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Moçambique: Centro Catequético João Paulo II já foi inaugurado
Lembra-se do Padre Gasolina?
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Todos os dias, num modesta paróquia em Moçambique, há um padre que reza em português pelos benfeitores da Fundação AIS, que reza por si. A história deste sacerdote é um agradecimento a todos os que colaboram com a Igreja que Sofre no mundo.

 

Faz hoje uma semana. Foi dia 27 de Maio. Não se escreveu uma linha nos jornais em Portugal, praticamente ninguém soube de nada, mas em Moçambique, na Paróquia de Nossa Senhora da Assunção de Netia, foi inaugurado o Centro Catequético João Paulo II. Porém, lá longe, nessa paróquia da Diocese de Nacala, distrito de Monapo, alguém falou em Portugal, nos Portugueses. Melhor, alguém agradeceu, comovido, o apoio generoso dos benfeitores portugueses da Fundação AIS. Quem? O Padre António Gasolina, um dos muitos amigos da Fundação AIS em Moçambique.

 

O homem sorridente

Ele é o homem que dinamizou a edificação deste Centro, é o sacerdote que está empenhado em fazer da sua paróquia um espaço privilegiado de missão, é o exemplo de que, com tenacidade e simpatia, se podem mover montanhas. Quem já esteve com o Padre Gasolina nunca mais esquece o seu sorriso. Nem a sua história. Num tempo em que se está a assistir a uma crescente islamização de África, em que são raros os dias em que não se registam incidentes violentos contra a comunidade cristã, o Padre António Gasolina sossega os nossos receios e conta-nos, sempre sorrindo, a sua história.

 

O sonho de ser padre

Como outros meninos na sua terra natal, António provinha de uma família muçulmana, mas, também como quase todos os seus amigos, frequentou uma escola católica, fruto do empenho inesgotável das comunidades religiosas presentes em África. António foi baptizado e começou a inquietar-se com a ideia de vir a ser sacerdote. Alguma coisa mexia com ele. Mas, em África, ainda nos dias de hoje, a opinião dos mais velhos é quase sagrada. Ele não podia tomar nenhuma decisão sem falar com o seu pai.

 

Pedir autorização

Não era fácil. Como dizer-lhe que queria ser sacerdote? Pior: como anunciar-lhe isso quando o pai estava já quase moribundo, no leito de morte? Mas António não podia atraiçoá-lo. Tinha de falar com ele e não podia perder mais tempo. A conversa entre os dois ficou como um segredo guardado por António Gasolina como o mais precioso dos tesouros. Só o desvendou no dia da sua primeira missa, já ordenado padre, já investido na divina missão de levar a Boa Nova a todos os povos. O P. Gasolina confidenciou-nos a sua história, alguns anos mais tarde, quando a Fundação AIS esteve em Moçambique, na Paróquia de Nossa Senhora da Assunção, precisamente por causa do Centro que agora foi inaugurado.

 

A última conversa

António chegou-se perto do pai, chamou por ele, os dois olharam-se em silêncio. Às vezes as palavras são intrusas, estão a mais, são desnecessárias. Os dois sabiam o que ia acontecer. O pai de António estava a morrer. Era só uma questão de tempo, talvez uns dias, talvez apenas umas horas. António Gasolina disse então que queria ser sacerdote, que sonhava ser padre católico. A resposta foi quase imediata e as palavras do pai de António continuam a ressoar-lhe na memória: “Aprovo com uma condição. Tens de ser um bom padre!” No seminário estavam todos à espera de António Gasolina. O pai, quando soube disso, obrigou-o a partir naquele instante. “Vai! Se não fores, ficamos ambos a perder. Eu morro de qualquer maneira, e tu perdes a vocação e destróis a tua vida.”

 

A carta dos cristãos de Netia

No domingo passado, na inauguração do Centro Catequético João Paulo II, os benfeitores portugueses da Fundação AIS não foram esquecidos. Um grupo de cristãos de Netia escreveu-nos. É uma carta simples, um agradecimento sincero, até humilde. “Por meio desta carta viemos vos agradecer e rogar a Deus para que vos recompense, já que não somos nem dignos e nem capazes de recompensar um grande gesto como este”. E a carta prossegue e percebe-se que o P. Gasolina continua atento também às nossas próprias dificuldades. “Agradecemos porque temos conhecimento, através do nosso Pároco, que vós estais a atravessar uma grave crise económica; muitos de vocês passam privações; muitos de vocês fizeram um grande sacrifício para poderem ajudar-nos nesta nossa obra”. E a carta continua, recordando as palavras de Jesus quando disse que “não há maior amor do que dar a vida pelo irmão”, e acaba com um “muito obrigado, que Deus vos pague por tudo!”.

 

Orações do padre do sorriso

O P. Gasolina não saberá, com toda a certeza, o nome dos benfeitores da Fundação AIS que contribuíram para que este projecto, do Centro João Paulo II, visse a luz do dia, tal como não sabe quem contribuiu para que ele, e tantos outros jovens moçambicanos, pudessem frequentar o seminário para cumprirem o sonho do sacerdócio. Mas podemos ter a certeza de que o P. Gasolina nunca mais se vai esquecer de nós nas suas orações.

 

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