ASCENSÃO DO SENHOR Ano B
"O Senhor cooperava com eles,
confirmando a sua palavra
com os milagres que a acompanhavam."
Mc 16, 20
Há silêncios que dão vida. E alguns que são sinal de morte. Para falar com alegria dos primeiros é preciso denunciar os segundos: o silêncio da indiferença e do descompromisso diante do mal, da violência familiar e da injustiça, do medo e da exploração que é sempre uma desumanidade. Que nunca se faça silêncio perante o mal a acontecer. Mas o silêncio lembra-me o germinar das sementes, a vida que dá corpo às palavras, a explosão luminosa do pensar, a abertura ao mistério, o encanto da comunhão de corpos e de almas. O silêncio é como uma casa aberta ou um abraço disponível, é a tela branca onde o pincel da vida espalha cores ou a noite que se enche de estrelas.
"Dia com silêncio" foi uma iniciativa da Escola Básica do Estoril a 17 de Abril passado. Para a professora Rita Desterro esta iniciativa pretendia ser «um dia inteiro de atenção plena, quase um dia de descanso». Também as crianças sentem necessidade de parar e relaxar pois até «nas escolas fala-se cada vez mais alto, são espaços onde há muito barulho e onde quase não existem momentos de paz." Não teremos todos necessidade de reaprender que o silêncio é tão importante para o ser humano? Que "encher" todos os momentos de música, de televisões constantemente ligadas, de auscultadores nos ouvidos impede-nos de ouvir os outros e até nós próprios? "Silêncio e Palavra: caminho de evangelização" é o tema do Dia das Comunicações Sociais que hoje se celebra. O Papa Bento XVI diz: "É no silêncio, por exemplo, que se identificam os momentos mais autênticos da comunicação entre aqueles que se amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo enquanto sinais que manifestam a pessoa. No silêncio, falam a alegria, as preocupações, o sofrimento, que encontram, precisamente nele, uma forma particularmente intensa de expressão. Por isso, do silêncio, deriva uma comunicação ainda mais exigente, que faz apelo à sensibilidade e àquela capacidade de escuta que frequentemente revela a medida e a natureza dos laços."
O piano que se calou com a morte de Bernardo Sassetti é um novo nome de silêncio. Vazio mas tão maravilhosamente habitado pelo gosto de constantemente se surpreender, que nos deixou em tanta música. Das bandas sonoras, ao espectáculo dos três pianistas, passando por uma noite de jazz no Hot Club, saboreio a sua arte como fruto e convite ao silêncio. Aquele que tem sabor de milagre porque nos desperta ainda mais para a vida. Que faz das palavras sinais de transformação e de libertação de todo mal que aprisiona os homens. É o silêncio que se conjuga com a verdade e a beleza, que contempla ou precede a acção, que dá graças e é criador.
No meio do ruído, tantas vezes vazio, prepotente, e indiferente, como cultivamos o dom de pensar, especialmente dos mais novos? Como nos abrimos ao diálogo, ao acolhimento de uma boa notícia, da silenciosa e amorosa voz de Deus? Acreditamos que podemos fazer o milagre do silêncio?
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