Dois dias após ter anunciado a renúncia ao Pontificado, Bento XVI pediu orações aos fiéis. Na semana em que a Igreja iniciou a Quaresma, o porta-voz da Santa Sé explicou alguns aspetos da renúncia do Papa e o jornal do Vaticano lançou também dados novos. O Conclave está já em preparação.
1. Bento XVI explicou de novo as razões da sua resignação. “Caros irmãos e imãs, como sabeis, decidi renunciar ao ministério que o Senhor me confiou a 19 de abril de 2005. Fi-lo em plena liberdade, para o bem da Igreja, depois de ter rezada longamente e de ter examinado diante de Deus a minha consciência, bem consciente da gravidade dessa ato, mas também consciente de já não estar em condições de prosseguir o ministério petrino com aquela força que ele exige. Sustenta-me e ilumina-me a certeza de que a Igreja é de Cristo, o qual nunca fará faltar a sua guia e o seu cuidado. Agradeço a todos pelo amor e pela oração com que me tendes acompanhado. (aplausos). Obrigado, senti quase fisicamente nestes dias nada fáceis para mim, a força da oração que o amor da Igreja, a vossa oração, me traz. Continuai a rezar por mim, pela Igreja, pelo futuro Papa. O Senhor o guiará”, salientou o Papa, na audiência-geral da passada quarta-feira, dia 13, após ter sido acolhido com um longo aplauso pelos fiéis que enchiam a Sala Paulo VI.
2. Nesta audiência-geral, a penúltima do pontificado uma vez que na próxima semana têm lugar os exercícios espirituais no Vaticano, Bento XVI falou sobre o sentido do tempo da Quaresma, que se iniciava nesse dia: “Hoje, Quarta-feira de Cinzas, iniciamos a Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa. Estes quarenta dias de penitência recordam-nos os dias que Jesus passou no deserto, sendo então tentado pelo diabo para deixar o caminho indicado por Deus Pai e seguir outras estradas mais fáceis e mundanas. Refletindo sobre as tentações a que Jesus foi sujeito, cada um de nós é convidado a dar resposta a esta pergunta fundamental: O que é que verdadeiramente conta na minha vida? Que lugar tem Deus na minha vida? O senhor dela é Deus ou sou eu? De facto, as tentações se resumem no desejo de instrumentalizar Deus para os nossos próprios interesses, em querer colocar-se no lugar de Deus. Jesus sujeitou-se às nossas tentações a fim de vencer o maligno e abrir-nos o caminho para Deus. Por isso, a luta contra as tentações, através da conversão que nos é pedida na Quaresma, significa colocar Deus em primeiro lugar como fez Jesus, de tal modo que o Evangelho seja a orientação concreta da nossa vida”.
3. Na terça-feira, dia seguinte ao anúncio da renúncia de Bento XVI, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, fez um novo briefing com os jornalistas, garantindo que “o Papa está bem e muito sereno e não renunciou porque esteja doente, mas somente por conta da fragilidade decorrente do envelhecimento”. Em conferência de imprensa, o padre Lombardi confirmou todo o calendário de atividades do Papa até o dia 28 de Fevereiro, último dia do Pontificado de Bento XVI.
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé clarificou também as eventuais dúvidas que poderiam surgir sobre a presença futura de Bento XVI no Vaticano: "Conhecemos Bento XVI como uma pessoa de discrição e rigor extremos. Não é uma pessoa da qual se possa esperar interferências ou mesmo o mínimo incómodo para o seu sucessor. É uma situação nova, ter um Papa que renunciou dentro da cidade do Vaticano. Não creio que venha a ser um problema para o seu sucessor, pelo contrário, o sucessor sentir-se-á apoiado pela oração, pela presença intensa de amor e de participação por parte da pessoa que, melhor do que ninguém no mundo, pode entender e participar nas preocupações do seu sucessor”.
4. O diretor do jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, revelou na edição de terça-feira, dia seguinte ao anúncio da renúncia do Papa, que a decisão de renunciar ao pontificado foi tomada por Bento XVI após a viagem ao México e Cuba, que decorreu entre 23 e 29 de março de 2012. “A decisão do Pontífice foi tomada há muitos meses, depois da viagem ao México e a Cuba, e numa confidência que ninguém pôde infringir, depois «de ter repetidas vezes examinado» a própria consciência «diante de Deus», por causa da idade avançada”, pode ler-se no editorial do periódico, assinado por Gian Maria Vian.
5. São 117 os cardeais, originários de 47 países, incluindo Portugal, que vão eleger o Papa que vai suceder a Bento XVI. Ainda sem data definida para o próximo Conclave, o grupo de 117 cardeais com menos de 80 anos e direito a voto é constituído maioritariamente por europeus: Europa, 61; América Latina, 19; América do Norte, 14; África, 11, Ásia, 11; Oceânia, 1. Dos 117 cardeais, 17 têm menos de 65 anos de idade e 41 têm mais de 75.
Os países mais representados são a Itália (28 cardeais eleitores), Estados Unidos da América (11), Alemanha (6), Brasil, Espanha e Índia (5 cada). Portugal tem três cardeais – D. José Saraiva Martins, D. José Policarpo e D. Manuel Monteiro de Castro – sendo que somente os dois últimos poderão votar e ser eleitos Papas precisamente por terem menos de 80 anos.
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