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Páscoa na Sé Patriarcal de Lisboa
“Igreja será sempre o lugar da misericórdia e da conversão”
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O Cardeal-Patriarca de Lisboa apelou aos padres da diocese para a vivência do sacerdócio em comunhão, “como se cada um fosse responsável por todos os outros”, lembrando ainda que o celibato a que o sacerdote é chamado “dificilmente se aguenta concebido apenas como privação”.

 

O apelo surgiu na homilia da Missa Crismal a que D. José Policarpo presidiu, na Quinta-feira Santa, dia 28 de março, na Sé Patriarcal.  Dirigindo-se aos 330 padres que concelebraram, D. José Policarpo sublinhou a necessidade da atenção aos problemas dos outros sacerdotes. “Estejamos atentos aos problemas dos nossos irmãos padres, estendendo-lhe a mão e abrindo-lhe o coração”, referiu acentuando que “o amor renovado e despojado” a que o padre  é convidado “quer encontrar na comunhão de amor”, do presbitério “e de toda a Igreja diocesana a sua realização imediata”.

 

Da Eucaristia brota a exigência da santidade

Nesta celebração eucarística, onde os sacerdotes renovaram as suas promessas sacerdotais, o Patriarca de Lisboa destacou o sentido do celibato. “Exercendo ‘in persona Christi’ o seu próprio sacerdócio, a nossa vida é chamada a identificar-se com Cristo, a sermos santos como Ele é Santo”, recordou, salientando que “é sobretudo da Eucaristia que brota esta exigência de santidade”. “Que a nossa vida seja sempre digna da Eucaristia que celebramos”, observou.

Revelando que “o problema dos sacerdotes foi tema forte” nas reuniões que antecederam a eleição do Papa Francisco, o Patriarca de Lisboa recordou, seja aos sacerdotes seja ao povo que encheu a Sé de Lisboa, que “a Igreja foi ferida pelos pecados de tantos sacerdotes que escandalizaram o mundo”, mas nas mesmas reuniões “também foi dito que é preciso partir, com confiança, do testemunho de santidade e de vida entregue a Cristo e à Igreja, da maior parte dos sacerdotes que procuram viver a sua vida na fidelidade a Cristo e aos irmãos e que a Igreja será sempre o lugar da misericórdia e da conversão”.

 

Entusiasmo pela santidade

“Este tem de ser um momento de entusiasmo pela santidade, exigida pelo nosso ministério”, apelou D. José Policarpo, frisando, também, que o Papa Francisco “já deu sinais de querer conduzir a Igreja para esse tempo de esperança, de autenticidade e simplicidade evangélica, que leve não apenas a sanar os pecados, mas a evitá-los”.

Salientando que “o momento que passa” constitui “uma interpelação forte à fidelidade” dos sacerdotes, o Cardeal-Patriarca de Lisboa deixou um convite aos padres: “Neste Ano da Fé, aceitemos com firmeza que o sacerdócio é a principal concretização da nossa fé, não apenas da nossa mas de toda a Igreja, porque o sacerdócio de Cristo continuamente em ação através do nosso ministério, é o alicerce seguro da Igreja como sacramento de salvação (...). Nós somos, em nome de Cristo, os agentes da salvação”, lembrou.

Neste sentido, D. José Policarpo apontou “a prioridade à caridade pastoral”. “A nossa vida é chamada a ser, toda ela, uma expressão desse amor salvífico, dando um lugar privilegiado, no nosso coração, aos pobres, aos doentes, aos que sofrem. O Papa Francisco desafia-nos para essa prioridade”.

 

Celibato fonte de felicidade e alegria

Salientando que este amor pastoral “é a razão de ser” da consagração virginal a Cristo, D. José Policarpo garante que “o celibato dificilmente se aguenta concebido apenas como privação”. “Ele é uma nova maneira de amar”, refere, sublinhando que “participando da maneira de Cristo amar, leva-nos a dar uma qualidade e densidade nova ao amor com que amamos as pessoas, desafiando aqueles e aquelas que nos amam, a não o fazerem segundo a carne e o sangue, mas partilhando do Espírito do amor divino. Este amor é algo de novo que o mundo não conhece, mas que é fonte de felicidade e alegria”, assegura.

 

Radicalidade do amor redentor

Na celebração da Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa, D. José Policarpo destacou a mensagem de salvação que Jesus deixou pela Eucaristia e o gesto do lavar dos pés, onde se exprime “a radicalidade do amor redentor” de Cristo .

Relevando, assim, o facto de a história da humanidade e a do próprio Povo de Deus ter “um antes e um depois”, D. José Policarpo sublinhou que “Cristo encerra um tempo e abre um tempo novo”, e que “só Ele sabia que aquela Páscoa era a primeira da etapa definitiva da humanidade”. “Antes de Cristo toda a longa caminhada do Povo de Deus é um anúncio, uma preparação, o suscitar da esperança, o anunciar um futuro que só Deus conhece. Cristo é a realidade definitiva, todas as promessas se cumprem nele”, garante.

Reforçando a ideia de que através dos símbolos contidos na celebração da Ceia do Senhor, como “o cordeiro pascal, o pão repartido, a taça de vinho partilhada em sinal de comunhão na esperança”, é evocada a tradicional ceia pascal judaica, o Patriarca de Lisboa destacou que nesses símbolos há “algo de completamente novo e inesperado”: “Eles tornam presente realisticamente a realidade que anunciam”.

Nesta celebração da Ceia do Senhor, D. José Policarpo repetiu o gesto de lavar os pés, fazendo-o a doze seminaristas dos Seminários de Lisboa, explicando, antes, que “neste gesto Jesus exprime a radicalidade do Seu amor redentor”. Por isso, assegura: “Participar na Ceia Pascal, com Cristo, é deixar-se devorar por esse amor”.

 

A atualidade da cruz

Na Sexta-feira Santa, o Patriarca de Lisboa deixou um alerta aos cristãos frisando que  estes não podem “considerar a Cruz do Senhor como um facto ultrapassado”. Na homilia da celebração da Paixão do Senhor, D. José Policarpo relevou que a Cruz “tem a atualidade da redenção, de cada um de nós e de toda a humanidade e o ato redentor supõe sempre a morte e a ressurreição para uma vida nova”.

“A Cruz floresce em frutos de vida eterna, revelando a fecundidade do sofrimento redentor”, afirmou D. José Policarpo, observando que “a ressurreição, de que nós já participamos, não anula o sofrimento e a morte; revela-lhe o sentido pleno”.

Salientando que “na Eucaristia a Cruz preside sempre ao altar do sacrifício e a liturgia dá-lhe uma centralidade maior do que à própria reserva eucarística”, o Patriarca de Lisboa lembrou que “devemos procurar que, na colocação que damos à Cruz, ela nunca perca essa presidência do altar do sacrifício. Há uma fecundidade salvífica, atual, da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo”, referiu.

 

Dolorosa peregrinação da humanidade

Na noite da Vigília Pascal, D. José Policarpo lembrou a “dolorosa peregrinação da humanidade” nos tempos atuais. Na homilia que proferiu, naquela que é a maior celebração do ano, o Cardeal-Patriarca de Lisboa referiu que “a liturgia convida-nos, em noite de Páscoa, a olhar a humanidade com a esperança que a Páscoa de Jesus introduziu na História”. Neste sentido frisou que “todas as religiões, o diálogo cultural sincero, profundo e honesto, devem convergir numa nova sabedoria: Deus não é um pormenor da religiosidade pessoal; é o elemento decisivo da verdade da Criação e da humanidade”.

Acentuando que para todos os batizados, confirmados pela graça do Espírito Santo, “esta peregrinação é a busca da santidade”, o Patriarca de Lisboa frisou, ainda, que a mesma peregrinação “é um caminho de humildade e de verdade, abrindo-se à misericórdia de Deus, que perdoa e restaura”. Neste sentido, concretizou: “Esta Vigília contempla todas as etapas da peregrinação da humanidade. Nós temos a alegria de acreditar em Cristo ressuscitado e de fazer do nosso 'Aleluia' a exultação da História. A verdade da nossa fé e da nossa alegria ajudará todos os homens, nossos irmãos, a encontrarem a grandeza da sua existência”, concluiu.

 

Qualidade de vida não está no bem-estar material

No Domingo de Páscoa, o Patriarca de Lisboa apelou ao “respeito” pela vida e à superação de uma visão exclusivamente materialista da existência humana. “O respeito pela vida é o pilar decisivo de toda a civilização”, afirmou D. José Policarpo, na homilia da celebração a que presidiu na Sé Patriarcal de Lisboa.

Segundo o Cardeal-Patriarca, vive-se um tempo em que se faz da “qualidade de vida um valor a conseguir”, pelo que “não haverá qualidade de vida se reduzirmos esta ao bem-estar material”, frisou. “Ela só se consegue com um coração aberto à surpresa da ressurreição”, assegura.

Defendendo que quem se uniu a Cristo “nunca desiste de viver, nada o trava no anseio da vida em plenitude”, D. José Policarpo salientou que do triunfo de Cristo “sobre o sofrimento e a morte, recebemos força para fazer da nossa existência um dom. Todas as causas generosas para o bem da humanidade recebem dessa fonte a coragem da generosidade”, garantiu.

Referindo-se, por outro lado, à “beleza” da vida, visível em momentos como “o êxtase da mãe que dá à luz um filho, ou a exultação de um amor sincero que dá sentido a toda a existência e a inunda de felicidade”, o Patriarca de Lisboa referiu que esta “está sempre ligada à fruição da vida”. “A vida sente-se quando se descobre a vida do outro. A alegria da vida é sempre a alegria do amor”, observou. Neste contexto, D. José Policarpo salientou que “a fragilidade continua e a sua concretização mais grave é atraiçoar a vida, desistir da vida”, pelo que apelou à união com Cristo. “Unidos à ressurreição de Cristo, a nossa vida transforma-se progressivamente na força que nos aguenta, na alegria de viver, fazendo viver, descobrindo sempre novas manifestações desse dom supremo de Deus”.

 

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Diretos da Sé chegam às três mil visualizações

A transmissão de alguns dos momentos litúrgicos celebrados na Sé de Lisboa, durante a Semana Santa, tiveram mais de um milhar de visualizações. O Departamento da Comunicação do Patriarcado de Lisboa transmitiu em direto a Missa Crismal, na Quinta-feira Santa, e a oração de Ofício de Leituras e de Laudes na Sexta-feira e Sábado Santo, somando um total de 1229 visualizações, nos canais disponibilizados no Sapo Vídeos e MeoKanal, em 210021.

Durante o tempo da Quaresma, o mesmo departamento do Patriarcado de Lisboa, em colaboração com o Grupo Renascença transmitiu, também em direto, as Catequeses Quaresmais proferidas ao Domingo, na Sé de Lisboa, que, segundo dados recolhidos, tiveram mais de milhar e meio de acessos. Em diversas paróquias da diocese, as mesmas catequeses foram projetadas localmente para centenas de pessoas.

No início da Quaresma e em parceria com o Serviço Meo e Portal Sapo, o Departamento da Comunicação lançou o novo MeoKanal – Patriarcado TV – que até ao momento já alcançou 5667 visualizações. Neste canal estão disponíveis, 24 horas por dia, diversos vídeos produzidos pelo respectivo departamento e Jornal VOZ DA VERDADE.

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