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Líbano: visita de Bento XVI em tempos de incerteza
A esperança não tem fim
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O Médio Oriente vive dias de fogo, com a Síria a desmoronar-se numa violentíssima guerra civil que ameaça ultrapassar a fronteira e infectar os países vizinhos. Como o Líbano. Até por isso, a visita do Santo Padre, este fim-de-semana, é importante. E um dos momentos mais simbólicos acontecerá quando Bento XVI distribuir o YouCat, o catecismo para os jovens - agora traduzido para árabe - iniciativa que teve o apoio da Fundação AIS.

 

A visita de Bento XVI ao Líbano, que estará a acontecer no preciso momento em que ler estas palavras (dias 14, 15 e 16), será – terá de ser, provavelmente – mais do que simbólica. O Médio Oriente está a atravessar tempos de incerteza e medo, e as comunidades cristãs não conseguem esconder o receio pelo futuro, sendo cada vez mais hostilizadas por um radicalismo impiedoso que as está a transformar em alvo de todas as críticas e perseguições. Um dos mais graves problemas que aflige a comunidade cristã nos países árabes é o quase incontável número de pessoas obrigadas a abandonar tudo para conseguirem escapar a um ambiente de perseguição intolerável. São os novos refugiados.

 

Alertar o mundo

Uma das vozes que mais tem batalhado em favor das comunidades cristãs no Médio Oriente é o Arcebispo iraquiano de Kirkuk, D. Louis Sako. O seu nome já não é estranho aos portugueses. Ainda no ano passado esteve entre nós a convite da Fundação AIS e sempre com um só propósito: alertar o mundo para a violência sem precedentes que se está a abater sobre os cristãos, em especial no Médio Oriente. Na semana passada, D. Louis Sako voltou a lançar um grito de alerta: não podemos ficar indiferentes ao que está a acontecer. Há um “êxodo em massa” dos cristãos. Por isso, pediu explicitamente para que este assunto fosse abordado “para além das formalidades” com o Papa Bento XVI durante a sua visita ao Líbano.

 

Risco real

Numa mensagem enviada à Fundação AIS, o Arcebispo não poupa as palavras para descrever o que está a acontecer aos cristãos: “A ascensão do islamismo político é uma questão preocupante. Nós, os cristãos, somos uma minoria e não há perspectiva de virmos a obter uma cidadania igual na realidade concreta do dia-a-dia e não há também perspectiva de um futuro melhor.” E acrescenta: “Toda a gente fala em democracia e liberdade, mas a realidade, no terreno, é diferente. O sectarismo está a ganhar terreno e ninguém cuida dos grupos minoritários. Acho que há um risco real de este êxodo de cristãos continuar a verificar-se”.

D. Louis Sako sabe do que fala e, por isso, as suas palavras têm um peso diferente: “Na minha diocese, restam já poucas famílias. Eu não posso impedi-las de sair e, para ser sincero, não tenho soluções mágicas. Estou a dar o meu melhor, tentando mantê-las, defendê-las e incentivá-las. Mas é triste vê-las partir.” Estas palavras desafiam todos os cristãos.

 

Visita de esperança

Agora que o Papa foi ao Líbano levar uma centelha de esperança, que se traduz simbolicamente na distribuição de 50 mil exemplares do YouCat - o catecismo para os jovens traduzido em árabe -, vemos e lemos, todos os dias, histórias terríveis de perseguição aos cristãos, vítimas de intolerância atroz e ignorante. Estes cristãos são perseguidos, obrigados a fugir de suas casas. São feridos e mortos em atentados. Vivem com medo. Muitas vezes, escondem-se. Mas continuam fiéis a Cristo.

 

Pedido de ajuda

Nós apenas somos chamados a ajudar. Só isso. Em Portugal, não fugimos de balas nem de gritos. Não corremos o risco de bombas explodirem na igreja onde rezamos, nem estamos de luto porque alguém da nossa família foi assassinado por causa da sua fé. No entanto, somos cristãos como eles: os cristãos perseguidos no Médio Oriente. A única diferença é que eles são perseguidos e pedem-nos ajuda. Apenas isso.

 

Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

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