Para além da crise económica em que se encontra mergulhada, não é segredo nenhum que a Europa se encontra no meio duma outra crise, esta de civilização – a maior depois da Segunda Guerra Mundial.
A seguir à Guerra, os políticos (particularmente os políticos cristãos) dos principais países europeus procuraram reconstruir o “velho continente” como um espaço onde o ser humano estivesse no centro da vida dos Estados. Foi esse “milagre europeu” – de cujos “rendimentos” ainda hoje vivemos, mesmo que muitos o classifiquem de “utópico” – que deu origem à União Europeia, à normalidade vida democrática e à liberdade de expressão nos diversos países, juntamente com um Estado Social como nunca existiu em qualquer outro tempo da história do mundo, onde todos podiam estar seguros de serem assistidos na doença e na velhice. A tudo isso se aliou um tempo de paz e concórdia, só recentemente interrompido pela Guerra dos Balcãs.
Esse “milagre europeu” foi, depois, colocado em causa a partir de finais dos anos 60. Hoje, governados pelos que o fizeram (ainda que tenham deixado de lado a “utopia marxista” que então os animava), navegamos “à vista”, sem projecto de futuro, dominados pelo poder económico, sem outros valores que não o velho “é proibido proibir” do Maio de 68.
Um dos sinais desta crise mais profunda (também vivida no seio da Igreja na Europa) é o número de vocações sacerdotais. É, com efeito, significativo que, de acordo com dados recentemente publicados pela Santa Sé, entre os anos 2000 e 2010 o número de seminaristas maiores subiu na África (mais 6.600), na Ásia (mais 7.800), na própria América do Norte, apesar de todas as crises por que passou (mais 100). Em números expressivos, apenas a Europa viu o número de vocações descer, ao longo destes 10 anos (menos 6.000 seminaristas maiores)!
Podemos tentar explicar estes números, dizendo que hoje nascem significativamente menos europeus (pelo menos cristãos); que a instituição familiar se encontra em crise; que a mentalidade europeia está mais secularizada; que a vida e o ministério dos sacerdotes são mais difíceis. Mas não será isto apenas o reflexo dessa grande crise que a Europa continua a viver?
Portugal tem sido dos poucos países europeus onde o número de vocações se tem mantido mais ou menos constante ao longo destes anos. Isso não pode deixar de nos conduzir, em primeiro lugar, a uma atitude de acção de Graças a Deus porque no meio de nós continua a suscitar servidores do Evangelho.
Mas, depois, não pode, igualmente, deixar de ser um sinal de esperança: todas as crises, mesmo aquelas de civilização, têm uma saída. A nós cabe a tarefa de cooperar com Deus para que o “fundo do túnel” possa constituir um novo tempo de vida humana e cristã – disso depende, estou certo, a humanidade do próprio projecto europeu!
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