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Isilda Pegado
Mães para sempre…
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1 – As civilizações ocidentais têm dedicado às crianças, nas últimas décadas, uma protecção e apoio que é de louvar. É bom dizer o que é óbvio, porque este facilmente se esquece. As Cartas e Declarações de Direitos das Crianças dizem o que seria óbvio, não fora este relativismo e condição humana que constantemente nos faz tropeçar nas maiores bizarrias. Porém, dizer a Verdade nunca é demais.

2 – Actuar em consonância com essa verdade é talvez o ponto mais delicado e que gera maiores dificuldades. Isto é, proteger crianças em risco é um Bem e um Valor para uma Sociedade, e para os mais carenciados em concreto. Porém, tão nobre atitude e política têm gerado na sociedade uma desconfiança e conflitualidade de que a comunicação social tem feito eco. E, como me diziam num destes dias – “Quase toda a gente tem uma “história” dessas para contar com indignação”.

3 – O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem só no último ano condenou em dois casos o Estado Português por ter retirado os filhos aos pais biológicos (vide. notícia jornal Público de 11/04/2012 e Diário de Notícias de 05/12/2012. Há quem diga que a nossa Lei de Promoção e Protecção de Crianças é tida como das “mais avançadas” de todo o mundo.

4 – Quem trabalha nestas áreas tem sobre si pesada responsabilidade. Desde as “Comissões de Protecção de Crianças e Jovens”, à Segurança Social, aos Tribunais de Família até às instituições de acolhimento, verificamos um desejo de Bem-fazer. Porém, os “casos” acontecem…

5 – Tirar o filho a uma mãe ou a um pai é um acto de enorme responsabilidade. É um acto de grande excepcionalidade que colide com os mais elementares direitos da própria criança. É um acto de grande conflito para a criança que um dia será jovem e adulto. Pese embora muitas vezes ditado pela natureza (incapacidade dos progenitores) vai contra a natureza – nega o sangue que corre nas veias.

Por isso, se tudo deve ser feito para proteger uma criança e para lhe dar um projecto de vida digna, também tudo deve ser feito para avaliar o que é “o melhor” para aquele cidadão em desenvolvimento.

6 – “Mães para sempre” (www.facebook.com/pages/M%C3%A3es-Para-Sempre/480199072015114 e http://maesparasempre.wix.com/maesparasempre) é uma singela forma de dar voz, partilhar conhecimentos, ajudar e apoiar mães, pais, familiares e amigos de crianças que são declaradas em risco. Em segundo lugar, propõe-se combater o individualismo e egoísmo instalados na Sociedade que facilmente descarta no Estado as tarefas que cabem a tios, primos, padrinhos ou simplesmente amigos daquelas crianças.

Em terceiro lugar, faz-se voto de que as instituições possam avaliar a totalidade dos factores, e não “meia realidade”. Os factos levados a um relatório nem sempre espelham a realidade. Mães, pais e crianças são vítimas da solidão em que se colocam. Omitem e escondem o que os rodeiam. Não é fácil vencer esta solidão. Mas vale a pena tentar.

7 – Em Portugal estão cerca de 10.000 crianças institucionalizadas. Quantas por falta de condições económicas e sociais? Será legítimo que o pobre, porque o é, não possa ter filhos? Em geral, as dificuldades económicas geram outros problemas – os conflitos com técnicos, a fuga à responsabilidade, as dificuldades de relacionamento, etc. Tudo são faces de uma só moeda.

Mães para sempre” não julga, nem aponta o dedo, mas deseja contribuir para uma sociedade mais solidária, mais justa e onde o Amor se escreva AAmor para que seja a primeira palavra de qualquer dicionário.