Lisboa |
6ª Catequese Quaresmal
Patriarca convida os jovens a olhar com coragem o mistério de Cristo
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O Cardeal-Patriarca convidou os jovens da Diocese de Lisboa a confrontarem as suas vidas com Jesus Cristo. Dirigindo-se a quase dois mil jovens que estiveram reunidos no Domingo de Ramos em jornada diocesana, D. José Policarpo lembrou aos jovens que “conduzidos pelo amor, somos capazes de tudo, até de ser santos”.

 

“É essencial o confronto com Jesus Cristo”, disse D. José Policarpo assinalando que “era isso que o Santo Padre [o Papa João Paulo II] queria” ao propor o Domingo de Ramos como Dia Mundial da Juventude. No passado Domingo, 1 de Abril, quase dois mil jovens assistiram à 6ª e última Catequese Quaresmal na Sé Patriarcal de Lisboa, a quem o Cardeal-Patriarca lembrou que o beato João Paulo II desejava “que a juventude católica de todo o mundo tivesse a simplicidade mas ao mesmo a coragem de olhar de frente, olhos nos olhos, coração no coração, este mistério de Jesus Cristo”.

Referindo-se àquilo que é o mistério da vida de Jesus Cristo e salientando que “a razão porque Deus se fez homem é profunda mas simples de compreender", o Patriarca de Lisboa explicou que “o homem afastou-se muito de Deus, logo desde o princípio, e o pecado dos nossos primeiros pais, das primeiras gerações foi-se comunicando, o que marcou o coração do homem e o corrompeu por dentro. O homem ficou incapaz de recuperar a intenção de Deus ao criá-lo, mas Deus nunca desistiu”, garantiu. “E isso supunha uma revolução no coração do homem”, acrescentou.

 

Compreender a vida com Jesus Cristo

Fazendo o percurso daquilo que é a história da Salvação com o homem, D. José Policarpo frisou que “era preciso uma mudança de fundo que tinha de ser feita pelo próprio homem. Foi por isso que Deus achou que um Homem podia reunir em si todos os homens, de todos os tempos. Adão comunicou a todos a natureza humana e este Homem, Jesus, comunica a todos essa nova natureza humana renovada. A partir desse momento, a compreensão do homem, a compreensão da vida só se pode fazer profundamente em Jesus Cristo”, destacou.

Observando que "há muitas interpretações da vida humana", que envolvem questões como "o que é homem, o sentido da vida, da liberdade, da inteligência e do amor", diante das quais "cada um acaba por fazer e seguir o caminho que tem na sua cabeça", o Cardeal-Patriarca recorda que o Papa João Paulo II, na sua primeira Encíclica 'Cristo, Redentor do Homem', afirmou que ‘só em Jesus Cristo se compreende o homem’". “A verdadeira compreensão da vida, da natureza humana, e da nossa existência só se tem em Jesus Cristo, o Homem. O Homem que volta a pôr a humanidade em capacidade de diálogo amoroso com Deus. Só em Cristo se compreende o homem", assinalou.

Nesse sentido, o Cardeal-Patriarca de Lisboa garantiu ainda aos jovens que “tudo o que é humano, é em nós. Tudo! Não fica nada de fora. Corpo e alma, inteligência e vontade, afectividade e experiência amorosa, capacidade de construir e de ser criativo na vida. Tudo isso só ganha o sentido verdadeiro se for à luz de Jesus Cristo”, acentuou.

 

Mistério de Deus que se faz homem

Explicando, depois, o significado desta relação de Deus com o homem, D. José Policarpo apontou o que considera ser “dois grandes dinamismos que caracterizam a atitude do povo em relação a este mistério de um Deus que se há-de fazer homem”. “Ele é a grande promessa de Deus. E toda a história da Salvação é atravessada por este sentido de uma promessa. Uma promessa que Deus cumpre… porque Deus não é como nós, que cumprimos umas vezes e outras... enfim... damos-lhe um jeito ", gracejou. “O outro dinamismo, porque Ele é a grande promessa, é o de ser o grande desejado”, referiu, salientando dois desafios que daí advêm. Por um lado, no que diz respeito à “grande promessa” de Deus, “sempre que sentirmos Jesus na nossa vida, e pode ser em público, no silêncio da nossa intimidade… sempre que sentirmos que há um contacto d'Ele na nossa vida, agradeçamos a Deus ter cumprido a sua promessa. Porque Ele continua a ser o prometido. Prometido a todos”. “Quando celebramos a Eucaristia, quando amamos os irmãos, quando nos sentimos amados, quando sentimos a força do Senhor, quando sentimos cá dentro um chamamento a sermos diferentes, quando sentimos que é Ele a conduzir-nos, tenhamos essa simplicidade de nos voltarmos para Deus e dizer: 'obrigado Senhor, porque cumpriste para mim aquilo que prometeste”, apelou.

Quanto ao segundo dinamismo a que se refere, D. José Policarpo assegurou que “nós desejamos o Senhor, desejamos um encontro mais profundo com Ele, desejamos que Ele seja alguém na nossa vida, que Ele seja a nossa força, a nossa luz, o amor que não mente, o projecto que não desilude. É que se não o desejamos, é porque Ele ainda não nos tocou o coração”, sublinhou, referindo que “o desejo é o dinamismo humano que nos leva mais longe, com uma certeza de que cada vez que o experimentamos mais, ficamos apenas a desejá-lo mais”. Por isso, deixa o convite: “Meus queridos amigos façam deste Deus feito homem, nosso irmão que veio para mudar tudo, para dar um sentido novo a tudo o que é humano em nós, que é capaz de intimidar, que é capaz de ternura, que é capaz de confidência e ter uma relação amorosa com cada um de nós. Façam d'Ele o desejado da vossa vida! Porque só Ele dará a dimensão verdadeira a tudo o que de belo vós tendes como pessoas humanas, homens e mulheres criados pelo Senhor”, apelou.

 

Caminhada de Igreja

Lembrando que Deus escolheu um povo, do qual fez uma grande comunidade que é a Igreja, o Cardeal-Patriarca frisou que estes dinamismos têm de ser vividos “em comunhão”. “Nesta descoberta, de caminhada com Jesus Cristo e para Jesus Cristo, é definitivo que nós a vivamos em povo de Deus. Esse povo chama-se Igreja. Isto não é uma caminhada individual de ‘valentões’, é uma pedagogia de Deus para este povo. Onde nos ajudamos uns aos outros, onde aprendemos a esperar que o Senhor cumpra a sua promessa em cada dia e onde aprendemos uns com os outros a desejar ir sempre mais longe nesta fidelidade”.

Nesta última Catequese Quaresmal, proferida no Domingo de Ramos que marcou o início da Semana Santa, o Cardeal-Patriarca de Lisboa recordou ainda que a Celebração Pascal "é o momento do ano que se repete por causa do tempo". “Vós que sois jovens, se descobrirdes já este dinamismo de que vos estou a falar, se vos confrontardes verdadeiramente com Ele, tendes uma longa caminhada para O descobrir mais. E aí, isso só é possível ajudando-vos uns aos outros, ajudando os que são, por ventura, menos jovens que vós, dando testemunho disto. A Igreja é o povo que, no meio do mundo, pelo próprio facto de existir, torna presente, é anúncio, é testemunho, é argumento de experiência de que vale a pena seguir o Senhor”.

 

Ser santos com Ele

A finalizar e explicando o sentido da palavra Páscoa, que significa "a passagem da escravidão para a liberdade", o Cardeal-Patriarca fez questão de lembrar que neste caminho “não bastam os bons propósitos", porque “é com Ele que nós podemos fazer esta passagem". “Em cada dia, cada mês, cada ano que repetirmos a Páscoa, é com Ele, que é o nosso Pastor, guia e timoneiro, que pela sua mão, conduzidos pelo amor, somos capazes de tudo, até de sermos santos”, concluiu.

texto por Nuno Rosário Fernandes; fotos por João Cláudio Fernandes
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