Jornal Voz da Verdade

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22.04.2012

Domingo |

� procura da Palavra

O mesmo e Outro

DOMINGO III DA P�SCOA Ano B

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“Vede as minhas m�os e os meus p�s:

sou Eu mesmo.”

Lc 24, 39

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Os encontros com Jesus ressuscitado s�o sempre surpreendentes. Passam do desconhecimento inicial � alegria do reconhecimento. Uma sauda��o de paz, o susto e o medo, as d�vidas, o sopro do Esp�rito, e a miss�o de levar a Boa Nova s�o alguns temas comuns dos relatos. � sempre a dificuldade de colocar na estreiteza das palavras o esplendor deste acontecimento. Mas o importante � que estes encontros mudam a vida daqueles que os experienciam. Sendo os mesmos, � como se ficassem tamb�m outros: capazes de afastar o medo e de ousar viver como nunca tinham imaginado!

As m�os e os p�s de Jesus trazem as marcas da paix�o. N�o � indiferente esta insist�ncia que S�o Lucas apresenta: Jesus n�o foi homem a fingir, nem a ressurrei��o apagou as marcas do sofrimento. E � como companheiro, como amigo que se preocupa com o des�nimo dos disc�pulos de Ema�s e com o medo dos ap�stolos fechados em casa, que Ele se aproxima. A vida que vence a morte n�o acontece sem a l�mina do sofrimento. V�rias vezes o convite a seguir Jesus foi apresentado com o horizonte da cruz. Por dentro destes dias dif�ceis que s�o os nossos, a d�vida, o medo e at� a sensa��o do abandono de Deus est�o presentes. � tamb�m por dentro das nossas portas fechadas que o mesmo Jesus se apresenta. Para ajudar a descobrir novos significados da vida, novos modos de sermos com os outros. Sermos os mesmos na identidade mais profunda, mas outros na esperan�a transformadora!

Ainda mal refeitos da surpresa e iluminados para compreenderem que as Escrituras falam de Jesus, os disc�pulos foram logo enviados como testemunhas. A sua universidade foi o Esp�rito Santo e o seu m�todo o amor que haviam de colocar nas palavras e nos gestos. Refazendo as pontes entre as pessoas. Levando a miseric�rdia e o perd�o a todas as realidades feridas. Reinventando em cada tempo os projectos que podem unir as pessoas, levando-as a darem o melhor de si mesmas, a comprometerem-se na mudan�a do que est� mal e degrada o ser humano. Partilhando o trabalho e a festa, vencendo o des�nimo e a amargura. O encontro com Jesus ressuscitado n�o torna a vida mais f�cil; torna-a mais plena. E as marcas das nossas paix�es s�o marcas de um amor dado em total gratuidade.

“Portugal com menos cat�licos” � o primeiro eco de um estudo do Centro de Estudos de Religi�es e Culturas da Universidade Cat�lica Portuguesa. Para l� dos n�meros, que ressurrei��o nos pedir� a an�lise mais profunda deste estudo? “Enterrar a cabe�a como a avestruz” ser� recusar os apelos do Esp�rito de Jesus! Que “mesmo” guardar sem impedir que possamos ser “outro”?

P. V�tor Gon�alves