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Isilda Pegado
Fé, o grande método da razão
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Neste Ano da Fé proposto pelo Papa, contou entre nós, com um evento realizado na arena do Campo Pequeno em Lisboa. Um Meeting cujo tema é “A fé, o grande método da razão” e foi organizado por jovens universitários do Movimento Comunhão e Libertação.

Com uma exposição guiada que se propunha explicar porque é que a Fé é um método de conhecimento que não prescinde e, informa a razão e, em paralelo um conjunto de conferências, que naqueles três dias levaram à arena do Campo Pequeno milhares de pessoas.

Tudo, ali dentro, e por dentro mostrava a presença viva da Fé na cidade, no meio dos homens, na alegria e também nas dificuldades do quotidiano.

Na abertura do Meeting foi feita a apresentação do livro do Papa – “A infância de Jesus” – lançado há poucos dias e que fará, a quem o ler, olhar de um modo novo o Advento e o Natal que se avizinham. Aliás, a obra do Papa é talvez a primeira resposta à provocação que encerra o título do Meeting – “Fé, o grande método da razão”.

O livro que o Papa agora nos dá a ler faz, ao longo das páginas essa verificação da vida de Jesus – A razoabilidade de cada descrição bíblica que cada um de nós pode encontrar e descortinar. A vida e vinda de Jesus é-nos confrontada com o que estava escrito no Antigo Testamento, e que já tinha sido dito pelo Profetas. “A infância de Jesus” é um texto onde razão e Fé se cruzam constantemente.

Num tempo em que o conhecimento parece ser adverso à Fé e, em certos círculos, advogar mesmo que razão e Fé são incompatíveis, o percurso da exposição do Meeting demonstra porque conhecer através da Fé é também um acto razoável e por isso um método da razão. Aliás, a ciência só progride porque no conhecimento científico os homens fazem fé em milhares de factos que já foram experimentados por antepassados. Isto é, a ciência hoje não experimenta porque acredita (fé) nos conhecimentos descobertos no passado.

Esta aliança entre fé e razão, tão querida ao Papa, neste Meeting tornou-se palpável nos diferentes testemunhos de gente de cultura, de religião, das ciências ou das artes que por ali passou. Ao contrário da cultura hegemónica que parece sufocar a nossa liberdade, a mensagem ali colhida foi de razão, descoberta, alegria no viver consequências de uma sã cultura de Fé.

Na verdade, e tal como escrito na exposição “A fé, em primeiro lugar, não é só aplicável a questões religiosas, mas é uma forma natural de conhecimento. Uma forma natural de conhecimento indirecto, mas uma forma de conhecimento! A razão é uma realidade viva, por isso, para cada objecto tem o seu método, desenvolve uma dinâmica característica, tem uma dinâmica para conhecer coisas que não vê directamente e que não pode ver directamente. Pode conhecê-las através do testemunho de outros: é o conhecimento indirecto por mediação”.

Sobre esta forma de pensar é famosa a frase de G.K. Chesterton que com muita ironia disse: “Curvando-me em cega credulidade, como é meu costume, diante da mera autoridade e da tradição dos mais velhos, supersticiosamente engolindo uma história que eu não posso testar no momento por experiência ou julgamento privado, sustento firmemente a opinião segundo a qual eu nasci em 29 de Maio de 1874, em Campden Hill, Kensington”. Tal como nós em relação ao seu próprio nascimento…

A ousadia e arrojo desta exposição é uma lufada de ar fresco que entra na nossa vida. E um novo nascimento. Vivamos o Advento com Fé.