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Visto do Rio
Território de amor
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A beleza de um local nem sempre se encontra nos postais que podemos levar para casa. A história que partilho convosco é um desses exemplos, casos de uma alegria genuína que é posta à prova diariamente. É simplesmente um verdadeiro postal de amor que apenas podemos guardar e levar no coração.

 

Na companhia de uma amiga, a Ana, trocámos um bom dia de lazer por um desafio diferente e, ao mesmo tempo, enriquecedor. Decidimos, a convite de alguns amigos locais, visitar o complexo de favelas da Maré, situado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. A dura realidade que muitos tentam disfarçar ou tapar é um exemplo muito forte de acolhimento, vida em comunidade e perseverança na defesa dos valores cristãos.

Por entre ruas defendidas por fações de traficantes de droga, e por entre um circular apressado e desregulado de pessoas e motos, chegámos, como simples visitantes, à primeira igreja que abre as suas portas para nos acolher. A igreja de São José Operário é uma surpresa no seu interior. A simplicidade e sobriedade do templo são representativos de uma paróquia que soube resistir, permanecer viva, mesmo quando o som das balas abalou o edifício. No seu interior, em lugar das tradicionais imagens esculpidas de santos, encontramos posters, pregados na parede, com a imagem de santos e beatos dos quais o exemplo pudemos testemunhar em vida ou cuja história é muito conhecida. É um rosto da contemporaneidade da Igreja que aproxima os valores da santidade bem mais perto das nossas vidas.

Ali perto, e depois de ficarmos surpreendidos com o acolhimento, ficámos também sem palavras ao ver a espantosa recepção que tivemos na casa paroquial. Esperava-nos, de braços abertos, o Pe. João Silveira da Silva, um homem de uma santidade digna de ser testemunhada e com uma entrega muito grande à conversão dos jovens. A sua ascendência portuguesa aproximou-nos ainda mais enquanto conversávamos. Fundador de uma comunidade católica que ali está implementada, conta-nos, com muito orgulho, qual o carisma da sua comunidade e fala-nos com maior confiança dos seus santos baluartes, entre os quais São Bento, lembrado também numa medalha que nos foi oferecida. Os testemunhos das conversas que escutei durante o almoço são relatos impressionantes de como pelas ruas por onde passámos caminham lado a lado a miséria, a guerra e o medo mas é a alegria o sentimento mais duradouro. São estes exemplos de entrega total e com apenas uma preocupação – a de fazer a vontade de Deus, que me deixam reconhecer ali a presença forte do Espírito Santo quase de forma ‘palpável’. É sobretudo aos mais pobres que o Senhor se manifesta e disso posso dar testemunho.

A visita continua por entre as ruas do complexo de favelas que alberga mais de cento e trinta mil pessoas, cuja proveniência é de difícil identificação. Paramos para conversar com alguns responsáveis da pastoral juvenil local e para dar um testemunho de como os jovens na Europa olham para esta Jornada Mundial da Juventude (JMJ), mostrando que existem milhares de jovens que partilham a mesma alegria da fé e depositam todos os esforços para se encontrarem no Rio em Julho. Dar testemunho da universalidade desta JMJ é essencial para os jovens brasileiros que se preparam para acolher quem chega de fora.

No final do dia participámos na Missa, celebrada pelo Pe. Padre Geovane Ferreira, na paróquia da Sagrada Família, que terminou com uma procissão muito expressiva por algumas ruas do complexo. Foi um momento para testemunhar a riqueza de mais uma comunidade cristã, onde se vive na simplicidade e com muitos jovens doando a sua vida ao serviço dos outros.

Esta aventura chegou ao fim e partimos com o coração bem cheio! Lembrei-me muitas vezes do que escreveu o apóstolo Paulo – “Onde abundou o pecado superabunda a graça!” (Rom 5, 20). Foi uma palavra que se tornou presente em muitos momentos que vivemos ao longo deste dia. Quem tem pouco, nada tem a perder porque tem espaço para acolher Deus que é tudo!

Mais importante do que saber da logística de um grande evento como a JMJ é ficar a conhecer o povo que se prepara para receber os milhões de peregrinos que chegarão em Julho ao Rio de Janeiro. Deixo-vos a certeza de que tudo farão para, na simplicidade, acolher da melhor forma o outro que é Cristo!

 

Filipe Teixeira

JMJ Rio2013

filipe.tex@gmail.com

 

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