Missão |
Celina Fernandes
“Repartindo a nossa vida seremos fermento de Deus”
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Celina Maria das Dores Fernandes nasceu a 7 de Agosto de 1957 e foi professora do 1º Ciclo. Hoje está aposentada, de coração posto na Missão e nas suas duas filhas, de 26 e 30 anos.

 

Celina nasceu numa família rural, humilde, os seus pais eram agricultores, e tem 5 irmãos mais novos. Teve, recorda, uma educação baseada em valores que se identificam com a Igreja Católica. O seu pai pertencia à Ação Católica Rural, partilhando com a família o espírito ali vivido, incentivava os filhos a participar nas suas atividades e formações. “Cresci participando ativamente nas dinâmicas e preceitos religiosos. Os princípios foram celebrados, sentidos, tendo Cristo como meu modelo de vida”, conta-nos Celina. “Em família, continuamos a celebrar a ‘vida’, cada Natal, cada aniversário, como forma de perpetuar o amor testemunhado pelo nosso pai, já falecido (2007). Ele valorizava a união e reunião como ponto de diálogo e de comunhão, de crescimento perante as nossas vivências.”

 

Missionários uns dos outros, solidários nas alegrias e tristezas

Ao nível profissional dedicou-se aos mais novos, a lecionar no 1º Ciclo. Trabalhou em diferentes localidades e desempenhou cargos pedagógicos e de coordenação. O mais gratificante, diz, foi “o ensino de proximidade com os alunos, com quem fiz questão de partilhar os valores cristãos: de responsabilidade, respeito, valorização de cada um e do ambiente, solidariedade e de serviço aos outros. Foi um percurso de aprender a aprender, numa reciprocidade de saberes.” Envolveu-se em diversos projetos de âmbito social e humanitário. De todos destaca o que se prende com o seu “envio”: Solidários com Timor-Leste, onde esteve de 2001 a 2003.

 

Abraço à missão

Abraçou a Missão em Timor-Leste porque foi escutando o seu coração, alimentado pela força da Palavra que nos impele a ser “testemunhas… até aos confins do mundo” (At 1,8), e a fazer como Ele: “Como eu fiz, fazei vós também.”

Ao nível profissional, ficou também a vontade “remota” de conhecer o país, pois, como professora, tendo aderido ao citado projeto de Cooperação, onde a dimensão de partilha e solidariedade com o seu povo, se cruzaram durante mais de dois anos com a escola de Liquiçá, criou uma ligação com este povo. Como leiga tornou-se “parceira”, “semeadora de esperanças” na grande tarefa que é a edificação do Reino. Tal como Jesus se “inculturou”, no seio dos povos, para, vivendo como eles e com eles saber partilhar as suas vidas, também Celina o tentou fazer, de uma forma responsável, no desafio da pastoral missionária.

 

Franciscanos Capuchinhos são a segunda família

Desde os seus avós que foi prática familiar a partilha com os Irmãos Franciscanos, pela simplicidade e proximidade com os mais desprotegidos, o respeito pela criação e valores ecológicos. Teve um tio padre Franciscano, que se entregou, de alma e coração, ao próximo e que muito contribuiu para a sua opção. “A fraternidade dos Franciscanos, Capuchinhos em Laleia foi a minha segunda família, o meu pronto-socorro espiritual e logístico. Com eles aprendi a servir, com alegria, humildade e muita generosidade, vencendo as barreiras e as adversidades, duma forma persistente.”

“Ir em missão” não foi e não é uma questão de espaço ou lugar para Celina mas um modo de vida, de alguém para alguém, de si para cada timorense com quem partilhou vivências e saberes. Como alguém referiu um dia, lembra Celina, “a missão deve ser a Liturgia da Humanidade”. Assim guia a dimensão da sua vida, como cristã, estendendo-a, ligando-a ao próximo. Decidiu, pela primeira vez sair, ir em “Missão” além- fronteiras, até Timor-Leste.

Descobriu este trilho enquanto fazia voluntariado na Fundação João XXIII, ligada à Ação Católica Rural, no serviço da biblioteca. Foi contactada por mail, pela Fundação, que, em rede com a FEC, partilhou o pedido de voluntários, feito pelos Capuchinhos, projeto denominado “Leigos Capuchinhos em Missão”, o primeiro projeto missionário alargado a leigos.

 

 “Todos os caminhos de Deus são de partida e de chegada”

Depois de uma missão de dez meses e de uma viagem de 20h de avião, é tão grande a riqueza que o difícil mesmo é contar, não há nada como a viver. “A Missão foi como a chuva: onde cai, não volta. Não ficamos os mesmos, o que vivenciamos, os problemas e adversidades que enfrentamos, tanto ao nível pessoal como de grupo-missão, amadurecem a nossa personalidade e dão-nos uma outra dimensão, uma revalorização de sentimentos, espaços, necessidades básicas… Faz com que exclamemos muitas vezes: Meu Deus e meu Tudo!”

Celina agradece a oportunidade de ter partilhado um pouco da sua experiência, a missão, que se traduz num compromisso, num envolvimento fraterno que fortaleceu o seu crescimento na Fé.

texto por Vanessa Furtado, FEC – Fundação Fé e Cooperação
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