Ano da Fé |
Acreditar com o Concílio
A Igreja Santa, chamada à santidade
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|Lumen Gentium, nº39|

“A Igreja, cujo mistério o sagrado Concílio está a expor, crê que é indefectivelmente santa. Com efeito, Cristo, Filho de Deus, que com o Pai e o Espírito é proclamado «o único Santo», amou a Igreja como Sua esposa, entregando-Se por ela a fim de a santificar (cf. Ef 5,25-26), uniu-a a Si como Seu corpo e enriqueceu-a com o dom do Espírito Santo, para glória de Deus. Por isso, todos na Igreja, quer pertençam à hierarquia quer façam parte da grei, são chamados à santidade segundo a palavra do Apóstolo: «Esta é na verdade a vontade de Deus: a vossa santificação» (1Ts 4,3; Ef 1,4). A santidade da Igreja manifesta-se incessantemente e deve manifestar-se nos frutos da graça que o Espírito Santo produz nos fiéis: exprime-se de muitas maneiras, em todos aqueles que, de harmonia com o seu estado de vida, tendem à perfeição da caridade, edificando os outros; mas, de modo particular, evidencia-se na prática dos conselhos que habitualmente se chamam evangélicos. Esta prática dos conselhos que, por impulso do Espírito Santo, muitos cristãos abraçam, quer privadamente quer numa condição ou estado reconhecidos pela Igreja, é e convém que seja, no mundo, um esplêndido testemunho e exemplo da mesma santidade”.

 

|Comentário de D. Nuno Brás|

Neste nosso percurso, doutrinal e espiritual, que ao longo do Ano da Fé temos vindo a realizar, acompanhados e conduzidos pelo Concílio Vaticano II, continuamos nesta semana a contemplar o mistério da Igreja, ajudados pela Constituição Lumen gentium.

Escutamos muitas vezes – de um modo apressado e quase mesmo simplista – dizer que “a Igreja somos nós”, como se a Igreja fosse um mero ajuntamento de pessoas reunidas por uma mesma convicção.

Com o Papa Francisco, queremos, claramente, dizer que isso não é assim. Nem assim o Concílio pensou a Igreja. Pelo contrário. Como já vimos várias vezes, a Igreja encontra a sua raiz, o seu fundamento em Jesus Cristo – e, em Cristo e por Sua causa, em comunhão com Ele, os batizados formam o novo Povo de Deus. Sem Cristo, sem o mistério da Sua Cruz, a Igreja não seria mais que “uma ONG piedosa”.

Percebemos assim que, antes de ser marcada pelo pecado dos seus membros – o pecado de cada um de nós, que desfigura o rosto da Igreja, o rosto que Cristo lhe deu e por quem Ele se entregou – antes de ser marcada pelo pecado dos seus membros, a Igreja é, primeiramente, marcada pela santidade de Deus. A Igreja é santa porque nela habita o Espírito Santo de Deus; porque, como diz o texto conciliar que esta semana nos propomos estudar e rezar, Cristo a tomou como esposa; a uniu a Si como Seu Corpo e a enriqueceu com o dom do Espírito Santo.

É por isso que, na Igreja, a nossa primeira vocação – vocação universal e a que ninguém pode dizer que não é chamado – é a vocação à santidade. Nós, os batizados, apesar dos nossos pecados, das nossas fragilidades, das nossas incoerências na vida e no testemunho que oferecemos ao mundo sobre Jesus ressuscitado, somos membros de Cristo. Foi Jesus quem nos chamou, quem nos quis como parte do Seu Corpo: é um dom imenso, que nunca poderemos agradecer completamente, é certo, mas a que não podemos deixar de tentar corresponder em cada dia que passa.

A santidade de Cristo deve, portanto, manifestar-se em nós. Ser santo é deixar que na nossa vida concreta se manifeste a santidade de Deus: a nossa primeira tarefa como cristãos é a de mostrar ao mundo como Cristo é santo, como Cristo quer estar com todos e a todos quer transformar – o mesmo é dizer: a todos quer oferecer a vida divina.

Sabemos, por experiência, como é difícil corresponder a esta vocação universal à santidade. E, no entanto, sabemos também por experiência como a vida de Deus em nós nos surpreende e nos ajuda a ir além das nossas simples forças humanas: é Deus que se manifesta no concreto das nossas vidas; que manifesta o seu amor por nós e, por nosso intermédio, o seu amor por toda a humanidade.

De um modo particular, este caminho de santidade manifesta-se na vivência dos três “conselhos evangélicos”: a pobreza, a obediência e a castidade. Vivendo-os, o cristão, qualquer que ele seja, deixa que seja Deus o seu único e verdadeiro bem; Aquele que tem na sua vida a palavra definitiva; e que é o seu único amor.

São estes “conselhos evangélicos” que aqueles que, tendo escutado o apelo do Senhor, lhe consagram a sua vida, procuram viver no seu quotidiano, seja individualmente, seja nalguma congregação ou Ordem religiosa.

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