Lisboa |
Paróquia de Rio de Mouro recebe Visita Pastoral
O desafio de formar cristãos
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Foi a última paróquia da Vigararia de Sintra a receber a visita pastoral. Rio de Mouro tem procurado caminhos para enfrentar a crise social, convidando também os cristãos a aprofundarem as razões da sua fé.

 

“Em Rio de Mouro há muita gente que tem prática religiosa, que vem de trás, mas que ainda não tem a fé muito formada. Ainda não sabem por que acreditam!”. O padre Carlos Gonçalves está em Rio de Mouro como pároco há onze anos e desde então que tem procurado que os cristãos da sua paróquia aprofundem as razões da sua fé. “Muitos dizem que acreditam porque os pais assim o ensinaram ou porque assim aprenderam, o que faz com que haja uma certa ignorância na fé”, lamenta este sacerdote ao Jornal VOZ DA VERDADE, explicando depois que o desafio da formação deve inquietar toda a Igreja. “Um dos aspetos fortes não só aqui em Rio de Mouro mas talvez em toda a Igreja é a formação dos cristãos! Fazer com que eles saibam por que acreditam, quais são as razões da sua fé, quais os motivos por que pertencem à comunidade cristã e por que aderiram a Jesus Cristo!”.

 

Variedade cultural

A paróquia de Nossa Senhora de Belém de Rio de Mouro é uma paróquia com cerca de 50 mil habitantes, composta por gente de muitas origens. “Temos uma grande variedade de pessoas e culturas. Há bastantes africanos, mas também muita gente que migrou do norte de Portugal para o sul, sobretudo das beiras, e que fixou residência aqui em Rio de Mouro. Os filhos já nasceram cá e por isso são rio mourenses! Depois, esta é também uma paróquia que recebeu gente nova de outras comunidades porque as casas eram mais baratas e as pessoas fixaram a sua morada em Rio de Mouro”, aponta o padre Carlos, salientando que “em termos de comunidade social é uma comunidade como as outras, em que por vezes há tumultos, mas não é nada contínuo”.

No que se refere à prática religiosa, segundo este sacerdote que tem a colaboração do padre Filomeno e do diácono permanente Carlos Martins, “é uma comunidade que ronda os 3% e que tem cerca de três mil pessoas de frequência dominical”.

 

O catequista deve ser testemunha da fé

A catequese tem sido uma aposta firme da paróquia de Rio de Mouro. Nos dez volumes estão inscritas mais de 700 crianças, jovens e adolescentes. “Ser catequista é uma vocação e é uma missão confiada a pessoas idóneas enviadas pela comunidade através do prior”, lembrou D. Joaquim Mendes, num encontro com catequistas das paróquias de Rio de Mouro e de São Marcos, na passada sexta-feira, 4 de janeiro. Sublinhando que “a catequese é uma experiência de fé em Igreja, na qual os pais têm um papel fundamental”, o Bispo Auxiliar de Lisboa lembrou os cerca de 50 catequistas presentes neste encontro que esta experiência deve ser “com as crianças e os pais”, porque a família “é lugar de educação da fé” e tem um “papel fundamental na iniciação cristã”.

D. Joaquim Mendes recordou, ainda, que os catequistas têm como “missão pastoral guiar e conduzir”, e por isso devem ser “testemunhas da fé”. “O catequista deve fazer experiência de empatia e coerência entre o que crê, ensina e vive”, frisou.

A necessidade de formação dos catequistas é, também, segundo o Bispo Auxiliar do Patriarcado, um aspeto importante para a missão que desenvolvem, pelo que “o catequista tem de ter o desejo da formação”. No âmbito do Ano da Fé, da celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II e dos 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, D. Joaquim Mendes deixou, ainda, a proposta de “intensificar a formação em torno do Catecismo da Igreja Católica”, o que, refere, “pode ser grande ajuda para a transmissão da fé”.

 

Bons animadores fazem bons grupos de jovens

A juventude tem sido também uma aposta constante do pároco de Rio de Mouro. O grupo paroquial de jovens integra cerca de cem elementos, mas, segundo o padre Carlos Gonçalves, podia reunir muitos mais jovens. “Tenho apostado muito na formação, mesmo na formação dos animadores de jovens, para que eles possam formar e evangelizar outros jovens”, aponta. Assumindo que esta aposta na formação “não tem dado muito resultado”, o padre Carlos lamenta “os conflitos, humanamente falando, que por vezes surgem nestes grupos de jovens”. Socorrendo-se de números concretos, este sacerdote questiona: “Desde 2002, temos crismado por ano cerca de 60 jovens, que depois desaparecem… Onde é que eles estão? É uma coisa que me impressiona! Parece que após os dez anos de formação religiosa terminou um ciclo, mas que não lhes trouxe a proximidade de Deus e da Igreja. Como é que nós os fidelizamos? Eu também não sei a resposta! Nós tentamos fazer, procuramos novos caminhos, mas não tem sido fácil”, expõe o padre Carlos Gonçalves.

Procurando inverter o afastamento de muitos jovens da Igreja, o pároco de Rio de Mouro tomou uma medida na catequese. “Aumentei em um ano a preparação para o Crisma, para que os jovens possam ganhar mais maturidade. Depois, a proposta é que eles continuem como um grupo”, resume, sublinhando o papel dos animadores: “Tendo bons animadores, nós conseguimos bons grupos de jovens!”.

Foi aos grupos de jovens e adolescentes das paróquias de Rio de Mouro e de São Marcos que D. Joaquim Mendes se dirigiu na tarde do passado sábado, 5 de janeiro, num encontro integrado na visita pastoral. “Ser cristão parte do encontro com Jesus! E ao encontro com Jesus, segue-se o caminho pessoal de fé! É um caminho que não se faz sozinho! Nós fazemos este caminho uns com os outros, em comunidade, em Igreja, juntos!”, frisou o Bispo Auxiliar. Dirigindo-se à juventude, D. Joaquim Mendes lembrou que “a Igreja é a comunidade daqueles que aderiram à pessoa do Senhor Jesus pela fé e pelo batismo, e se tornaram seus discípulos”. Por isso, garantiu, “a beleza da Igreja depende da beleza da nossa vida”.

Neste encontro, o Bispo Auxiliar do Patriarcado desafiou ainda os jovens a evangelizarem. “O Papa convida os jovens a serem missionários de outros jovens. Esta é a vossa missão! Partilhem com os outros a alegria de terem encontrado Jesus”, apelou.

 

Carências e respostas

As carências das populações fazem-se sentir também em Rio de Mouro. O centro social paroquial tem dois polos – um junto à igreja paroquial e outro na Serra das Minas –, ambos com as mesmas valências dirigidas à infância e à terceira idade: berçário, creche e pré-escolar, e também centro de dia e apoio domiciliário. “Vamos funcionando bem nos dois polos e damos uma resposta grande às carências que são muitas. Cerca de 90% das pessoas que atendemos é gente do 1º escalão da Segurança Social. Isto mostra como as possibilidades económicas são escassas”, salienta o pároco.

Além do centro social, a paróquia tem o grupo SAP – Serviço de Apoio e Partilha, que funciona com a ajuda do Banco Alimentar e de três hipermercados da zona, e que distribui cabazes com alimentos a mais de duzentas famílias. Paralelamente, a Câmara Municipal de Sintra estabeleceu um protocolo com diversas empresas que fabricam comida e que a paróquia recolhe e distribuí às famílias. Mais recentemente, a paróquia de Rio de Mouro aderiu às cantinas sociais, confecionando refeições no centro social que são depois levadas pelas famílias a um preço simbólico. “Com o acentuar da crise, neste último ano e meio, duplicámos o número de famílias a quem prestamos apoio”, sublinha o pároco de Rio de Mouro. 

 

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Bispo Auxiliar convida paróquia de São Marcos ao testemunho

A paróquia de São Marcos recebeu também a Visita Pastoral, que teve início no dia 30 de dezembro de 2012, dia da Sagrada Família, com D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, a presidir à Eucaristia numa igreja repleta de gente para participar na celebração.

Dia 2 de janeiro, num encontro com a Assembleia Pastoral da paróquia, o pároco, padre Kuzenza Daudi Faustine, apresentou um relatório da situação da paróquia, tanto a nível pastoral como económico, com D. Joaquim Mendes a desafiar os paroquianos à coresponsabilidade na paróquia. O Bispo Auxiliar do Patriarcado lembrou ainda que o mais importante é a evangelização, a catequese e o testemunho, sobretudo por parte das pessoas responsáveis pelas atividades paroquiais.

No final da visita pastoral, foi oferecida a D. Joaquim Mendes uma pequena lembrança com a imagem de São Marcos.

 

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Visita Pastoral deve suscitar o desejo de ir ao encontro de Cristo

O Cardeal-Patriarca deseja que a recente Visita Pastoral à Vigararia de Sintra, que decorreu de 3 de novembro a 6 de janeiro, leve os cristãos ao encontro com Cristo. “Termina hoje a Visita Pastoral à Vigararia de Sintra! E agora? Arrumamos os papéis, vamos para casa e dizemos ‘Esta já está’… Nós, os bispos, vamos para outra [a Visita Pastoral à Vigararia de Caldas da Rainha-Peniche] que começa no próximo Domingo [dia 13 de janeiro]? Não pode ser… porque a luz de Cristo continua! Continua a mobilizar-nos, a incomodar-nos, a chamar-nos! E a pergunta que se põe hoje é esta: nestas semanas intensas de visita pastoral, ficámos ou não com desejo de nos pormos a caminho? De irmos francamente, guiados pela estrela ou pela luz interior da fé, para um encontro novo com Jesus!”, sublinhou D. José Policarpo, na celebração conclusiva da visita pastoral, que decorreu no pavilhão do Hockey Club de Sintra. Nesta Eucaristia, que teve transmissão televisiva pela TVI, fizeram-se representar todas as 15 paróquias que compõem a Vigararia de Sintra: Agualva, Algueirão-Mem Martins-Mercês, Almargem do Bispo, Cacém, Colares, Mira Sintra, Montelavar, Pêro Pinheiro, Rio de Mouro, São João das Lampas, São Marcos, São Martinho de Sintra e Santa Maria e São Miguel de Sintra.

 

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Comunidades religiosas de Sintra sentiram-se próximas dos bispos

Vigário da Vigararia de Sintra há mais de cinco anos, o padre Carlos Gonçalves faz um balanço “muito positivo” da visita pastoral a esta vigararia, que decorreu entre 3 de novembro e 6 de janeiro. “Não conheço todos os pormenores da visita pastoral, porque não acompanhei em cada paróquia os diversos encontros, mas o feedback que fui tendo por parte dos meus colegas sacerdotes e das pessoas é que foi muito bom a proximidade do pastor com as comunidades, o terem ido a cada paróquia, estarem presentes na rotina do dia-a-dia de uma comunidade paroquial e viverem essa realidade”, refere ao Jornal VOZ DA VERDADE. Para este sacerdote, que é pároco de Rio de Mouro, a visita pastoral toca o sentimento de pertença: “As pessoas perceberam a presença do pastor, do bispo, e simultaneamente isso foi enriquecedor para elas porque sentiram que não estão sozinhas e fazem parte desta comunidade que é a Igreja”.

O padre Carlos Gonçalves lamenta apenas que a visita não tenha sido mais prolongada. “Se calhar foi pouco a nível espácio-temporal, mas foi o tempo que foi possível. Sendo a Vigararia de Sintra composta por 15 paróquias, os espaços foram poucos, mas há a vida da diocese onde os cristãos podem contactar com os senhores bispos”, destaca este sacerdote.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão, com Nuno Rosário Fernandes
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