Lisboa |
Simpósio Nacional do Clero
Padres são chamados a ser “caminho de encontro com Cristo”
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“Pode parecer desnecessário enunciar o padre como homem de fé, mas todos, dentro e fora da Igreja, esperam que o padre seja homem de fé”, afirmou o presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, D. Virgílio Antunes, na abertura do 7º Simpósio Nacional do Clero, realizado em Fátima, entre os dias 4 de 9 de Setembro, com o tema ‘O Padre, homem de Fé - Do ministério ao mistério’.

 

Mais de 400 sacerdotes de Portugal continental e ilhas estiveram reunidos, num encontro que tinha por objectivo reflectir sobre a missão do padre na Igreja, num momento em que se prepara o início do Ano da Fé. “Ser caminho de encontro com Cristo. É aquilo a que somos chamados”, referiu D. Virgílio Antunes , que é também Bispo de Coimbra, deixando algumas notas para reflexão. “Sente-se uma certa fractura nos diversos modos de estar como padre. Como é entendida, vivida e assumida a fé hoje?”, questionou. A resposta a esta e outras questões foi sendo deixada através da participação dos vários conferencistas convidados.

 

Ser padre não é uma auto-realização

Reflectindo sobre o mistério da fé, o padre Pierangelo Sequeri, teólogo italiano, assinalou que “o modo como o homem conteporâneo entende a realização de si mesmo, como fim essencial da propria vida, é objectivamente a forma quotidiana de incredulidade que contagia o cristianismo”.  Salientando que alguns sacerdotes, “pensando estar a fazer o bem, explicam aos jovens que o cristianismo, a fé, são o princípio da sua auto-realização”, este teólogo alertou para o perigo da auto-realização levar a “um narcisismo, um fechar-se em si mesmo”. “Na linguagem do homem contemporâgneo esta expressao [auto-realização] significa que cada um de nós está autorizado a pensar a própria liberdade como instrumento para edificar-se a si próprio, e a pensar a própria individualidade como objectivo mais alto a que o Homem possa chegar.  O homem narcisista é idolatra! Procura-se a si mesmo, espelha-se a si mesmo, procura a própria a liberdade”, referiu.  Neste sentido, aponta, “a procura deve fazer-se com uma outra pergunta: Não quem sou eu, mas para quem sou eu? Se não encontro as coisas, os pensamentos, a invenção, a criação, a inteligência, os afectos, para os quais estou destinado, estou morto”.  Nesta linha de pensamento o padre Sequeri recorda que “um homem entra no sacerdócio, não para se realizar a si próprio. Não é a escolha da melhor ocupação”, acentua, frisando que “uma boa relação com Deus é uma questão de vida ou de morte para os homens. E mesmo poucos e com muito trabalho, devemos sentir-nos felizes por descobrir que somos escolhidos por Deus para anunciar este mistério, da fé”.


Escutar a Palavra para a anunciar

Para o exercício do seu ministério, o padre é chamado a “desenvolver uma familiaridade com a Palavra de Deus”. Segundo o Bispo de Bragança, D. José Cordeiro, o padre é confiado à Palavra e não o contrário. “Nós somos confiados à Palavra e não é a Palavra que nos é confiada. Por isso, a primeira atitude não é a do anúncio mas a da escuta. O padre é homem que escuta. Ser transmissor da Palavra exige que primeiro seja ouvinte”, recorda. 

Lembrando, ainda, que “a oração é missão própria da vida dos presbíteros”, D. José Cordeiro salienta que estes “são chamados a confrontar-se com o aspecto da caridade nas suas comunidades” e que por isso,  a dimensão da caridade requer do presbítero uma vida espiritual intensa”. “Precisamos de dar tempo a Deus e a nós próprios”, reforçou.

 

Peregrino da fé

O padre, enquanto “peregrino da fé”, é peregrino “da fé da Igreja” e não da sua “fé pessoal”, recorda o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo. A encerrar o 7º Simpósio Nacional do Clero, D. José Policarpo proferiu uma conferência subordinada ao tema ‘O Padre, peregrino da fé’, onde lembrou que “a fé não é, apenas, uma atitude da inteligência, é um projecto de vida, uma exigência de santidade”, destacando que, “de modo particular” para o padre, “a fé pessoal é a fé da Igreja”.

Alertando para o perigo do padre se tornar “um funcionário do sagrado”, se optar “por uma maneira pessoal de acreditar” e “relativizar a fé da Igreja”, D. José Policarpo lembra que “a própria Igreja, Povo crente, exige essa fidelidade e ajuda nela”. Para o Patriarca de Lisboa, que é também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), “a Palavra de Deus, o Magistério autêntico, a fidelidade à Tradição”, têm de ser “as fontes” do padre no seu ministério. “Sinto hoje ainda mais intensamente o dever de indicar o Concílio como a grande graça de que beneficiou a Igreja no século XX: nele se encontra uma bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa”, referiu, citando palavras do Beato João Paulo II.

texto e foto por Nuno Rosário Fernandes
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