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Visita pastoral
Paróquia de Mira Sintra é convidada a sair porta fora
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Localizada nos arredores do Cacém, Mira Sintra nasceu há cerca de 40 anos. Aquela que foi, em tempos, uma comunidade viva, enfrenta hoje o desafio da deserção. Na paróquia o desafio é o de estar preparado para ser testemunha de Cristo.

 

Mira Sintra é uma comunidade com características "muito marcadas pela circunstância de ter sido criada simultaneamente com a construção do bairro". "Há cerca de 40 anos não havia aqui casas", refere o padre Ângelo Ferreira de Almeida, pároco há oito anos nesta paróquia da Vigararia e concelho de Sintra que se integra na zona pastoral pastoral de Agualva- Cacém. "Este bairro foi construído pelo ex-Fundo de Fomento da Habitação", explica o sacerdote claretiano lembrando que as casas que ali se encontram, no período do 25 de Abril, foram "totalmente ocupadas por casais muito novos, em principio de vida e oriundos de muitas partes do país". Essa será uma característica que marca esta freguesia e paróquia, sobretudo pela "grande diversidade". "Quem aqui chegou deparou-se com um desafio", refere o padre Ângelo lembrando que "não havia o mínimo de estruturas e foram as próprias pessoas que chegaram que foram criando essas estruturas, pondo à prova o espírito de iniciativa e a capacidade de empreendorismo". Esta situação foi uma ‘mais-valia’ para a comunidade porque, afirma o pároco, "tornou esta comunidade muito dinâmica e consciente de que estava nas suas mãos o destino deles próprios e da comunidade". Nessa altura, o dinamismo que se vivia em Mira Sintra também era pastoral, porque "ao que consta havia cerca de 900 crianças", sublinha o padre Ângelo.

 

Comunidade envelhecida

Actualmente "a comunidade está envelhecida", observa o pároco, explicando que se trata de um "envelhecimento simultâneo" porque os que antes eram casais novos estão hoje mais velhos. Os filhos dessas famílias cresceram e deixaram Mira Sintra, e os próprios habitantes "vão-se repartindo entre a 'terra' de onde procedem e o local de habitação". Em consequência desse envelhecimento, a própria paróquia manifesta sinais de mudança. "Nota-se, sobretudo, quando há um fim de semana maior e há uma deserção da população", releva o padre Ângelo referindo que "os momentos fortes liturgicamente são momentos em que há menor participação".

Em declarações ao Jornal VOZ DA VERDADE o padre Ângelo refere que "segundo os Censos de 2011, Mira Sintra tem cerca de 5300 habitantes". E desses, cerca de oitocentos têm menos de dezoito anos". No entanto, salienta que "a par deste envelhecimento há "um fenómeno de rejuvenescimento" que se deve à imigração, de forma especial vinda de países da África. Para a comunidade, este factor "constitui um desafio e uma interpelação, sobre o modo de integrar e inserir essas pessoas que chegam". "Este é um dado real e uma dificuldade real", frisa o pároco apontando também a mesma dificuldade na vida da paróquia. "É difícil encontrar alguém de cor que aceite ser catequista ou ser leitor", observa salientando, no entanto, que "da parte da população há abertura" a essa integração. "Talvez isso seja sinal de ainda não termos encontrado uma linguagem própria e a melhor forma de irmos ao seu encontro".

 

Evangelização, celebração e caridade

Segundo o pároco, a paróquia de Mira Sintra procura situar-se no âmbito do "tripé da pastoral" que tem como marcas "a evangelização, a celebração e a caridade". Na dinâmica da evangelização aponta a preocupação pela catequese das crianças e adolescentes que "é uma das prioridades". Por outro lado, considera, também, como prioridade a proximidade junto das pessoas, de forma especial "em momentos de procura de celebração de sacramentos". "Entendemos que são ocasiões únicas para criar esta relação de proximidade", sublinha. Comentando o facto de esta ser uma paróquia pequena, o padre Ângelo observa que a paróquia não dispõe de um funcionário para atendimento. "Sou eu e o diácono António Carvalho quem atende as pessoas e isso permite ter essa proximidade".

 

Catequese

Na Catequese da paróquia de São Francisco de Assis, em Mira Sintra, há cerca de 170 crianças e doze catequistas. Para o padre Ângelo esta é uma situação que manifesta "uma dificuldade no enquadramento dos jovens após o crisma, dado que não se tem conseguido dar uma resposta a essa continuidade", salienta. Na paróquia já existiu um núcleo do Movimento de Jovens Shalom e hoje há apenas um grupo de oito jovens acompanhado pelo diácono permanente. Existe um Agrupamento de Escuteiros do CNE com 75 escuteiros e 15 dirigentes. No entanto, releva o padre Ângelo, “dois terços destes jovens escuteiros vem de outras paróquias, o que representa uma dificuldade de integração na comunidade".

 

‘Pátio dos gentios’

Em frente à Igreja foi construída a Casa da Cultura, uma obra da Câmara Municipal de Sintra, e que segundo o padre Ângelo também constitui um desafio para a comunidade paroquial, abrindo portas para "participar  num 'pátio dos gentios'". "É uma ideia atraente porque obriga a estar preparado para levar algum contributo e não recuar", refere.

 

Pastoral Social

Na linha da pastoral social a comunidade apoia um centro paroquial  que é frequentado por 45 crianças, nas valências de Jardim de infância e ATL. Há grupos socio-caritativos que se ocupam da distribuição de alimentos, na visita ao domicilio e visita aos doentes. Nos últimos anos "tem-se verificado uma maior procura de ajuda junto da paróquia", e com o objectivo de responder às necessidades há iniciativas comuns de recolha de bens e donativos”.

 

Visita pastoral é porta aberta à relação

A visita pastoral que decorreu desde o passado dia 22 de Novembro até este sábado 1 de Dezembro, na paróquia de Mira Sintra, foi integrada na zona pastoral de Agualva, Cacém e Mira Sintra, paróquias geridas por sacerdotes claretianos. Em Mira Sintra houve encontros com os conselhos pastoral e económico e a visita a algumas instituições mais representativas da paróquia, o que foi "muito positivo pela valorização dessas instituições que tiveram na sua origem uma visão cristã", frisa o padre Ângelo. Idosos, reformados,  crianças, jovens, alguns deficientes receberam a visita do bispo auxiliar D. Nuno Brás que lembrou à paróquia o facto de esta ser "uma porta aberta" para uma relação de proximidade na pastoral", observa o padre Ângelo.

Para a paróquia de Mira Sintra, a visita pastoral "é um sinal de reconhecimento e significa um apelo para sair porta fora", reconhece o pároco observando que "o valor supremo da Igreja não é o ser atractiva mas fiel". 

Ao terminar esta visita pastoral, que percorre a Vigararia de Sintra até ao dia 6 de Janeiro, fica agora “o desafio a sair e dar testemunho”.  “Mas para que isso aconteça”, refere o pároco, “é necessário que a comunidade se robusteça ao nível do estudo da fé”. Nesse sentido a paróquia vai iniciar uma formação nos diversos grupos com o objectivo de conhecer e ir à fonte para "estarem equipados para um testemunho real".

 

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Perfil

Padre Ângelo Ferreira de Almeida nasceu em 1947 e é natural da freguesia de Romariz, no Concelho de Santa Maria da Feira. Entrou no Seminário Menor dos Claretianos, nos Carvalhos, em Vila Nova de Gaia, quando tinha onze anos. Em 1964 fez o noviciado em Fátima, professando os primeiros votos religiosos no final desse mesmo ano. Iniciou os estudos de Filosofia no seminário claretiano que existia no Cacém, e depois Teologia no antigo Instituto que tinha sede no Seminário da Luz (ISET). Em 1971 parte para Angola para um estágio pastoral, e dois anos depois termina regressa para terminar a Teologia no Porto. É ordenado padre em 7 de Julho de 1974 na Sé do Porto, e é desde logo destinado à formação. "Foi onde passei a maior parte do meu tempo de sacerdote", refere o padre Ângelo Almeida. Enquanto formador no colégio dos Carvalhos, o padre Ângelo parte para Roma para se especializar em Psicologia da Educação. Depois de regressar e de continuar a sua missão nos Carvalhos, o padre Ângelo desce, em 1994, até Lisboa para acompanhar o Colégio Pio XII, na Avenida das Forças Armadas. Em 2004 é enviado para a comunidade claretiana do Cacém, e nomeado pároco de Mira-Sintra.

texto por Nuno Rosário Fernandes; fotos por NRF e Paróquia de Mira Sintra
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