|Lumen Gentium, nº 14|
“São incorporados plenamente na sociedade que é a Igreja, todos os que, tendo o Espírito de Cristo, aceitam integralmente a sua organização e todos os meios de salvação nela instituídos, e que, além disso, graças aos vínculos da profissão de fé, dos sacramentos, do governo e da comunhão eclesial, permanecem unidos no conjunto visível da Igreja de Cristo, o qual a rege por meio do Sumo Pontífice e dos Bispos. Não se salvam, porém, os que, embora incorporados na Igreja, não perseverarem na caridade, e que assim pertencem ao seio da Igreja não pelo «coração» mas tão-só pelo «corpo». Lembrem-se todos os filhos da Igreja de que a grandeza da sua condição não se deve atribuir a méritos, mas a uma graça especial de Cristo; se não corresponderem a essa graça, por pensamentos, palavras e obras, em vez de se salvarem, incorrem num julgamento mais severo”.
|Comentário de D. Nuno Brás|
A Igreja, como temos visto, é uma realidade ao mesmo tempo espiritual e visível. Mas, nela, nenhuma destas duas dimensões é acessória ou existe em paralelo à outra. Pelo contrário, são ambas essenciais e interpenetram-se. A Igreja é uma realidade espiritual porque encontra a sua raiz na ação do Espírito Santo no coração dos crentes; e é uma realidade visível porque esse mesmo Espírito atua em seres humanos, que não podem deixar de viver e comunicar uns com os outros de um modo visível e público, ou seja, não podem deixar de mostrar visivelmente ao mundo inteiro que vivem unidos a Cristo e aos irmãos. O mesmo é dizer, que são hoje o prolongamento do próprio Jesus, Verbo feito carne.
O n. 14 da Constituição Lumen gentium, que já começámos a procurar perceber na sua primeira parte, dirige agora a nossa atenção para o modo de discernir concretamente em que consiste ser membro da Igreja.
Em primeiro lugar, o Concílio recorda-nos a afirmação de S. Paulo, na Carta aos Romanos (8,9): “Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não lhe pertence”. Assim, a primeira condição para que alguém se possa dizer cristão é a de ter recebido o Espírito Santo, de lhe ser dócil, de O procurar acolher plenamente, em cada dia que passa.
Tudo o resto que, de seguida, o Concílio afirma como condição de pertença à Igreja deve, portanto, ser entendido como tendo esta primeira afirmação como pano de fundo. Ser cristão é, pois, em primeiro lugar, aceitar o dom e a ação do Espírito Santo, que a todos convida à plena configuração com Cristo.
Depois o Concílio, na sequência da reflexão teológica e do magistério anterior, apresenta as três condições de pertença plena à Igreja: o reconhecimento de toda a organização eclesial; o reconhecimento de todos os meios de salvação instituídos na Igreja por Cristo; e a permanência na própria Igreja.
Trata-se pois, não apenas de aceitar viver uma realidade interior e espiritual, mas de aceitar viver conduzido pelo Espírito Santo no seio de uma comunidade visível, organizada à volta da hierarquia, presença do próprio Cristo que, por meio do sacramento da Ordem santifica, conduz e governa a comunidade eclesial. Tal como se trata, igualmente, de aceitar os meios que Jesus instituiu na Igreja para a santificação de todos: os sacramentos, a Palavra de Deus, e a própria vida comunitária.
Logo de seguida, o Concílio chama-nos a atenção para o facto de que é necessário permanecer na Igreja. O mesmo é dizer: não basta, por um momento, fazer suas todas estas realidades; é necessário querer permanecer na Igreja, querer fazer parte dela ao longo de toda a vida.
Contudo – recorda ainda o Concílio Vaticano II, fazendo-se eco de S. Paulo (1Cor 13) – todas as realidades visíveis que nos mostram como membros da Igreja nada são sem a caridade, sem o amor de Deus que habita os nossos corações e nos torna atentos aos irmãos, olhando-os com o olhar de Deus, e amando-os com o próprio amor divino.
Finalmente, o Concílio chama ainda a nossa atenção para um facto: ser membro da Igreja não é simplesmente (nem primeiramente) fruto do nosso querer, mas é dom, é graça de Deus a que queremos corresponder – e que, por isso, longe de nos tornar superiores aos demais, nos dá antes maior responsabilidade na vida com Cristo e no testemunho constante e concreto, por palavras e obras, da morte e ressurreição com que Cristo nos salva.
Questões para refletirmos:
1. Como temos sido dóceis à ação do Espírito Santo?
2. Em que medida vivemos as três condições para a pertença à Igreja?
3. Como colocamos o nosso carisma ao serviço de todos?
4. Como percebemos que os carismas alheios são para o nosso bem?
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