Lisboa |
Peregrinação das Relíquias de D. Bosco
“São João Bosco testemunhou a ternura de Deus pelos jovens”
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João Paulo II declarou-o ‘Pai e Mestre dos Jovens’. São João Bosco, fundador dos Salesianos, esteve ‘presente’ em Lisboa através de uma relíquia, com o Cardeal-Patriarca a apontar o santo como alguém que soube escutar a Palavra de Deus e que dedicou toda a sua vida à juventude.

 

“Estamos a comemorar um santo, São João Bosco, a quem o Senhor abriu os ouvidos para escutar a sua Palavra”. Foi desta forma que o Cardeal-Patriarca de Lisboa recordou D. Bosco, numa celebração que decorreu no passado dia 15 de Setembro, nos Jerónimos.

A juventude marcou esta festa salesiana na Diocese de Lisboa. De t-shirt azul vestida, com o rosto de D. Bosco estampado, os jovens faziam a festa junto ao Mosteiro dos Jerónimos, aguardando a chegada da urna com a relíquia do ‘Pai e Mestre dos Jovens’, como lhe chamou o Papa João Paulo II. Depois de uma manhã no colégio Oficinas de São José, em Lisboa, a relíquia fez o trajecto entre a escola e o Restelo num veículo militar, adornado de inúmeras flores. Atrás, um autocarro panorâmico, com a Banda Juvenil de Poiares – constituída apenas por alunos e antigos alunos da escola salesiana local – tocava diversos temas e proporcionava um ambiente de festa junto ao Mosteiro dos Jerónimos.

 

Educar e evangelizar

A missão dos Salesianos – a educação e a evangelização da juventude – explicam a presença de muitos jovens junto ao fundador desta congregação religiosa, fundada em 1859, cujo nome oficial é Sociedade de São Francisco de Sales. “A primeira vez que São João Bosco sente a interpelação forte de escutar o que o Senhor diz, leva-o a dedicar toda a sua vida à juventude, sendo ele próprio um testemunho da ternura que Deus tem pelos jovens!”, lembrou D. José Policarpo.

São João Bosco foi beatificado a 2 de Junho de 1929, por Pio XI, e canonizado a 1 de Abril de 1934, pelo mesmo Papa. Nos Jerónimos, o Patriarca de Lisboa lembrou os jovens que “a escuta” é a primeira característica dos santos: “Em cada circunstância, em cada momento, sobretudo nesta atenção aos irmãos, aos problemas reais dos homens. Escutar o que o Senhor tem para dizer, os caminhos que tem para indicar, o amor que Ele tem para comunicar”.

Dando o exemplo de São João Bosco, D. José Policarpo convidou depois os jovens a manterem uma relação com Cristo. “São João Bosco percebeu, com tanta profundidade, que crescer na vida tem de ser crescer na fé, nesta relação confiante com Deus que nos ama. Percebeu e ensinou-nos que uma pedagogia da fé é indesligável da pedagogia da vida”, observou.

 

Acolher a Palavra

Nesta celebração, que decorreu nas vésperas do início do Ano da Fé, marcado para 11 de Outubro, D. José Policarpo falou ainda sobre o novo ardor da fé. “O novo ardor da fé é saber que só o Senhor nos pode ajudar a acolher e perceber a Palavra de Deus. Caso contrário, podemos meditá-la, podemos comentá-la, podemos até ser peritos na Sagrada Escritura, mas ouvimo-la à nossa maneira”. O Cardeal-Patriarca focou também a actualidade da Palavra. “Se escutarmos a Palavra de Deus com os ouvidos abertos pelo próprio Senhor, perceberemos que ela não se pode escutar sem olharmos a vida real, sem olharmos as pessoas! A Palavra de Deus encaminha-nos sempre para o amor do nosso irmão”, garantiu D. José Policarpo, nos Jerónimos.

 

Relíquias são apelo à santidade

As relíquias de São João Bosco peregrinaram por Portugal entre 30 de Agosto e 18 de Setembro. Para o provincial da Província Portuguesa da Sociedade Salesiana, padre Artur Pereira, a presença da urna do fundador dos Salesianos foi um momento de anúncio. “As relíquias de qualquer santo dão glória a Deus! Sobretudo, são um apelo à santidade, na medida em que, quando nos colocamos à frente de pessoas que veneramos, quer dizer que reconhecemos os seus talentos, as suas virtudes, mas sobretudo a sua santidade”, salientou, em declarações ao Jornal VOZ DA VERDADE. “A presença de relíquias é um apelo à santidade! E basta! Mas podemos encontrar outras razões: os tempos que vivemos são os nossos tempos, mas é importante perceber o que é que São João Bosco tem a dizer-nos hoje! E aqueles que fazem parte da Família Salesiana, consagrados ou não, são chamados, cada vez mais, a uma maior radicalidade evangélica”, acrescentou o padre Artur Pereira, lembrando que as relíquias são também “um apelo claro aos jovens”: “Por onde têm passado as relíquias, os jovens não ficaram indiferentes! São congregados por um homem morto? Não! São congregados por um homem vivo, e tão vivo, que os atrai”.

Por ocasião do centenário da morte (1988) de São João Bosco, o Papa João Paulo II declarou-o ‘Pai e Mestre da Juventude’. Para o provincial dos Salesianos, “D. Bosco tinha o dom que Deus lhe deu de atrair os jovens e fazer com que todos se sentissem predilectos!”.

 

Pelo mundo

A presença das relíquias em Portugal aconteceu no contexto do bicentenário do nascimento de São João Bosco, que será assinalado em 2015. “É muito interessante como o reitor maior dos Salesianos pensou nesta peregrinação das relíquias de D. Bosco pelo mundo. Os jovens de todo o mundo diziam-lhe que queriam ir a Turim ver a relíquia, mas o dinheiro é caro e então o reitor maior decidiu fazer chegar D. Bosco a cada casa salesiana! Por isso, desde 2009 que D. Bosco está a passar por todos os lugares onde estão as comunidades salesianas. São 132 países e tem tido um acolhimento excepcional”, refere o provincial dos Salesianos em Portugal.

A relíquia de D. Bosco é uma parte do braço direito do fundador dos Salesianos, que está colocada numa urna com uma estátua do santo. “Além da relíquia, temos a hipótese de ver o rosto de D. Bosco precisamente como ele morreu. Os irmãos salesianos perceberam que ali estava uma pessoa singular e fizeram a máscara, sendo aquela exactamente a sua expressão quando morreu”, explica o padre Artur Pereira.

 

O fascínio dos jovens

Na celebração nos Jerónimos, o Patriarca de Lisboa referiu que São João Bosco “testemunhou a ternura que Deus tem pelos jovens”. Para o provincial dos Salesianos em Portugal, estas palavras de D. José Policarpo recordam o fascínio dos jovens pelo santo. “No sistema educativo de D. Bosco, um dos elementos determinantes é, de facto, a amabilidade. D. Bosco exercitou a ternura de Deus de uma forma, a meu ver, profundíssima! Fez em si próprio a experiência do que significava ser órfão – como se sabe, São João Bosco ficou órfão aos dois anos. Porém, a sua disponibilidade ao dom de Deus e a reposta ao projecto que Deus lhe propunha encheu-o de tal maneira que cada um dos jovens recebeu de D. Bosco o amor que precisava. Por isso, não admira que os jovens sintam um certo fascínio e atracção por D. Bosco”, acentuou o padre Artur Pereira, provincial dos Salesianos.

 

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Jovens reuniram-se nos Salesianos de Lisboa

O colégio Oficinas de São José, em Lisboa, acolheu na manhã do dia 15 de Setembro, a Festa Juvenil com o ‘Pai e Mestre dos Jovens’. Organizada pela delegação da Pastoral Juvenil Salesiana, com a colaboração do Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa, a festa reuniu centenas de jovens representando todas as casas salesianas presentes no nosso país.

Diz a vida e obra de João Bosco, no site da visita das relíquias (www.salesianos.pt/reliquias), que “aos nove anos teve um sonho que lhe ficou profundamente gravado na mente por toda a vida, e que lhe revelou a sua missão: «Torna-te humilde, forte e robusto», disse-lhe uma senhora tão brilhante como o sol, «e aquilo que vês acontecer a estes lobos que se transformam em cordeiros, tu o farás aos meus filhos. Serei a tua mestra. A seu tempo tudo compreenderás». Os irmãos e a avó não deram importância à coisa, mas a sua mãe sentia misteriosamente a vontade do Senhor: «Quem sabe, talvez te tornes num padre»”. Ao longo da manhã, os elementos das diversas comunidades testemunharam como o sonho de D. Bosco se concretizou em cada casa. Esta sessão festiva contou ainda com momentos de oração, uma apresentação sobre D. Bosco e canções. “Esta é uma grande festa e D. Bosco não merece menos! Porque, de facto, se nós estamos aqui é porque São João Bosco sonhou e deu continuidade a esse sonho”, destacou o provincial dos Salesianos, padre Artur Pereira.

 

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“D. Bosco amou profundamente os jovens, porque amou a Jesus Cristo”

A despedida da relíquia de São João Bosco da Diocese de Lisboa aconteceu na manhã do passado Domingo, dia 16, com D. Joaquim Mendes a lembrar o fundador dos Salesianos como alguém que “renunciou a si mesmo para levar Cristo e o Evangelho aos jovens”. Na paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres, em Lisboa, o Bispo Auxiliar do Patriarcado lembrou o amor de São João Bosco pela juventude: “D. Bosco amou profundamente os jovens, porque amou a Jesus Cristo, o seguiu e o contemplou como o amigo dos pequenos e dos pobres. Daí a sua dedicação intensiva, perseverante, genuína e fecunda. Não se explica a predilecção radical de D. Bosco pelos jovens sem Jesus Cristo. Ele sentia-se chamado e enviado aos jovens para os conduzir ao encontro com Cristo”.

D. Joaquim Mendes, que é um bispo salesiano, sublinhou ainda que “a Igreja e, nela, muito particularmente a família salesiana é chamada a assumir aquilo que foi a opção fundamental de D. Bosco: acompanhar os jovens no seu percurso de crescimento e amizade com o Senhor Jesus e proporcionar-lhes uma experiência viva de Igreja, no compromisso concreto e na vivência da sua própria vida como vocação”.

 

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“Visita das relíquias foi a melhor maneira de começar o ano lectivo e pastoral”

Ao longo de três semanas, as relíquias de D. Bosco percorreram o Funchal, Mirandela, Bragança, Vila Real, Poiares, Viana do Castelo, Porto, Arcozelo, Mogofores, Ponte de Vagos, Setúbal, Estoril, Cascais, Monte Estoril, Manique, Lisboa, Vendas Novas e Évora. No final da peregrinação, a Província Portuguesa da Sociedade Salesiana mostra-se muito satisfeita com esta acção. “Fazemos um balanço muito positivo. Parece-me que foi a melhor maneira de começar o ano lectivo e pastoral. Ainda que inicialmente pensássemos: ‘Como é que vamos organizar estando no início do ano?’, a verdade é que as comunidades – quer das escolas, quer das paróquias – foram preparando, foram estudando, foram reflectindo!”, refere ao Jornal VOZ DA VERDADE o provincial dos Salesianos em Portugal. Para o padre Artur Pereira, “após as férias e o tempo de descanso, parece que alguma coisa rejuvenesceu” e “todas as comunidades salesianas levaram por diante” esta iniciativa. “Não faltaram jovens! Não faltou gente, mesmo em tempo que pareceria que as pessoas ainda estavam de férias!”.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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