Domingo |
À procura da Palavra
O mundo novo

DOMINGO XXXIII COMUM Ano B

"Quando virdes acontecer estas coisas,

sabei que o Filho do homem está perto.”

Mc 13, 29

 

O género apocalíptico é do agrado da ficção “à hollywood”. E alguns textos da Bíblia parecem sonhos de fantásticos argumentistas, capazes de alargar a imaginação de quem os escuta. A grande diferença é que são textos impregnados de fé, narrações vivas para apresentar a vitória de Cristo sobre a morte, para fortalecer a esperança e a perseverança nas dificuldades. Curiosamente, o que também me agrada na boa ficção científica é também essa dose de esperança e de resistência ao mal, por mais pavoroso que seja, que engrandece os personagens e faz o futuro tão parecido com o presente. Para além de “mortos-vivos” e batalhas inter-galáticas, de profecias sobre o fim do mundo,  vem ao de cima a sede de humanidade e de transcendência, que o amor e o sacrifício revelam.  

Chegamos ao fim do ano litúrgico sempre a olhar para um mundo novo. Não o “admirável” de Huxley ou das muitas ficções (e algumas realidades) imaginadas por outros. É este mundo, já transformado pela ressurreição de Jesus, mas ainda tão preso a tantos sinais de morte. Mas também o mundo pleno do amor de Deus, horizonte pleno de amor a que chamamos vida eterna. E se esse é dom absoluto da graça do Deus cheio de amor e bondade que se chama Pai, como Jesus carinhosamente nos ensina a invocá-l’O, este, tão cheio de convulsões, de avanços e recuos, é também responsabilidade nossa.     

O sol que escurece, a lua que deixa de brilhar, as estrelas que caem, são imagens dos poderes humanos que deixam de guiar a história. Ainda que pareçam definitivos, constatamos como são provisórios, como facilmente são substituídos e esquecidos. A presunção e arrogância que reveste a sede de poder é causa da sua própria destruição. Porque os seus frutos são opressão, domínio sobre os mais fracos, opulência e ganância. Nas imagens do evangelho de Marcos ressalta a vitória do poder de amar e servir que Jesus encarna. E que entrega a todos os que O seguem e acreditam n’Ele. Saber ler os sinais dessa transformação silênciosa, que surge como os rebentos da figueira é a atitude cristã. Em linguagem teológica dizemos: “ler os sinais dos tempos”! No fundo é descobrir essa presença serena de Deus na acção que o Espírito Santo realiza. Onde e em quem menos esperamos. Porque nós somos os actores deste mundo novo!

As surpresas são isso mesmo, surpresas. Mas, no inesperado, creio que está também o Esperado. Aquele que se identificou com o Noivo e é agora o Esposo, Aquele que veio, e vem, e virá porque “Deus ama de tal modo o mundo…”. E o mundo novo não é destruição mas transformação. Por isso, ao escutar estes textos apocalípticos no fim do ano litúrgico, gosto de reler Teilhard de Chardin: “O progresso do Universo, e especialmente do Universo humano, não é uma concorrência feita a Deus, nem um esbanjar vão das energias que ele nos deu. Quanto mais o Homem for grande, tanto maior a Humanidade será unida, consciente e senhora da sua força, – quanto mais bela for a Criação, tanto mais a adoração será perfeita, tanto mais Cristo encontrará, para acrescentamentos místicos, um Corpo digno de ressurreição.”

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