Domingo |
À Procura da Palavra
“Não”, por causa do “Sim”

DOMINGO III DA QUARESMA Ano B

 

Não façais da casa de meu Pai

casa de comércio.”

João 2, 16


É engraçado ver como uma das primeiras palavras que as crianças aprendem é a dizer “não”! Principalmente quando os pais se empenham em mostrar uma nova habilidade ou capacidade do rebento: “Vá, amorzinho, faz lá isso para o tio ver,… canta aquela canção que já sabes…!”. E é vê-los embatucar, dar um ar de indiferença e autonomia ou dizer um rotundo “não”. Rio-me com gosto daquela afirmação de vontade. Talvez seja reflexo dos muitos “nãos” a advertir para perigos ou a delimitar fronteiras que é também próprio da educação. Mas é fundamental ajudar a descobrir que há sempre um sim maior a justificar o “não” que é dito. Senão, dificilmente se ensina a escolher!

Os mandamentos entregues a Israel no Sinai apresentam em linguagem pedagógica os “mínimos” de uma relação nova com Deus e com os outros. Ao dizerem “não” eles apontam para o sim de uma aliança, de valores universais, de uma abertura à escolha do amor, da justiça e da verdade. Sabemos como é fundamental crescermos com regras, com propostas exigentes que ajudam a desenvolver as capacidades que trazemos como semente dentro de nós. Não se trata de uma exigência absurda ou tirânica, nem de um rigorismo desumano, mas a exigência própria do amor que quer o melhor àqueles que ama. E o melhor implica rejeitar o menor bem e o pior. Para um “sim” comprometido ao que é importante é necessário dizer “não” a uma ou várias coisas. E é preciso conhecer e enfrentar os medos que esta escolha sempre apresenta.

No gesto de expulsar os vendedores e cambistas do pátio dos gentios (onde os que não eram judeus podiam vir rezar) Jesus quer que ele tenha a mesma dignidade do “santo dos santos” (o lugar mais santo do Templo de Jerusalém). Também Ele diz um “não” à tentação de misturar o comércio com a oração, e essa advertência decorre da verdade e da autenticidade que a relação com Deus supõe. É o sim de fidelidade ao Pai e à humanidade que Jesus nos apresenta. Mesmo que o Templo seja uma figura do novo lugar de encontro com Deus que a sua Páscoa inaugura, o gesto profético tem valor para todo o tempo. Não se pode dizer “sim” a Deus e querer “comprá-l’O”, enriquecer à “sua custa”, explorar materialmente ou espiritualmente quem quer que seja. Não há gentios para Deus: todos somos filhos!

Se os mandamentos do Sinai apresentam os “mínimos” da aliança com Deus, o mandamento novo de Jesus que se concretiza na sua e na nossa Páscoa (“amar até ao fim”) é fasquia a alcançar. Com a coragem do “sim” que alicerça os “nãos” necessários. Com a ousadia de purificar o “patio dos gentios” que é esta vida, aparentemente desprovida de importância, onde Deus se quer encontrar com todos!

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