O mundo ficou perplexo com a dimensão de caos e destruição causado pelo furação Sandy nos Estados Unidos. O drama é que, apesar de os holofotes das televisões e jornais só falarem praticamente disso, os países do Caribe foram também arrasados por esta devastadora tempestade. Em Cuba, a situação é tão dramática que a Igreja (nos) lança um pedido de ajuda.
No final da semana passada, as televisões mostraram as águas agitadas, as ruas desertas e bairros inteiros devastados, em ruína. As imagens, que nos entraram casa dentro, mostraram um cenário de horror. Mas mostraram também, nos dias seguintes, que os Estados Unidos estavam já a limpar a casa, a definir prioridades em matéria de auxílio, erguendo uma poderosa campanha de apoio aos cidadãos afectados pelo furacão Sandy. Mas, no meio da avalanche das notícias sobre o povo americano, pouco ou nada se disse sobre os outros países que sofreram também uma devastação enorme. É o caso de Cuba. “Estamos numa situação dramática”, diz D. Dionísio, Arcebispo de Santiago de Cuba, num apelo directo aos benfeitores da Fundação AIS em todo o mundo. “São imensos os danos registados. Dezenas de milhares de pessoas perderam as suas casas. Cerca de 85 % das igrejas da cidade precisam de intervenção urgente. Três igrejas ficaram completamente destruídas, outras tantas ficaram sem telhados”.
Devastação pura
Em Cuba, poucas horas antes de o furação atingir os Estados Unidos, o cenário era já de devastação pura. Mesmo os mais insensíveis ficaram desarmados perante tanta destruição. Só em Santiago de Cuba, 47 mil casas foram afectadas, das quais, 14.200 ficaram completamente destruídas. Milhares de hectares de campos agrícolas foram arruinados. Também o Bispo de Holguín, D. Emílio Aranguren, não esconde a frustração da impotência. Que fazer quando tantas pessoas precisam de ajuda e temos tão pouco para oferecer? As dioceses vizinhas apressaram-se em auxiliar naquilo que podiam. “Trouxeram-nos uma camioneta com alguma roupa, barras de cereais, garrafões de água, azeite, latas de sardinhas, velas e pacotes de leite em pó”. Foi uma ajuda fantástica para a Igreja ter alguma coisa para oferecer nas primeiras horas depois da devastação. Mas é muito pouco para quem perdeu tanto. “O mais importante, agora – diz ainda D. Emílio – é ajudar as pessoas a recomeçar, levá-las a descobrir que, mesmo no meio da destruição, há vida e, portanto, há capacidade de se refazer sonhos, recuperar o que foi perdido, mesmo que isso implique muitos sacrifícios”.
É preciso uma resposta imediata
Este apelo da Igreja de Cuba à generosidade dos benfeitores da Fundação AIS resulta, também, do receio de que tudo possa ficar por resolver tempo demais. As vidas das pessoas precisam de resposta imediata, mas depois acabam sempre por faltar meios para o resto. Para os templos, por exemplo. E Cuba sabe bem a capacidade destruidora destas tempestades. Há um rol imenso de igrejas e infraestruturas que continuam por recuperar ou mesmo reerguer em consequência da passagem pelo país de furacões igualmente devastadores nos últimos tempos. “A Igreja de Manatí e a de Velasco continuam em ruínas. A de Floro Pérez está ainda sem telhado. As Igrejas de Marcané, de Frank País ou de Barred, continuam à espera de serem reconstruídas”, recorda D. Emílio.
Cuba pede-nos ajuda
A burocracia do regime comunista não facilita estes trabalhos, mas a Igreja local, mais do que as autorizações governamentais para lançar as obras precisa de meios para o fazer. E como Cuba é um país pobre, sem a ajuda internacional nada se irá conseguir. Um dos dramas maiores por que passa a Igreja em Cuba é o muro de silêncio que se tem feito sentir sobre muito do que acontece no país. O furacão Sandy devastou Cuba, deixou um rasto de destruição no Haiti… mas foi nos Estados Unidos que os jornais e as televisões se concentraram. Nas dioceses de Cuba há um pungente pedido de ajuda. Eles estão sós. Sem a nossa ajuda, as suas Igrejas vão continuar sem telhado ou em ruínas. Abandonadas. Sem a nossa ajuda, a Igreja continua sem meios para acudir às pessoas que foram tão gravemente afectadas pela tempestade. Os Estados Unidos são um país poderoso, rico, com imensos recursos. Cuba vive fechada sobre si próprio, reinventando a sua sobrevivência todos os dias. Eles pedem-nos ajuda. Agora já não podemos mais dizer que não sabemos de nada. Vamos ajudar a Igreja de Cuba… ou não?
Saiba mais em www.fundacao-ais.pt
Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Há anos, Umberto Eco perguntava: o que faria Tomás de Aquino se vivesse nos dias de hoje? Aperceber-se-ia...
ver [+]
|
Pedro Vaz Patto
Já lá vai o tempo em que por muitos cantos das nossas cidades e vilas se viam bandeiras azuis e amarelas...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Vivemos um tempo de grande angústia e incerteza. As guerras multiplicam-se e os sinais de intolerância são cada vez mais evidentes.
ver [+]
|