Missão |
Irmão Manuel Dutra
Missão pelos mais pobres
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Manuel Feliciano Garcia Dutra é natural da Madalena, na Ilha do Pico, Açores. Nasceu a 29 de Outubro de 1944 e cedo sentiu a vocação missionária. A sua opção de vida levou-o até Moçambique e hoje cumpre a sua missão na Paróquia do Catujal.

 

Os primeiros anos de formação

Em 1957, depois de ter frequentado o Seminário Menor da Diocese, Manuel Dutra entra para o Seminário Padre Damião da Congregação dos Sagrados Corações, na Praia da Vitória (Ilha Terceira). Lembra que, nessa altura, começou a cumprir o seu desejo de gastar a vida pelos outros, ainda que de forma pouco esclarecida. Mas o caminho começava! Razões pessoais e familiares levaram-no a interromper os estudos, adiando a sua completa entrega à vida missionária. No entanto, o desejo que sentia em ser missionário mantinha-se e não o podia abafar. Tinha como exemplo a figura do Padre Damião e a sua entrega aos leprosos e tinha a certeza que também ele podia ser missionário, como religioso, na Congregação dos Sagrados Corações. Correndo atrás deste seu desejo ardente, em 1962, pede para ser admitido como candidato a irmão, na Congregação. E, assim, no ano seguinte voa até ao Ribatejo e dá início ao noviciado. A 25 de Setembro de 1967 faz a sua profissão perpétua, cumprindo assim o desejo que o consumia desde pequeno.

 

A missão em Moçambique

Em 1968 recebe a nomeação para Moçambique. Finalmente chegara o dia de partir.

A perda do pai de forma repentina e a partida do irmão mais novo para Angola, para aí cumprir serviço militar, foram dois momentos duros na vida do Ir. Manuel Dutra, mas que não abalaram a sua vocação e, nesses momentos difíceis, tendo o Pe. Damião como guia, responde ao seu chamamento e, em Fevereiro de 1969, chega a Moçambique, onde se instala na Missão de Chupanga, nas margens do rio Zambéze. Esta é uma missão que marca profundamente a sua vida. Aí dá início a um projeto agrícola, apoiando a fixação das famílias no campo e dá continuidade ao trabalho nos internatos, acompanhando mais de 250 crianças e jovens no seu percurso escolar.

Em 1971 deixa Chupanga e ruma até à Missão do Dondo, uma zona industrial próxima da Cidade da Beira, onde a Congregação geria a Escola de Artes e Ofícios. Mais uma grande mudança! Nos anos seguintes, com o aumento do número de alunos, arregaça as mangas e dá início à ampliação da Escola. Recorda a alegria de ver o trabalho avançar e de presenciar a conclusão do curso dos primeiros alunos da Escola de Artes e Ofícios, mas também a preocupação de sentir a guerra a aproximar-se.

Em 1975 Moçambique torna-se independente e o Ir. Manuel Dutra acompanha o processo e “esse tempo lindo em que os moçambicanos tomam as rédeas do seu país”.

 

Missão na Penha de França

Com 31 anos regressa a Portugal para estudar. Quer preparar-se melhor, estudar e regressar a Moçambique mais preparado para poder apoiar o desenvolvimento do país. Especializou-se na área da agricultura e frequentou, durante um ano, o curso de Produção Animal Tropical, na Escola de Agricultura Tropical, na Holanda. No entanto, o tempo forte de guerra civil que se vivia em Moçambique, adiaram o seu tão desejado regresso. A sua missão continua, agora em Lisboa, como responsável de Centro Social da Penha de França. Este foi o tempo de pôr em prática a opção pelos pobres, cuidando dos idosos da freguesia. Foi um percurso de dedicação e empenho em todos os sentidos e vivido com muita intensidade e entusiasmo.

 

Regresso a Moçambique

O tão desejado regresso a Moçambique acontece em Setembro de 1998. A alegria de voltar a ver a terra e poder sentir o crescimento do novo país, encheram-lhe a alma. No início, apoia a comunidade no noviciado e, em 2003, abraça um novo desafio: a construção e instalação do Instituto de Deficientes Visuais da Beira, que inaugura dois anos mais tarde.

No final de 2005, de novo em Portugal, um artigo publicado no Jornal Público com o título “Doentes Africanos Depositados em Pensões Obscuras” deixa-o profundamente inquieto e empenha-se até à exaustão para mudar esta situação. Depois de três anos de esforço e burocracia, consegue dar uma resposta humana à sua inquietação e cria o PADE - Projecto de Apoio a Doentes Estrangeiros, com o Apoio do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural. Durante dois anos vive uma experiência difícil, mas muito rica, de apoio aos doentes. Ao mesmo tempo que trabalha no PADE apoia e participa na formação de leigos missionários, enviados para as Missões da Congregação, em Moçambique. Hoje, a viver no Catujal, tem em mãos um novo grande desafio: dar apoio a crianças doentes, vindas da Guiné-Bissau, que podem ser tratadas ao abrigo do protocolo de cooperação entre os dois países. Apesar de tudo estar preparado para acolher estas crianças, por diversas razões este apoio ainda não está a ser concretizado. Mas, sustentado na perseverança do P. Damião, o Ir. Manuel Dutra acredita que as crianças guineenses irão beneficiar deste projeto.

A sua vida de intensa dedicação à Igreja, à missão e aos mais pobres pode ser sintetizada na resposta que um dia deu a uma senhora que o interpelou no mercado do Catujal: “A sua esposa deve ser muito feliz!”, disse-lhe. “Sim, muitíssimo!”, respondeu-lhe, “e eu também, depois de quase 48 anos de casamento”.

texto por Ana Patrícia Fonseca, FEC – Fundação Fé e Cooperação
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