Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
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À partida, poderíamos pensar que esta crise que estamos a viver nos veio apanhar numa época em que aqueles que se viram arrastados (com ou sem culpa) para o seu turbilhão, teriam mais dificuldades em encontrar algum apoio que os ajudasse a solucionar os seus graves problemas. Penso em tantas famílias em que o pai e a mãe, de repente, se viram no desemprego e sem meios de subsistência para si e para os próprios filhos; e penso na aparência (ou realidade) de sociedade egoísta em que estamos mergulhados, onde cada um olha apenas por aquilo que é seu, e esquece o vizinho ou amigo que vive a seu lado. E penso igualmente no facto de os ofertórios paroquiais se terem ressentido da própria crise – e, com isso, a capacidade de ajuda das comunidades àqueles que passam necessidades.

No entanto, creio não ter encontrado nenhuma paróquia das que tenho visitado, onde não exista um grupo encarregado de cuidar daqueles que mais necessitam. Por vezes, são um “exército” bem organizado; outras vezes, famílias inteiras; outras ainda, apenas um pequeno grupo de reformados, quase já sem forças.

No entanto, fazem-no sem qualquer interesse pessoal, muitas vezes deixando a comodidade dos seus lares e o convívio com a sua família, ultrapassando-se a si mesmos. E todos com a consciência de que é necessário fazer qualquer coisa; que, o muito pouco que está ao nosso alcance é sempre muito e importante para alguém que necessita.

Nestes grupos, não existem querelas partidárias. E, se zangas ou rivalidades houve em alturas mais desafogadas, agora é necessário esquecer tudo isso, porque o tempo não admite quezílias. Há que dar, ajudar aqueles que verdadeiramente necessitam, sem olhar à sua proveniência. Em todos, mesmo aqueles mais organizados e com maiores recursos, percebi a sensação de que aquilo que fazem é pouco, perante as necessidades de quem lhes bate à porta.

Contudo, tenho a certeza de duas coisas: que a resposta concreta às necessidades de sobrevivência de muitos dos nossos compatriotas seria radicalmente mais difícil sem a generosidade de todos estes cristãos que se mobilizaram para ajudar nalguma coisa; e que esta crise que vivemos nos veio mostrar como é mentira que é melhor e mais humano quando cada um vive por si.

Entre muitas coisas que a crise nos pode ensinar, a necessidade de cada um olhar mais para os outros e de cuidar deles é, sem dúvida, uma delas. Aliás, creio que em nós, portugueses, essa realidade nunca foi completamente esquecida. Estava, quando muito, adormecida. Mas não esquecida.

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