Criou-se o mito de que a Igreja é rica. Que tem ouro escondido, acções bancárias e interesses em grandes indústrias, que é proprietária de muitos terrenos e prédios, que dariam até para pagar (pelo menos em parte) a dívida nacional.
No Vaticano, é verdade que existem a Capela Sistina, a Pietà e muitas obras de arte, antigas e contemporâneas, estas últimas ofertas dos próprios artistas aos Papas. Objetos, na sua grande maioria, expostos à admiração de todos, nos célebres Museus do Vaticano, e cuja preservação esgota o que é pago pelos turistas. É igualmente verdade que existe o célebre “banco do Vaticano”, de facto uma agência mais desenvolvida de um banco italiano, onde a transparência é cada vez mais a norma, como reconheceu há dias uma investigação internacional independente, e que se destina essencialmente à administração do próprio Estado do Vaticano e dos dinheiros das Congregações e Dioceses de países de missão. De resto, aos funcionários vaticanos (clérigos ou leigos) sempre os ouvi lamentar-se dos fracos vencimentos recebidos.
Quanto a Portugal, o Estado nacionalizou todos os bens eclesiásticos em 1834 e, logo depois, em 1911, juntamente com a expulsão das Ordens religiosas do país. Quando foi negociada a Concordata de 1940, a Igreja recusou qualquer apoio estatal, e nessa mesma atitude se manteve na recente Concordata de 2004, quando terminaram algumas das poucas isenções fiscais ainda existentes, tidas como forma de indeminização pelo que tinha sido anteriormente nacionalizado.
Hoje, da parte do Estado, aquilo que é recebido são apenas ajudas aos utentes de jardins-de-infância ou lares de idosos (como acontece em qualquer outra instituição que não seja propriedade de qualquer ente eclesiástico), algumas participações na construção de igrejas (menos que o recebido por qualquer outra associação cultural ou recreativa), ou na manutenção e restauro de alguma obra de relevante interesse público (aliás, muitas das igrejas são classificadas como monumentos nacionais ou de interesse cultural). Se algumas heranças foram deixadas à Igreja por parte de cristãos, a esmagadora maioria é hoje mais fruto de encargos e preocupações que de lucro.
Em Portugal, a Igreja vive do contributo dos fiéis que se unem para as obras de louvor a Deus, de caridade organizada ou de sustentação do clero. Quanto ao resto, mais não são que invenções de quem quer descredibilizar os cristãos, e de que estes não raras se deixam convencer.
Como outrora em Roma, com S. Lourenço, a verdadeira riqueza da Igreja, para além dos bens espirituais que Deus garantiu que não lhe faltarão, são ainda hoje todos aqueles que ela ajuda, material e espiritualmente, em silêncio, para que a mão esquerda não saiba o que faz a direita.
Pedro Vaz Patto
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