Lisboa |
2ª Catequese Quaresmal
“Matrimónio encontra na Eucaristia a sua plenitude”
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O desafio permanente de uma família cristã é o de “ser generoso no dom, ser fiel mesmo quando já é difícil e ser fecundo”, afirmou o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, na 2ª Catequese Quaresmal, que proferiu no passado Domingo, 4 de Março.

 

Diante de uma assembleia que encheu a Sé Patriarcal, D. José Policarpo dirigiu-se, de modo particular, às famílias numa catequese intitulada: ‘Do amor à caridade’. “O tema da família, de modo particular o matrimónio cristão, foi um dos temas escolhidos pelo Papa Bento XVI para as diversas catequeses quaresmais que estão a decorrer em 12 cidades europeias”, explicou o Cardeal-Patriarca, salientando que esta escolha se compreende “porque a temática em si leva à reflexão”. “Vivemos num tempo em que mesmo para os cristãos a dimensão que prevalece [sobre o matrimónio] é a natural. Mas o casamento cristão vai mais longe e é preciso apanhar-lhe a especificidade”. Por isso, acentua, “é um tema que deve preocupar-nos na nova evangelização”.

 

Caminho escolhido em diálogo com Deus

Salientando que “o casamento cristão não é apenas a vocação humana para o casamento”, mas “uma vocação para a santidade”, D. José Policarpo define o casamento cristão como “um caminho escolhido em diálogo com Deus para a fidelidade cristã, em ordem à plenitude que o Senhor quer que cada um de nós alcance”. Nesse sentido apontou o facto de que, enquanto vocação cristã, o matrimónio "supõe um discernimento". "Que as pessoas sejam capazes de confrontar o seu desejo de casar com o ideal cristão que isso supõe, e que percebam nesse discernimento que querem ir mais longe do que a realização instintiva do amor do homem e da mulher para constituir uma família”, explicou.

Para D. José Policarpo, esse discernimento supõe inclusivamente “a escolha daquele com quem vão casar” e, por isso, refere que “tem de ser feito em conjunto”. “É muito difícil realizar a vocação cristã do casamento se só um tem esse ideal. Isso deve estar presente no próprio discernimento dos nossos jovens, quando optam por este caminho”, observou o Cardeal-Patriarca, lembrando, ainda, que este discernimento “supõe a consciência dos meios que a Igreja põe ao seu dispor para realizar esta vocação”.

 

Vocação à santidade

Acentuando no sacramento do matrimónio a sua dimensão de “vocação à santidade”, D. José Policarpo recordou na catequese que dirigiu às famílias que “muitas vezes isso não acontece” apontando a evangelização e a formação como possível caminho. “É urgente a evangelização que deve começar ainda na catequese, nos jovens e depois com os namorados e com os noivos. E depois, também, com aqueles que já se casaram porque, podem ter-se casado sem uma grande consciência deste mistério e descobri-lo já no caminho da realização da sua própria fidelidade matrimonial”.

 

Origens teológicas

Segundo explicou o Patriarca de Lisboa o matrimónio cristão deve ser visto como "concretização da aliança de Deus com o seu povo e com cada um de nós", garantindo que nessa dimensão “devem situar-se todas as vocações”. “Esta aliança do homem e da mulher, dois seres iguais e diferentes, chamados a ser um só no amor é a primeira concretização humana da realidade divina”, frisou referindo-se à origem teológica do matrimónio. “Esta aliança é no princípio uma aliança de Deus com toda a humanidade. E Deus não exclui ninguém! É uma aliança de Deus com o seu Povo e passa a ser descrita como uma aliança nupcial”, comentou, observando que “Deus é o esposo do seu Povo”. “O Povo de Deus é visto como a esposa, imaculada, sem mancha, purificada na água do Baptismo, que Deus ama como um esposo e celebra com ela umas núpcias que são neste mundo o anúncio das núpcias definitivas. Porque a caminhada cristã para a santidade é uma caminhada para a eternidade, para a visão beatífica”. Por isso, salienta, “as núpcias cristãs não são pensáveis nem concebíveis sem esta participação no mistério de Jesus Cristo”.

 

‘Do amor à caridade’

“A palavra encontrada pelos cristãos para exprimir uma outra qualidade de amor, que não apenas o amor humano com a força que a natureza nos deu”, é a caridade. E segundo D. José Policarpo, “a caridade é esse amor nobre, diferente que tem a sua origem em Deus e que pode dar sentido novo ao próprio amor humano em todas as suas formas, de modo muito particular nesta forma tão comum e tão essencial à humanidade que é o amor fecundo do homem e da mulher, em ordem à constituição de uma família”. “Passar do amor à caridade é passar de um amor instintivo para essa forma de amar que tem a sua origem no próprio amor de Deus”, frisou o Cardeal-Patriarca, explicando o título desta 2ª Catequese Quaresmal.

Apontando o valor do matrimónio cristão, D. José Policarpo frisou que Jesus Cristo "privilegiou muito esta instituição" do matrimónio, porque "ela é essencial". “É bom que nós tenhamos consciência que uma Igreja em que as famílias não se amem assim, em Cristo, é uma Igreja pobre que dificilmente encontrará a sua verdade, e sobretudo dificilmente encontrará o dinamismo necessário para viver a santidade e anunciar o amor de Deus pelos homens”, garantiu.

 

Valor sacramental

O Matrimónio é um dos sete sacramentos e é, nas palavras de D. José Policarpo, “a única vocação cristã que é sublinhada com uma graça sacramental específica, além do Baptismo e da Confirmação”. “A consagração religiosa não é um sacramento”, observou, lembrando que o matrimónio “é uma vocação paralela a outras vocações e que foi enriquecido com a graça sacramental, com uma especificidade: é uma das expressões principais do sacerdócio do Povo de Deus, do sacerdócio comum a todos os baptizados. Porque quem celebra este sacramento são os esposos. E é a realidade da própria vida a dois que é o sinal sacramental”, referiu, sublinhado a “relação muito forte” deste sacramento com a Eucaristia: “O sacramento do Matrimónio ajuda os esposos e dá-lhes conteúdo, densidade e exigência para a celebração dominical da Eucaristia. Porque, assim como eles no exercício do seu sacerdócio comum se santificam mutuamente na sua união de caridade e de amor conjugal, esse mesmo amor torna-se louvor do Senhor e ganha dimensão de fecundidade universal na Eucaristia que celebram. O sacramento do Matrimónio é uma explicitação da graça baptismal, e encontra no sacramento da Eucaristia a sua plenitude, a sua expansão máxima, a sua verdade definitiva”.

 

Dom, fidelidade e fecundidade

Tendo como modelo o próprio Jesus Cristo, o casamento cristão “como caminho de santidade tem que viver e participar das principais atitudes ou qualidades de Cristo”. Neste sentido, D. José Policarpo enumerou três aspectos a ter em conta no matrimónio: “A capacidade de dom, a fidelidade e a fecundidade”.

Desta forma, lembrando que Jesus Cristo que “deu a vida por nós e exprimiu o amor radical de Deus pela humanidade”, o Patriarca de Lisboa apelou ao facto dos esposos serem “chamados, continuamente, a fazer de toda a sua expressão um dom ao outro, à família que constituíram, à Igreja a que pertencem. Um dom à humanidade tão necessitada e carenciada deste amor generoso que não é motivado pela auto-procura, ou um certo egoísmo encapotado de quem no fundo procura a sua felicidade pessoal e o seu bem-estar”. “A capacidade de dom em tudo é absolutamente necessária em todos os caminhos de santidade e é particularmente decisiva na caminhada conjugal e na constituição de uma família”, referiu.

Quanto à fidelidade, o Patriarca de Lisboa definiu este valor como “a coerência”. “É a dimensão de eternidade de um momento grande e generoso quando dissemos ‘Sim’. Começa por ser uma fidelidade a Deus que nos chamou, que nos santificou, e que espera de nós, o louvor expresso, não apenas por palavras mas pela vida”.

Apontando, ainda, que o tempo que estamos a viver “mostra-nos uma grande fragilidade nos sentimentos mais belos um dia prometidos e declarados”, D. José Policarpo relevou o facto de estes, depois, se reduzirem “a sofrimento e a drama para os esposos e para os próprios filhos”, destacando, porém, que a fidelidade é para todos. “A fidelidade conjugal é uma expressão da fidelidade que Deus espera da sua Igreja. De nós, sacerdotes, e de todos os cristãos na missão que lhes foi entregue. Nosso Senhor Jesus Cristo merece a nossa fidelidade!”, acentuou.

A fecundidade é outra dimensão presente no matrimónio e segundo D. José Policarpo “a fecundidade de Jesus exprime-se na fecundidade da Igreja, nos filhos que gera, na graça com que nos purifica e transforma, nessa imensidão de actos de generosidade e de amor que só Ele conhece”.

 

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Transmissão em directo na internet e na Rádio SIM

 

As Catequeses Quaresmais de D. José Policarpo, na Sé Patriarcal de Lisboa, estão a ser transmitidas em directo através do endereço http://videos.sapo.pt/patriarcadodelisboa, e pela Rádio SIM. Com o apoio da Rádio Renascença, através da Web TV, denominada V+, e o Portal Sapo as catequeses de D. José Policarpo têm tido transmissão vídeo pela internet, mas também a Rádio SIM, na frequência de Onda Média em 963 AM transmite para a região de Lisboa o som a partir da Sé Patriarcal.

A transmissão em directo em formato vídeo pode ser acompanhada em www.missaometropoles.org ou http://videos.sapo.pt/patriarcadodelisboa. No canal do Sapo, ficam ainda disponíveis as catequeses na íntegra, para visualização posterior.

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