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Refugiados sírios no Líbano são acolhidos pelas Irmãs do Bom Pastor
As lágrimas já secaram…
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…perante o horror. A cada dia que passa é mais grave a situação na Síria. O número de mortos já é incontável e o dos refugiados atingiu uma cifra inimaginável. As histórias que nos chegam deste país dilacerado pela guerra civil são arrepiantes. As Irmãs do Bom Pastor, no Líbano, não têm mãos a medir no auxílio que prestam aos refugiados. E pedem-nos ajuda.


As pessoas chegam a qualquer hora, mas normalmente ainda o céu está escuro. Caminham camufladas pela noite, preferem nem olhar para trás, para não serem surpreendidas pelo horror. Quando se fala no que aconteceu, todos recordam histórias trágicas, uma violência indizível, o barulho das explosões, o crepitar das armas automáticas, o silvar das bombas antes do grito final de dor, de medo, de morte. Na guerra civil que está a deixar a Síria num monte de escombros, a barbaridade atingiu um ponto de total loucura e o país é hoje como que um corpo dilacerado, como uma ferida enorme, aberta, que sangra e gangrena. Lá dentro estão pessoas que gritam, reclamam, pedem ajuda e morrem. 


O infortúnio contagia-se
Todas as guerras deixam as suas cicatrizes, mesmo àqueles que apenas abraçam os combatentes, que curam as feridas ou que secam as lágrimas. O infortúnio contagia-se. Em Beirute, no Líbano, na casa das Irmãs do Bom Pastor, é raro o dia em que não aparece alguém com os olhos toldados de horror, sangrando por dentro. São os refugiados. Muitos deles pertencem já a uma indefinida categoria humana: gente sem papéis, em fuga, sem pátria. Gente que é acolhida pela boa-vontade de uns tantos, de organizações humanitárias, da Igreja. Gente que não teria qualquer futuro depois de sua vida ter sido apanhada no meio de um conflito que os remeteu para a berma das estradas. As Irmãs conhecem bem as histórias do tempo em que a vida corria normalmente, em que havia projectos, as pessoas casavam, tinham filhos, viam-nos crescer, sorriam, iam à mercearia, ao pão. Ainda há algum tempo o mundo encolheu-se de horror perante a notícia do bombardeamento a uma fila de pessoas na cidade de Halfaya.


O bombardeamento

Estavam cerca de 1.000 pessoas na fila para comprar o pão. Tudo na cidade estava praticamente destruído. Nas ruínas da velha padaria, algumas pessoas afadigavam-se a dar corpo e cheiro à farinha que restava em sacos que sobreviveram aos combates. Lá fora, as pessoas pacientemente aguardavam a vez. Os aviões, Migs russos, chegaram num instante e num berro despejaram as bombas e a metralha. As fotografias mostraram os corpos despedaçados. Num instante, morreram mais de 300 pessoas. A guerra civil é a mais desumana de todas as guerras. A Fundação AIS apoia as Irmãs do Bom Pastor, no Líbano, junto à fronteira, que se afadigam numa luta contra o relógio nesta guerra insana que está a destruir a Síria. As Irmãs não têm mãos a medir. Nos últimos tempos, nas últimas semanas, parece até que envelheceram. Mesmo que não dormissem uma única hora por dia, mesmo que se desdobrassem por dez, por cem, não chegariam para acudir todos os que lhes batem à porta. Todos os que lhes pedem ajuda.


A história de Fedi, 8 anos

Há dias, acolheram um menino de 8 anos. Fedi vinha da escola, na cidade de Seir, quando ouviu ao longe o metralhar das armas. Um pouco mais à frente, o caminho que percorria todos os dias estava juncado de cadáveres. Eram tantos que teve de saltar por cima deles, já a correr, apavorado. Como se explica a uma criança de 8 anos tanto horror? Para muitos meninos, como Fedi, já não há mais lágrimas. Secaram. A violência, o sangue, a morte, como que se banalizaram. As Irmãs pedem-nos ajuda. O tempo corre contra elas. Depois de amanhã pode ser tarde. No Líbano, a ONU estima haver pelo menos 330 mil refugiados sírios. Na Jordânia, serão 320 mil. Na Turquia, 185 mil. No Iraque, o número já ultrapassa os 100 mil. No Egipto, fala-se em quase 50 mil. Na Casa das Irmãs do Bom Pastor, esses números já não impressionam. O que importa é ter capacidade de resposta para meninos como o Fedi, ou os seus pais, ou todas as pessoas que ali batem à porta e transportam consigo um impressionante calvário de horrores. Agora é a nossa vez. É à nossa porta que estão a bater. Pedem-nos ajuda. As Irmãs do Bom Pastor pedem-nos ajuda. Como podemos dizer-lhes que não? Será possível sequer dizer-lhes que não as vamos ajudar?

 

Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

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