Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
A força da fé
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À primeira vista, poderíamos pensar que a força da fé coincide com a convicção do crente. Aquele que, por si, se mostra mais convicto da ressurreição de Jesus e de que Ele é o Salvador do mundo, esse seria capaz de uma entrega maior, capaz de viver melhor a fé no seu quotidiano.

Mas, convenhamos, se a força da fé se resumisse apenas à convicção daquele que acredita, pequena seria essa força, mesmo que, depois, o crente conjugasse a sua fé a todos os outros que acreditam como ele – o que conduziria a uma “reunião de forças”, a uma realidade que ultrapassaria a simples soma das “forças” individuais e que constituiria a Igreja, comunidade dos crentes.

Mesmo isso seria pouco, e não explicaria a história da Igreja, a santidade que nela brilha, a revolução que, em séculos passados e neste nosso tempo, fez e faz ultrapassar e remover tantos obstáculos que se lhe apresentaram e apresentam – os maiores deles fruto da fraqueza e do pecado dos próprios crentes.

A “força da fé” não é, decisivamente, uma força que nasça do ser humano. É a força de Deus em nós, os crentes. Certamente, é fruto da docilidade com que cada um abre o seu coração a Deus; certamente, não nos retira a nossa liberdade, nem nos impede de lhe voltarmos as costas e de a abandonarmos, se essa for a nossa decisão. Mas o facto é que a fé e os actos a que ela conduz nos ultrapassam em muito – a nós e às nossas virtudes. Aquele que tem a coragem de abrir o seu coração à acção de Deus e do seu Espírito, esse percebe como, apesar da sua pequenez, da sua fragilidade e do seu pecado, a força de Deus lhe dá coragem, entusiasmo e ousadia para superar medos, incapacidades humanas e muitos outros obstáculos, interiores ou provenientes do mundo exterior.

Só desse modo podemos compreender o testemunho dos mártires e dos santos – daqueles que conhecemos e que, junto do Pai, intercedem por nós, e daqueles outros que, sem serem propostos à veneração de todos os crentes, são exemplos da fé que move montanhas.

Durante o próximo ano pastoral, a convite do Santo Padre e do nosso Patriarca, a Diocese de Lisboa assumirá como objectivo primeiro de toda a sua vida em Igreja esta docilidade à força de Deus – força pacífica mas não menos firme; força que a todos se dirige, mas não menos respeitadora da liberdade alheia; força que a todos acolhe, mas não menos segura de si mesma.

Trata-se, como dizia o Santo Padre, das realidades essenciais e centrais do nosso viver cristão. É certo que somos uma Igreja de milénios; é certo que a fé que recebemos é a fé de Pedro, de Paulo e dos demais apóstolos. Mas é igualmente certo que importa, não tanto repartir do “zero”, como que ignorando todo o caminho já percorrido, quanto, sobretudo, verificar e maravilharmo-nos com os fundamentos em que assenta o nosso ser de crentes: o agir de Deus em nós.

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