peregrinos do Céu

Na próxima quarta-feira, 22 de Fevereiro a Igreja inicia o tempo litúrgico da Quaresma, com a celebração das Cinzas. Segundo D. José Policarpo, este é um tempo que “convida a situar a nossa vida cristã no essencial da sua verdade: a de peregrinos do Céu, na humildade da nossa fragilidade e na coragem da nossa fidelidade”. “Em cada Quaresma, que o mesmo é dizer em cada Páscoa, somos chamados a viver com uma fidelidade renovada esta semente de eternidade que foi semeada em nós pelo Espírito de Cristo ressuscitado”.

Tendo como base a Mensagem para a Quaresma do Papa Bento XVI, caracterizando-a como “muito bela”, e apelando a que todos os cristãos devem partir dela, “para a vivência sincera da Quaresma”, o Cardeal-Patriarca de Lisboa faz questão de sublinhar que a sua mensagem “não pretende ser ‘outra mensagem, ao lado da do Santo Padre”. “Quanto muito, posso considerar alguns dos desafios que nos lança, situando-os nas realidades concretas da nossa Igreja Diocesana”, observa.

Salientando que “a fé é uma atitude que cresce e se aprofunda”, D. José Policarpo refere que “a Quaresma tem de ser tempo de aprofundamento da fé, pessoal e comunitária”. “Quem não vive a fé, torna-a mais fraca, menos segura, mais exposta às dúvidas; quem progride na fé, torna-a mais sólida, atitude inabalável, que vive a dúvida como um desafio, e enfrenta, sem vacilar, as diversas compreensões da vida que, hoje mais do que nunca, nos são dirigidas pelas vozes do mundo”. Segundo o Cardeal-Patriarca, a fé está sujeita a encontrar dificuldades que identifica na mensagem: “A fragilidade da fé é a sua rotina, é a tibieza nos sentimentos, é a sua redução a tradições, que se vão esfarelando no embate com as vozes do mundo”.

Neste sentido, o Patriarca de Lisboa aponta que “a fé é para ser vivida, na ousadia da liberdade e da vida, e não para ser guardada no cofre das memórias de família. Sempre que dizemos ‘eu creio’, afirmamos a nossa decisão de vida, a sua compreensão e o itinerário para atingir a sua plenitude”.

 

Aprofundar a vida nova

A esperança é outra das virtudes teologais a que a D. José Policarpo dá especial destaque nesta mensagem que dirige à Diocese de Lisboa para a Quaresma. Referindo que “vivem da esperança aqueles que já experimentaram a realidade definitiva da Páscoa de Jesus, inauguração da vida”, o Patriarca de Lisboa define esta virtude teologal como a “persistência no que já se tem, como fruto da nossa união a Cristo, e desejo de aprofundar essa vida nova”. “O próprio esforço de fidelidade está ligado à esperança”, comenta. D. José Policarpo recorda, ainda, que “a esperança exprime a fé no concreto da vida presente”.

 

União a Cristo é experiência de caridade

A caridade é a terceira virtude teologal a que se refere o Patriarca de Lisboa na Mensagem para Quaresma. Salientado que “viver unido a Cristo é uma experiência de caridade”, D. José Policarpo sublinha que é a caridade “vivida e desejada, que dá densidade à fé e à esperança”. Neste sentido, “o amor de Deus e o amor dos irmãos, para os cristãos, são um único amor”, e “quem ama a Deus, ama os irmãos. Se isso não acontecer, é porque o nosso amor a Deus não é sincero”, garante.

D. José convida os cristãos a terem para com aqueles que estão próximos “a mesma atitude que a fé nos leva ter com Jesus Cristo: olhá-lo de frente, como o outro que vem ao meu encontro, tentando perceber quem é e o que faz por mim”.

Por outro lado, para além daquela que pode ser uma caridade que se expresse na atenção às necessidades materiais dos que precisam, o Patriarca de Lisboa apela a que não seja ignorado o lado espiritual. “Pode acontecer que quando estamos sensíveis às necessidades materiais, ignoremos a verdade espiritual do nosso irmão, a sua necessidade de conversão à fé e à esperança. Um falso sentido de respeito pela intimidade do outro, a perda da noção do que é verdadeiramente bom ou mesmo a perda da noção da diferença do bem e do mal, podem dispensar-nos de, ao olharmos para o nosso irmão, o amarmos em toda a sua realidade. Se a fonte do nosso amor fraterno é o amor com que Deus nos ama, a ajuda material aos irmãos pode ser ocasião do anúncio do amor de Deus e de convite à conversão”.

Para viver esta Quaresma segundo estas três virtudes teologais é preciso “uma coerência com a profundidade sobrenatural da vida em união com Cristo, de cuja Páscoa vivemos, e que nos preparamos para celebrar”, aponta.

 

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Nova evangelização

Associando a caridade fraterna a que os cristãos são chamados a viver ao anúncio de Jesus Cristo, o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, apresenta nesta mensagem quaresmal um programa de Nova Evangelização que “será uma ocasião de reavivar a memória do que foi o ICNE entre nós”. Este programa, que pode conhecer neste jornal (páginas 2-3), “tem como primeira concretização o anúncio da nossa fé, para as pessoas do nosso tempo, no realismo humano da nossa população”. Segundo explica, este programa que tem a sua sede na Catedral e no ministério do bispo diocesano “será prioritariamente dirigido aos catecúmenos, às famílias, aos jovens, aos intervenientes na cultura, aos obreiros da solidariedade e aos responsáveis pela construção na comunidade”. Para as comunidades cristãs este anúncio de nova evangelização será concretizado, ainda, “na vivência do mistério da reconciliação através do Sacramento da Penitência e a partilha fraterna”.

 

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Diocese atenta aos atingidos pela crise

A ‘Renúncia Quaresmal’ da Diocese de Lisboa, neste ano, destina-se a ajudar aqueles que “foram os mais atingidos pela actual crise”. Esta é a proposta do Cardeal-Patriarca de Lisboa, apontada na Mensagem para a Quaresma. “Este ano pensaremos sobretudo naqueles irmãos das nossas comunidades que foram mais atingidos pela actual crise. O resultado desta partilha engrossará o nosso Fundo Diocesano ‘Igreja Solidária’, mas encontraremos formas de ligar mais ao concreto, garantindo que cada comunidade possa destinar aquilo que recolhe aos necessitados da própria comunidade, sem esquecer que a verdadeira dimensão desta família de irmãos é a Diocese, e que uma organização diocesana, garantida pela Caritas, é conveniente e necessária”, escreve D. José Policarpo.

Tal como vem sendo hábito, o Patriarcado de Lisboa vai distribuir por todas as paróquias da diocese o envelope da ‘Renúncia Quaresmal’ para que os cristãos possam entregar a partilha da sua renúncia quaresmal.

texto por Nuno Rosário Fernandes
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