Domingo |
À procura da Palavra
Testemunhar a verdade

DOMINGO DE CRISTO REI Ano B

"Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz.”

Jo 18, 37

 

Há duas histórias sobre a verdade que gostaria aqui de recordar. A primeira é a de um paraquedista que, desviado pelo vento do lugar onde devia aterrar, acabou por ficar pendurado numa árvore, junto a um caminho por onde passava alguém a quem perguntou: “Desculpe, pode dizer-me onde estou?” Respondeu-lhe o homem: “Está pendurado numa árvore!” “Hum… você deve ser clérigo!”, comentou o paraquedista. “De facto sou, como adivinhou?”, perguntou o homem. “O que me disse é verdade, mas não me serve para nada!”, concluiu o paraquedista. A segunda história é a de alguém, que estando de visita a um mosteiro, teve de sair de noite da sua cela e, ao voltar, não conseguiu encontrar a sua porta. Para não perturbar o descanso dos monges, esperou que os primeiros raios do sol lhe indicassem a porta dos seus aposentos. Não só a verdade precisa de ser eficaz como para a encontrar é necessária a paciência de esperar a luz.

Jesus revela a Pilatos que a sua missão é dar testemunho da verdade. O rei indefeso diante do representante do maior poder sobre a terra não exibe glórias nem faz ameaças. Apresenta-se como servo, nada impõe, simplesmente testemunha a verdade. A grande verdade de Deus tudo fazer por amor, até revelar que o seu poder é dar a vida. Por isso é rei sem corte nem exército, representante de todos os excluídos e esquecidos, porta-voz dos amordaçados e espezinhados. Não usa a verdade, oferece-a; não faz dela instrumento de condenação mas de salvação; não se apresenta como seu dono mas como sua testemunha.  

A sede de verdade é sede de justiça. E de todas as crises que estamos a sofrer, o desprezo da verdade é das que mais nos faz sofrer. As decisões que lançaram para o futuro encargos incomportáveis para mascarar as contas do presente, a impunidade de gastos e benefícios que exploraram o erário público, e o crescente sofrimento das vítimas mais indefesas, são consequência desta ocultação da verdade. Os Bispos portugueses na sua última nota pastoral “alertam quem tem a nobre missão de governar o nosso País para uma justa aplicação das medidas com vista à recuperação da economia e finanças, em que sejam poupados os que já vivem sob o peso de asfixiante austeridade. Sentem a importância da explicação, clara e prévia, das medidas que se tomam e das razões que as determinam.”

Na escuridão, ou na cegueira de olhos e de pensamento, dificilmente se alcança a verdade. E uma verdade que não produza mudança e compromisso é só meia-verdade. Se o segredo é escutar a voz de Jesus, como a escutamos verdadeiramente? Nas páginas da Bíblia e nas da vida! Não permanece tão actual o método evangélico de “ver, julgar e agir” que a Acção Católica assumia e renovava precisamente nesta festa de Cristo-Rei?!

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