Especiais |
Antoine Sibertin Blanc (1931-2012)
“Chegou ao céu um grande organista para a liturgia celeste”
<<
1/
>>
Imagem

Antoine Sibertin Blanc tocou no órgão da Sé de Lisboa, na presença dos três últimos Cardeais-Patriarcas, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, D. António Ribeiro e o actual, D. José Policarpo. Dizia “sempre ter sonhado com Portugal”, pela proximidade do oceano, e acreditava ser  “mais apreciador de Portugal do que os próprios portugueses!”.

 

“Hoje os anjos do céu devem alegrar-se porque chegou lá um grande organista para a liturgia celeste”, afirmou o Deão da Sé Patriarcal, cónego Carlos Paes, sobre o falecimento, aos 81 anos, de Antoine Sibertin Blanc. No passado sábado, 17 de Novembro, faleceu, vítima de doença prolongada, o organista titular da Sé Patriarcal, há mais de 40 anos, um acontecimento que, segundo o Deão da Sé, “é o cumular de uma carreira desenvolvida com mérito, competência e o prestígio de um grande organista que dignificou a Sé”, disse ao Jornal VOZ DA VERDADE.

Segundo o cónego Carlos Paes “o professor Sibertin deixou o testemunho de uma pessoa extremamente delicada, discreta e muito fiel à sua missão”, apontando inclusive o recente restauro do órgão da Sé ao “seu empenho e dedicação”.  “Se hoje estamos a tocar num órgão restaurado deve-se a ele”, salientou o Deão do Cabido da Sé de Lisboa, observando, ainda, que o professor de origem francesa, “deixou vários discípulos e por sua indigitação veio substitui-lo o professor António Duarte, que aceitou o cargo”, revelou. Por isso, conclui o cónego Carlos Paes, “este momento é o cumular de uma carreira que agora é coroada no céu”.

Antoine Sibertin Blanc nasceu em Paris, França, em 1931, e chegou a Portugal 30 anos mais tarde. “Estava imigrado no Luxemburgo onde era organista em Saint Joseph”, contava ao Jornal VOZ DA VERDADE, naquela que foi a sua última entrevista publicada a 24 de Abril de 2011. “Cinco anos depois, senti vontade de ir embora. Foi então que um colega francês, que estava contratado para assinar pelo Centro de Estudos Gregorianos de Lisboa, desistiu e telefonou-me para saber se eu estava interessado naquele cargo… e eu estava interessado, evidentemente! Cheguei então a Lisboa em 1961, há cinquenta anos, e comecei a leccionar órgão e harmonia musical”.

Quando em 1965 foi inaugurado o órgão da Sé Patriarca de Lisboa, Sibertin Blanc apresenta a sua candidatura como organista e foi seleccionado. “Fiquei muito feliz, porque era o meu sonho ser organista de uma Catedral! Recordo-me de quando era novo, e estava em Paris, gostava muito de ir até à Catedral de Notre Dame ouvir os órgãos. A minha paixão nasceu desde então e nunca foi quebrada!”

Iniciou a sua missão na Sé de Lisboa, para acompanhar os ofícios pontificais, mas acaba por propor-se para tocar todos os Domingos nas celebrações da paróquia de Santa Maria Maior da Sé. “Lembro-me perfeitamente que a primeira celebração que tive foi precisamente no dia da inauguração do órgão da Sé! Houve vários concertos de inauguração e eu participei no terceiro”.

Durante 47 anos foi o organista titular da Sé e, por isso mesmo, passou muitas Páscoas, à frente do órgão da Catedral, o que, considerava “uma ‘efervescência’” . “É para mim uma grande animação!”, observava referindo o seu gosto pelo seu trabalho. “Eu gosto muito do que faço e estou ainda à procura de assimilar a liturgia. Nas celebrações, vive-se muito à base da improvisação, porque não se pode tocar obras, uma vez que as celebrações não são concertos. É muito difícil integrar obras escritas no meio de uma celebração litúrgica. É tudo à base da improvisação, por isso é muito interessante nesse aspecto”, referia distinguindo papéis. “Um organista litúrgico é muito diferente de um organista de concertos. Eu fui formado em Paris, na Escola César Frank e no Conservatório, e os estudos de organista eram em função da liturgia e de acompanhar a liturgia. Estava baseado sobre o acompanhamento, a harmonização e sobre a improvisação. Procurei também transmitir aos meus alunos este espírito litúrgico”.

  

____________________


Diocese de Lisboa agradece serviço e dedicação

A diocese de Lisboa expressou a sua gratidão pela dedicação de Antoine Sibertin Blanc, recordando o serviço que o professor de 81 anos prestou à diocese “com gosto, generosidade e paixão”. Na homilia da celebração das exéquias do organista titular da Sé, por quase 50 anos, o Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Joaquim Mendes, em representação do Cardeal-Patriarca de Lisboa, afirmou  a “estima, apreço e gratidão pela dedicação do senhor professor Antoine Siberti-Blanc à liturgia da catedral”, recordando que a Igreja acredita que ele vive agora em Deus, no seio da comunhão dos Santos, participando da liturgia celeste”.

texto por Nuno Rosário Fernandes; fotos por Diogo Paiva Brandão e NRF
A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES