Gaudium et Spes, nº 22
1. “Na realidade, o mistério do homem só se esclarece verdadeiramente no mistério do Verbo encarnado. Efectivamente, Adão, o primeiro homem, era figura do que havia de vir. Cristo Senhor, novo Adão, na mesma revelação do mistério do Pai e do seu amor, manifesta plenamente o homem ao próprio homem e descobre-lhe a sua altíssima vocação. Não é de surpreender, por conseguinte, que as verdades até aqui expostas encontrem n'Ele a sua fonte e n'Ele atinjam a plenitude.
Ele que é a «Imagem de Deus invisível» (Col. 1,15), é também o Homem perfeito, que restituiu aos filhos de Adão a imagem divina, deformada desde o primeiro pecado. Porque n'Ele a natureza humana foi assumida, não absorvida, por isso mesmo ela foi elevada, também em nós, a uma dignidade sublime. Com efeito, pela sua Incarnação, o próprio Filho de Deus uniu-se de alguma maneira a todo o homem. Trabalhou com mãos humanas, pensou com inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-se verdadeiramente um de nós, em tudo semelhante a nós, excepto no pecado”.
Comentário do Cardeal-Patriarca
Apesar deste texto ser da última Constituição aprovada pelo Concílio, a “Gaudium et Spes”, meditamo-lo logo no início, porque ele define a centralidade de Cristo e a sua relação com todos os homens.
Porque é que só em Cristo se pode compreender o homem? Porque, na “sua Incarnação, o próprio Filho de Deus uniu-se, de alguma maneira, a todo o homem”. A redenção do homem, realizada por Jesus Cristo, que é o Verbo eterno de Deus feito Homem, é uma «recriação». Ele, o Verbo de Deus, por quem todas as coisas foram feitas, «recria», na redenção, todos os homens. Esta realidade está claramente afirmada por São Paulo na Carta aos Colossenses. Do Verbo eterno diz: “Ele é a imagem do Deus invisível… n’Ele foram criadas todas as coisas” (Col. 1,15-16). De Cristo feito Homem, diz: “Deus quis n’Ele habitar; por meio d’Ele reconciliou consigo todas as coisas, estabelecendo a paz pelo sangue derramado na Cruz” (Col. 1,19-20).
Todos os homens foram recriados em Cristo. Cada homem nasce com essa marca da nova criação no mais íntimo do seu ser. Os que vierem a acreditar e a conhecer Jesus Cristo, tomam consciência dessa sua realidade e são chamados a viver a vida, em união com Cristo, desenvolvendo essa semente da recriação do homem novo e devem anunciá-l’O a todos os outros, para que se conheçam mais profundamente.
Há, assim, algo de comum entre a Igreja e a humanidade. Todos os homens estão unidos em Cristo; tudo o que é humano interessa à Igreja. A fé em Cristo dá aos cristãos uma visão de esperança sobre toda a humanidade. A missão da Igreja é reconhecer essa marca de Cristo em todos os homens e tudo fazer para que todos eles possam um dia reconhecer essa profundidade do seu mistério, vivendo, na fé, a sua vida com Cristo e em Cristo.
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