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Qatar: O país onde os cristãos só têm uma Igreja
“Vi pessoas a chorar de alegria”
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Oficialmente, há liberdade de culto. Apesar de a Constituição do Qatar definir o Islão como religião do Estado, as autoridades concederam estatuto legal aos cristãos. Mas isso não impede o medo. Os cristãos não podem evangelizar, arriscam a prisão se o fizerem e aqueles que se converterem ao Cristianismo enfrentam perseguição severa. Em todo o país só existe uma igreja. Foi inaugurada há 4 anos. É a primeira igreja em 14 séculos…

 

O Arcebispo Paul Hinder nunca mais se esquece do dia em que a Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi inaugurada. Tratou-se, aliás, de um momento único na vida dos cristãos do Qatar. Foi em 2008. O terreno foi doado pelo emir e o templo foi erguido propositadamente discreto. Não tem sequer uma cruz a identificá-lo. Nem cruz, nem sino, nada. Dir-se-ia que a única igreja do Qatar parece envergonhada de ser o que é. Mas, para os cristãos, porém, é um sonho um tesouro, algo de muito precioso.

 

Rezar em segurança

É a primeira igreja católica construída no país em mil e quatrocentos anos…

Os cristãos no Qatar são, na sua maioria, imigrantes e muitos são oriundos das Filipinas. Para eles, não haver um local para orar em comunidade era mais do que estranho. No dia da inauguração, o Arcebispo Hinder emocionou-se: “Vi pessoas a chorar de alegria, porque, finalmente, tinham um espaço para rezar, um local onde podiam celebrar a sua fé sem correrem riscos, sem serem ameaçadas”. No entanto, apesar do estatuto legal que lhes foi concedido, os cristãos vivem numa espécie de liberdade condicionada no Qatar.

 

Islão, religião do Estado

A Constituição define o Islão como religião estatal e a lei islâmica como a principal fonte da legislação. Um dos artigos da Constituição declara mesmo que o Estado deve fazer “todos os esforços para incutir na sociedade os bons princípios da religião islâmica e para a purgar de todas as formas de degeneração moral.” Isto significa, muitas vezes, que os cristãos vivem numa espécie de limbo. Tanto podem ser tolerados como perseguidos. A lei permite todas as interpretações. A prática religiosa está condicionada. “Não quero construir catedrais”, desabafou D. Hinder à Fundação AIS. “Mas, pelo menos, quero a liberdade de poder rezar em segurança”, disse. De facto, no Qatar, está em vigor uma nova lei que restringe o trabalho missionário.

 

Evangelizar é perigoso

A evangelização junto dos adultos, especialmente entre os muçulmanos, é expressamente proibida. Quem for descoberto, ou denunciado, a pregar, arrisca-se a ser preso. Até a simples posse de uma cruz, um terço ou uma Bíblia servem de prova condenatória. E os cristãos arriscam até dez anos de cadeia. É o que está previsto na lei. “A minha esperança – diz o Bispo – é que nós, católicos, não vivamos no medo. Espero mais tolerância das autoridades.”

 

Exemplo de fé

Do Qatar, desta Igreja minoritária, alicerçada essencialmente em imigrantes oriundos das Filipinas e da Índia, chega-nos um exemplo de fé e de tolerância que não passa despercebido sequer à elite que governa o país. Como sublinhou o Arcebispo Paul Hinder à Fundação AIS, “o que arregala os olhos dos meus interlocutores, mesmo quando eles ocupam os mais altos cargos, é ouvirem-me dizer que nós, cristãos, antes de qualquer outra coisa, rezamos por eles. Nas nossas missas, em todos os dias de festa, há uma intercessão por aqueles que governam o país e pelo bem-estar do povo que nos hospeda. E isso continua a ser assim mesmo quando os cristãos podem ter sofrido ou ainda estejam a sofrer injustiças”.

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